Como você vem acompanhando nas últimas semanas, nessa série estamos comparando os custos de uma emissão para a mesma rota e companhia aérea, considerando o resgate em diversos programas de fidelidade. Hoje, vamos trazer um resgate para voar na Classe Executiva da Qatar Airways de São Paulo para Doha.
No post de hoje, faremos a comparação para resgatar um dos melhores voos que partem do Brasil, que é a Classe Executiva da Qatar Airways entre São Paulo e Doha. Nesse voo de cerca de 14h, é possível curtir a maravilhosa cabine Qsuite, tida desde o lançamento como a melhor Classe Executiva do mercado, além de desfrutar do serviço diferenciado da Qatar Airways. Vale deixar registrado que, com o problema de pintura dos Airbus A350 da companhia, esporadicamente a rota tem sido servida pelo 777 com cabine antiga, sem Qsuite.
Muitas vezes, além das milhas em si, há outros fatores que incidem sobre uma emissão, como taxas cobradas pelos próprios programas e companhias aéreas, que têm interferência direta no custo final do resgate. Cabe analisar, sobretudo, o seu custo de geração das milhas, o que pode tornar um resgate com um número maior de milhas, mais barato.
Pensando nisso, criamos essa série, com o objetivo de ajudar você a tomar a melhor decisão na hora de escolher o programa de fidelidade ideal para a sua emissão.
Nessa rota, apenas a Qatar Airways, companhia membro da aliança global oneworld, voa direto GRU-DOH.
Nesse comparativo, merece destaque a constatação de que há um alinhamento da tabela entre os programas Privilege Club, da Qatar Airways, Executive Club, da British Airways e Iberia Plus, da espanhola Iberia, programas que utilizam os Avios como moeda de resgate e estão cobrança exatamente o mesmo número de Avios para as passagens award.
E o melhor é que, relativamente às passagens award com da Qatar Airways, esses valores, exatamente iguais nos três programas, estão muito abaixo das conhecidas tabelas informais do Executive Club e Iberia Plus, para a distância voada. No Executive Club, por exemplo, a tabela para resgates em parceiros oneworld, precifica em 154.500 Avios os voos com mais de 7.000 milhas, enquanto no Iberia Plus, é prevista a cobrança de 100.000 Avios para esse mesmo resgate. Lembrando que a distância entre os aeroportos internacionais de São Paulo e Doha, é de 7.368 milhas.
Outra questão relevante que emerge da análise, é a constatação de que após a entrada da Qatar no sistema de Avios, o programa Iberia Plus, que não permite resgates one-way com parceiros externos ao grupo IAG, passou a mostrar emissões one-way também para voar na Qatar Airways, o que é uma boa notícia.
Para esse comparativo, vamos utilizar como referência, além dos três citados programas que trabalham com Avios – Privilege Club, da Qatar Airways, Executive Club, da British Airways e Iberia Plus, da Iberia – o AAdvantage, da American Airlines.
O LATAM Pass não será mostrado, embora apresente o resgate com o melhor custo x benefício para a rota (apesar do maior valor em pontos), porque vêm sendo noticiadas sérias difculdades nos resgates obedecendo a tabela fixa para parceiros, muitas vezes só se obtendo êxito através das lojas LATAM Travel. Como está ocorrendo a migração do sistema nesse período de 17 a 23 de maio, vamos aguardar como ficarão esses resgates, inclusive porque foi anuncado que, após a migração, não será mais possível emitir esses voos em outro canal que não o Call-Center.
São Paulo para Doha na Classe Executiva da Qatar Airways
Dando sequência à nossa série, hoje vamos fazer um comparativo do resgate para voar entre São Paulo e Doha na Classe Executiva da Qatar Airways, reconhecida como a melhor cabine de Classe Executiva do mercado (Qsuite), com opção de resgates ulitizando programas que, embora internacionais, temos acesso utilizando cartões de crédito do mercado nacional e/ou paranauês para transferência de pontos.
Optamos por mostrar o resgate no Privilege Club, Executive Club, Iberia Plus e AAdvantage, deixando de fora o LATAM Pass, pelas razões ditas no tópica anterior.
Programas de fidelidade
- AAdvantage (American Airlines): o programa de fidelidade da American Airlines é, para muitos, o melhor programa a que temos acesso no Brasil e um dos melhores do mercado mundial. Particularmente, partilho dessa avaliação, apesar de reconhecer que a chegada de KrisFlyer e Flying Blue ao Amex Santander, trouxe concorrentes à altura para o nosso ambiente doméstico de milhas e pontos. E o melhor é que em situações especiais, como na última promoção que se encerrou no final do mês passado, foi possível gerar até 4 pontos por dólar gasto nas compras com o cartão de crédito AAdvantage Mastercard Black do Santander, durante a campanha Bateu-Ganhou;
- Privilege Club (Qatar Airways): conforme anunciamos aqui no Passageiro de Primeira em março passado, o Privilege Club passou a adotar Avios como sua “moeda” de resgates, permitindo compartilhar esse Avios com o Executive Club, da British Airways. Desde então, é possível compartilhar os Avios da sua conta Executive Club, da British Airways, com a sua conta do Privilege Club, da Qatar Airways e vice-versa. Considerando que o programa detém algumas parcerias bileterais fora do One World, essa funcionalidade de compartilhamento de Avios pode ser bastante útil;
- Executive Club (British Airways): o programa de fidelidade da British Airways é parceiro direto da Livelo, mas também recebe Avios por via triangular, do programa Esfera, combinando Avios com o Iberia Plus, que é parceiro Santander Esfera. O nosso interesse em falar do compartilhamento de Avios entre Iberia Plus e Executive Club, é que, assim como o AAdvantage, os cartões da Esfera também participam das campanha Bateu-Ganhou, como a que se encerrou em 30 de abril passado, o que facilita bastante a geração de pontos no programa. Mesmo com a lamentável desvalorização de 50% na taxa de transferência da Esfera, ainda é possível gerar Avios a um custo razoável, em circunstâncias excepcionais, como no Bateu-Ganhou;
- Iberia Plus (Iberia): o programa de fidelidade da Iberia é parceiro direto tanto da Esfera quanto da Livelo, além de compartilhar Avios com o Executive Club – de onde podem chegar ao Privilege Club, também por compartilhamento. O melhor custo de geração, asssim como já falamos sobre o Executive Club, é tirando proveito das campanhas Bateu-Ganhou do Santander, como a que se encerrou recentemente, o que facilita bastante a geração de pontos no programa. Mesmo com a lamentável desvalorização de 50% na taxa de transferência da Esfera, ainda é possível gerar Avios a um custo razoável, em circunstâncias excepcionais, como no comentado Bateu-Ganhou.
Custos de geração das milhas e pontos
O custo relativo das “moedas” envolvidas em cada um desses resgates, é de extrema relevância para avaliar os custos finais de cada emissão.
Para apurar o CPM (custo por mil milhas) em cada um dos programas mostrados na matéria, vamos levar em consideração os melhores valores de aquisição desses pontos, conforme as promoções dos últimos meses, assim como as perspectivas de curto prazo.
No caso do AAdvantage, cujo acesso no mercado brasileiro se dá através do cartão de crédito co-branded Santander AAdvantage Mastercard Black, Platinum ou Gold, que participou da última campanha Bateu, Ganhou!. Na melhor versão, Black, as compras permitiram acumular até 4 pontos por dólar gasto, ante os habituais 2×1.
Assim, levando em conta essa pontuação excepcional do Santander AAdvantage Black durante a campanha, de 4×1, com utilização em carteiras digitais com a taxa média de 2,80% para pagamento de boletos, encontraríamos um CPM aproximado de R$37, considerado o dólar oficial do fechamento de 18 de maio + 6% de spread.
Para o Privilege Club, Executive Club e Iberia Plus, o custo é exatamente o mesmo, em função da possibilidade de compartilhamento de Avios em sequência – Iberia Plus -> Executive Club -> Privilege Club -> Executive Club -> Iberia Plus. Privilege Club não recebe Avios de qualquer parceiro nacional, mas se beneficia do compartilhamento de Avios com o Executive Club, que por sua vez, compartilha Avios com o Iberia Plus.
British Executive Club e Iberia Plus têm parceria direta com Livelo, com a taxa 2:1, que daria um CPM mínimo de R$70, por isso a opção mais inteligente é considerar o melhor custo através da triangulação com o Iberia Plus, com quem é possível compartilhar Avios, de modo a tirar proveito, também, das promoção Bateu, Ganhou! do Santander, como a última que se encerrou em 30/04, não obstante o programa não esteja na lista de parceiros da Esfera. Para os que não recordam, vela ler essa excelente matéria em que Fábio Vilela nos ensina como transferir Avios entre os programas da British Airways e Iberia.
Por isso, podemos calcular os custos dos Avios do Iberia Plus, como se tivéssemos tratando do Executive Club ou Privilege Club, já que, uma vez creditados seus Avios no programa da voadora espanhola, basta transferi-los, sem custos, para a sua conta no British Executive Club e de lá para o Privilege Club, da Qatar Airways.
No caso dos cartões Esfera puros, a melhor opção está com os cartões Santander Unlimited Visa Infinite ou Mastercard Black. Nesses cartões, a pontuação da promoção que se encerrou no final de abril, foi de 5×1. Nesse patamar, com utilização em carteiras digitais com a taxa média de 2,80% para pagamento de boletos, teríamos um CPM aproximado de R$29,565 para os pontos Esfera, considerado o dólar oficial do fechamento de 10 de maio + 6% de spread. Infelizmente, os Avios chegam no Iberia Plus/Executive Club, com o salgado CPM de R$59,13, em função do deságio (2:1).
Comparação geral
Como esse resgate não apresenta variação em função do sentido da rota, vamos nos limitar a mostrar o resgate é one-way, apenas no sentido de ida.
Resgate one-way (só ida/volta) São Paulo (GRU) – Doha (DOH) | Qatar Airways – Classe Executiva
AAdvantage (American Airlines)
Milhas: 90.000
Taxas: R$73,02
Privilege Club (Qatar Airways)
Milhas: 70.000
Taxas: R$420,16
Executive Club (British Airways) – Classe Executiva
Milhas: 70.000
Taxas: $84,75 (aproximadamente R$420,16)
Iberia Plus (Iberia) – Classe Executiva
Milhas: 70.000
Taxas: $238,75 (aproximadamente R$1.188)
Esses valores cobrados pelos programas que utilizam o sistema de Avios é excelente, tendo em vista que a distância entre São Paulo e Doha é de quase 7,5 mil milhas e as tabelas anteriores do Executive Club e Iberia Plus, como mencionamos acima, costumavam cobrar acima de 100 mil Avios para voos com essa distância, em parceiros oneworld. Esse, sem dúvida, foi um dos efeitos benéficos da entrada da Qatar Airways no sistema de Avios.
Embora o AAdvantage seja o programa que cobra, dentre os quatro considerados, a maior quantidade de milhas/pontos, acaba tendo melhor custo efetivo, dados os parâmetros que utilizamos na matéra, de custos da geração através do Bateu-Ganhou.
Acaso tivéssemos que comprar milhas AAdvantage/Avios, no mercado internacional (Estados Unidos e Espanha/Inglaterra/Catar), o resultado seria diferente, pois as milhas AAdvantage são as mais caras para compra direta, mesmo nas melhores promoções históricas.
Outra questão que merece destaque, é que as taxas cobradas pelo Executive Club e Privilege Club são exatamente as mesmas, ao passo que o Iberia Plus está cobrando taxa quase três vezes maior. Parece que a melhor integração entre Executive Club e Privilege Club, deixou o programa espanhol um passo atrás, ao menos nos resgates envolvendo a Qatar Airways.
Comparação efetiva
Como pontuamos no tópico anterior, esse resgate não varia em função do sentido da rota, por isso vamos mostrar uma única tabela comparativa, de um trecho avulso (one-way) Para calcular uma viagem de ida e volta (round-trip), basta duplicar os valores:
Resgate one-way (só ida) São Paulo – Doha – Classe Executiva
Não fosse o alto custo de geração dos Avios, em função do deságio da transferência de 2:1, o excelente valor cobrado pelo programa do sistema Avios teria um resgate muito melhor que no AAdvantage.
Fatores a considerar
Custos referenciais variáveis: tenha em mente que os custos de milhas e pontos que adotamos nos nossos cálculos, podem variar de usuário para usuário, inclusive em decorrência da utilização eventual de alguns cartões de crédito. Não levamos em conta os muitos leitores que detêm cartões emitidos no mercado internacional, cujos custos teriam outra avaliação;
Falta de uniformidade sobre a definição do custo de milhas e pontos: para a matéria, levamos em conta os custos das taxas em pagamentos feitos em carteiras digitais, já que, no momento, essas são as modalidades mais em conta para ter acesso às milhas do AAdvantage e aos Avios do Executivo Club/Privilege Club. Não esqueça, contudo, que há outras formas de considerar esses custos. Muitos consideram “zero” o custo dos pontos gerados no cartão em gastos orgânicos, o que reduz muito o valor médio, a depender do volume de gastos. Particularmente, prefiro ter como referência o custo de geração por meios pagos, para o caso de precisar de grande quantidade, que escape da geração através de gastos do dia a dia. Não podemos dizer, entretanto, que uma forma seja mais correta que a outra;
Fique atento ao custo relativo das milhas e a incidência de taxas: como mostram os comparativos das últimas semanas, nem sempre o menor número de milhas, representa o menor custo. Pelos parâmetros de custos que utilizamos na matéria, por exemplo, o menor número de Avios não foi suficiente para garantir o melhor custo efetivo do resgate. Portanto, leve em conta, sempre, o valor relativo das milhas e pontos, além de outros custos incidentes, como taxas de emissão e/ou de combustível;
Outros fatores: além desses fatores, também é prudente levar em consideração se há milhas próximas ao vencimento em algum dos programas em que o resgate é permitido. Adicionalmente, não deixe de avaliar os mecanismos de que você dispõe para repor essas milhas, num futuro próximo ou médio. Opte por não utilizar aquelas milhas e pontos que já sabe que vai utilizar para outro resgate, no qual as outras milhas e pontos não podem ser usadas, exceto se tiver saldo para ambos os resgates.
Comentário
Ter uma visão geral do custo relativo das milhas e pontos, é fundamental para avaliar os melhores resgates em cada um dos programas de usuário frequente. Quando o resgate é possível em mais de um desses programas, essa comparação se mostra ainda mais relevante para que tenhamos sempre os maiores benefícios no uso eficiente desse ativo de valor, que é nosso acervo de milhas e pontos.
E você, costuma comparar os custos do resgate em cada programa que utiliza? Quais os principais fatores que costuma priorizar?
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