Devido ao surto de coronavírus (COVID-19), que eclodiu na China no mês de janeiro, muitas companhias aéreas tiveram de cancelar rotas tanto para a China, quanto para outros lugares do mundo. A IATA (International Air Transport Association) estimou que, por conta do cancelamento de voos e diminuição na atuação em algumas rotas, o setor da aviação pode ser impactado com um prejuízo de até US$113 bilhões.
A IATA vê perdas de receita em 2020 para o setor entre US$63 bilhões (em um cenário em que o COVID-19 está contido nos mercados com mais de 100 casos nos números de 2 de março) e US$113 bilhões (em um cenário com uma disseminação mais ampla do COVID -19).
“A virada dos eventos como resultado do coronavírus é quase sem precedentes. Em pouco mais de dois meses, as perspectivas do setor em grande parte do mundo tiveram uma mudança para pior. Não está claro como o vírus se desenvolverá, mas se vemos o impacto contido em alguns mercados e uma perda de receita de US$63 bilhões ou um impacto mais amplo que leva a uma perda de receita de US $ 113 bilhões, é uma crise“, disse Alexandre de Juniac, diretor geral e CEO da IATA.
“Muitas companhias aéreas estão reduzindo a capacidade e adotando medidas de emergência para reduzir custos. Os governos devem tomar nota. As companhias aéreas estão fazendo o possível para se manter à tona enquanto executam a tarefa vital de conectar as economias do mundo. Enquanto os governos buscam medidas de estímulo, o setor de transporte aéreo precisará de consideração para isenção de impostos, taxas e alocação de slots. É um momento incomum”, finalizou.
Em fevereiro, a agência havia emitido uma nota em que colocava as receitas perdidas em US$29,3 bilhões, com base em um cenário que analisava o impacto do coronavírus em grande parte (ou quase exclusivamente) em mercados associados à China. Desde então, o vírus se espalhou para mais de 80 países, fazendo com que o setor fosse severamente afetado.
Para chegar a esses números, a IATA estimou o impacto potencial nas receitas de passageiros com base em dois cenários possíveis, veja abaixo.
Cenário 1: propagação limitada do vírus
Esse cenário inclui mercados com mais de 100 casos confirmados de COVID-19 (na data de 2 de março) passando por uma forte desaceleração seguida por um perfil de recuperação. Também estima quedas na confiança do consumidor em outros mercados (América do Norte, Ásia-Pacífico e Europa).
Os mercados representados nesse cenário e sua queda prevista no número de passageiros, devido ao vírus, são os seguintes: China (-23%), Japão (-12%), Cingapura (-10%), Coréia do Sul ( -14%), Itália (-24%), França (-10%), Alemanha (-10%) e Irã (-16%). Além disso, a Ásia (excluindo China, Japão, Cingapura e Coréia do Sul) deverá ter uma queda de 11% na demanda. A Europa (excluindo Itália, França e Alemanha) sofrerá uma queda de 7% na demanda e o Oriente Médio (excluindo o Irã) sofrerá uma queda de 7% na demanda.
Globalmente, essa queda na demanda se traduz em uma perda de receita mundial de 11%, equivalente a US$63 bilhões. A China representaria cerca de US$22 bilhões desse total. Os mercados associados à Ásia (incluindo a China) representariam US$47 bilhões desse total.
Cenário 2: propagação extensiva do vírus
Esse cenário aplica uma metodologia semelhante, no entanto, desta vez, considerando todos os mercados que atualmente têm 10 ou mais casos confirmados de coronavírus (em 2 de março). O resultado é uma perda de 19% nas receitas mundiais, o que equivale a US$ 113 bilhões. Financeiramente, isso seria similar ao que a indústria experimentou na Crise Financeira Global, em 2008.
Para detalhar a queda financeira, o IATA fez um gráfico:
Observação: No momento da pesquisa, dia 03 de março, não foram considerados países da África, America Latina ou Caribe, pois não haviam nessas regiões, países com mais de 10 casos confirmados do vírus.
Alguém tinha viagem programada e alterou em função do vírus? E os planos de viagens futuras, foram postergados?
- Para acessar o relatório completo da IATA, clique aqui.