Céus dos EUA: por que ainda tão cheios?

Notícias

Por Rafael Castro

Como um bom #aviationgeek que sou, frequentemente acesso o site ou o app do Flightradar24 para dar aquela “espiadinha” nos céus dos EUA e pelo mundo afora. Algo que tem me chamado muito a atenção é a quantidade de aeronaves ainda voando nos Estados Unidos quando comparamos com outros países, como o próprio Brasil que teve uma diminuição drástica no número de voos, desde o início da pandemia do novo coronavírus. Realizei algumas pesquisas, sobretudo na imprensa americana, e eis o que encontrei.

voos nos EUA

Aeronaves sobrevoando os Estados Unidos – 02/04/2020 às 15 horas (horário de Brasília). Imagem: Flightradar24.com


Números mundiais

Comecei a minha pesquisa querendo entender como isso tudo está acontecendo em termos mundiais. Identifiquei que o número de voos tem caído em larga escala. De acordo com os dados do próprio Flighradar24, o número de voos comerciais “trackeados” por eles em todo o mundo há 1 mês (02/03/2020) foi de 105.611.

Esse número começou a cair de forma mais acelerada a partir do dia 14/03 quando foram registrados 89.302 voos, simplesmente 18.767 voos a menos em relação ao dia anterior. A data coincide com o início da proibição da entrada de estrangeiros nos Estados Unidos que tivessem visitado algum país europeu do Espaço Schengen nos 14 dias anteriores à viagem.

Ainda que a medida não tenha sido aplicada aos cidadãos americanos e aos residentes permanentes, certamente a medida trouxe um grande impacto no número de voos entre EUA e Europa.

Apesar de uma pequena oscilação, a curva da média diária de voos comerciais é decrescente e o menor número desde o início da pandemia do novo coronavírus até o momento foi registrado em 29/03/2020 com somente 34.594 voos, o que representa uma diminuição de 62% em relação ao início do mês de março.


Mas e nos EUA?

O governo americano chegou a cogitar, em um determinado momento, que restringir o transporte aéreo doméstico fosse uma boa opção para frear a contaminação pelo novo coronavírus, sobretudo nas áreas que estivessem mais afetadas. Entretanto, nenhuma restrição de voos foi anunciada, nem mesmo para o estado de Nova York que concentra o maior número de casos da COVID-19. A única coisa que o governo tem feito nesse sentido é reforçar a mensagem de que os americanos não devam fazer viagens que não sejam essenciais.

Quando questionado pela imprensa sobre o possível fechamento dos aeroportos, o presidente Donald Trump disse não haver intenção de fechá-los uma vez que eles são necessários para voos de emergência, por exemplo. Entendo que essa justificativa é bastante plausível e é um dos motivos para que os aeroportos sigam abertos aqui no Brasil também.

Como no sistema americano os estados possuem legislação própria, alguns estão restringindo a chegada de viajantes de determinados lugares a partir da imposição de quarentena. No Alaska e no Havaí, por exemplo, todos os passageiros que chegam devem ficar em auto-quarentena por 14 dias. Já a Flórida, passou a exigir a quarentena daqueles provenientes dos estados de Nova York, Nova Jérsei e Connecticut, devido ao alto número de pessoas contaminadas nesses estados.

Portanto, teoricamente, as empresas aéreas americanas podem voar o quanto quiserem e para onde quiserem pelos céus dos EUA!


Há ou não redução de voos nos céus dos EUA?

Por mais que, ao olharmos o mapa do Flightradar24, ainda vejamos um número enorme de aeronaves sobrevoando o espaço aéreo dos EUA, a resposta é SIM. E não por uma imposição do governo, mas por iniciativa das próprias empresas aéreas tendo em vista a diminuição da demanda.

De acordo com informações do USA Today, a redução do número de voos comerciais nos EUA começou lentamente, mas muitas das principais companhias aéreas estão agora operando ou planejam operar cerca de 50% dos seus voos usuais, já que a demanda por viagens caiu devido à introdução da prática do home-office e por conta do cancelamento de eventos. Lembre-se, porém, que estou tratando do maior mercado de aviação do mundo, então todos os números são bastante inflados.

A Southwest Airlines, por exemplo, informou que irá operar somente 2.000 voos diários durante o mês de maio. Aí você pode me perguntar: somente? Pois é, a Southwest, em tempos normais, tem mais de 4.000 voos diários por todo os Estados Unidos. A empresa já estacionou ou pretende estacionar 50 aeronaves da sua frota.

O USA Today informou também que nos três aeroportos de Nova York, o número de voos diminuiu acentuadamente. Na quinta-feira (26/03), o número de vôos diários chegando e saindo do JFK era de 515, contra 1.212 um ano atrás. LaGuardia teve 380 voos,  versus 1.268 em 2019, e Newark, 495 versus 1.145. Assim, o volume de passageiros nos três aeroportos caiu 85% na semana passada em comparação com a mesma semana em março de 2019.

O TSA (Transport Security Administration), órgão responsável pela segurança nos aeroportos americanos, informou que inspecionou apenas 203.858 passageiros e tripulantes de companhias aéreas na quinta-feira (26/03), ante 2,48 milhões no mesmo dia do ano anterior. Isso representa um declínio de quase 92%. Os números diários caíram para menos de 200.000 pessoas no fim de semana e para menos de 155.000 na segunda-feira (30/03).

Os relatos de quem viaja pelos Estados Unidos no momento são todos de voos super vazios, o que coloca em questionamento a viabilidade econômico-financeira dessas operações, ainda que o governo americano tenha anunciado que parte do pacote de benefícios de 2 trilhões de dólares será destinada às empresas aéreas que continuarem voando.

Em conversa com um seguidor no Instagram, ele me questionava: será que para uma empresa aérea americana, com despesas e receitas em dólar e com uma frota mais antiga (consequentemente com custo fixo mais barato), dado o cenário do petróleo à preço de água, está compensando mais voar essas aeronaves pelos céus dos EUA e trazer o mínimo de receita do que deixá-las paradas gastando com taxas aeroportuárias?

Do ponto de vista econômico, o questionamento faz sentido uma vez que essa conta não fecha. Por que operar tantos voos relativamente vazios ao invés de operar menos voos que, ainda que respeitando o espaço maior entre os passageiros, estivessem mais cheios? É claro que isso só faz sentido quando pensamos economicamente, pois se olharmos para o lado humanitário temos mais pessoas transitando, inclusive tripulantes, gerando maiores possibilidades de circulação do novo coronavírus.


Você acha que o governo americano deveria impor uma diminuição do número de voos por lá, como foi feito aqui no Brasil pela ANAC?

Alertas no WhatsApp
Alertas no WhatsAppEntre para os Grupos de Alerta do PP no WhatsApp!
Clube Smiles
Clube SmilesReceba até 70 mil milhas na hora + benefícios exclusivos para viajar!
Hotéis
HotéisGanhe 8% de desconto em estadias até 31 de março de 2025!
Airport Park
Airport ParkReserve o estacionamento no Aeroporto de Guarulhos e ganhe 5% off
Canal do WhatsApp
Canal do WhatsAppEntre no nosso canal do Whatsaap e confira todas as oportunidades!
Ver todos os cupons

Baixe o app do Passageiro de Primeira

google-play
app-store

O maior portal de programas de fidelidade do Brasil.
Tudo sobre milhas e pontos, voos e salas VIP, hotéis e lazer, cartão de crédito e promoções.