A taxa de resgate da Latam… Esse é um daqueles posts que não gosto de escrever. Digo isso porque sou um cliente da Latam ativo, uso com frequência o Latam Pass, aproveito as melhores vantagens e desvio daquilo que não serve ao meu perfil. A taxa de resgates da LATAM é algo de que, em muitos casos, não conseguirei escapar. Esclareço o tema abaixo.
Taxa de resgate ou emissão Latam Pass em passagens aéreas com pontos
Em fevereiro deste ano (2020), a Latam anunciou que começaria a cobrar uma taxa de emissão em resgates com pontos de passagens aéreas com menos de 90 dias para a data de um voo nacional ou 120 dias para voos internacionais. Na ocasião, foi divulgado que o valor variaria a depender do destino.
Dois meses depois, sem a habitual comunicação aos clientes, os valores foram divulgados no site da cia:
*Os valores em reais acima foram calculados de acordo com o câmbio de 03 de abril de 2020, no valor de R$5,26.
Apesar de já ter feito uma análise no passado, agora com os valores divulgados, acho necessário registrar minha insatisfação com a taxa…
Racional da cobrança da Taxa de Resgate da Latam
Diferente de outras medidas adotadas pela empresa, a cobrança da Taxa Latam de Resgate pode até mirar os “milheiros”, classe declaradamente inimiga da cia, mas a abrangência é geral e inevitavelmente impactará todos os clientes, mesmo aqueles mais fieis à empresa. Esse inclusive foi um dos pontos que mais me causou surpresa. A Latam optou por não isentar clientes das categorias Platinum, Black e Black Signature: os mais importantes para cia.
Para se ter uma ideia, em números atuais, considerando apenas a ascensão de categoria por gasto, é necessário gastar cerca de R$140.000 mil reais para atingir o Black Signature. Esses clientes têm até um departamento chamado de Special Services, dedicado ao seu bom atendimento e em oferecer a melhor experiencia possível. Ainda assim, mesmo deles será cobrada a nova taxa de resgate (de BRL17 a USD21 o trecho). Não isentá-los vai na contramão do que vinha sendo feito e do que me parece fazer sentido.
Covid-19
A taxa de resgate da Latam não está relacionada ao Coronavírus. A divulgação de sua implantação foi no início de fevereiro, quando o vírus ainda não tinha casos no Brasil.
O que a torna menos aceitável é que, apesar do agravamento da pandemia, a LATAM manteve a decisão de seguir em frente com o plano de passar a cobrar a taxa.
Estamos no meio da maior crise para o setor e ainda que entenda comercialmente a necessidade de caixa da cia agora, o momento de aplicação deve ser revisto. A taxa por si só já é prejudicial ao participante; implementá-la agora, pior ainda.
Contramão do mercado internacional e única no mercado doméstico
Essa cobrança vai na contramão de empresas como American e United, que antes cobravam uma taxa similar e deixaram de cobrar.
A Azul, outra empresa Brasileira que cobra uma taxa de resgate nas emissões com pontos, oferece um canal que a isenta para qualquer emissão, como o app. O participante consegue não pagar a taxa independentemente da data da emissão.
A questão da antecedência
Em geral, minha percepção é que 90 dias para um voo nacional ou 120 dias para um internacional é justamente quando começam as promoções. É mais ou menos neste período que se detecta uma ocupação mais baixa e se liberam assentos com preços reduzidos.
Nesse cenário, ainda que a quantidade de pontos necessários para uma emissão possa diminuir, o efeito para o cliente pode ser neutralizado com a introdução das taxas.
O peso das taxas nos resgates
Para as emissões fora do período de aplicação da taxa, nada muda. Entretanto, justamente quando costumam existir oportunidades mais baratas em voos domésticos, o peso da taxa pode ser bastante alto. Veja o exemplo:
Considerando que o ponto do Latam Pass vale cerca de 3 centavos, essa emissão equivale a 75 reais. A taxa de 17 reais por trecho aumentaria o preço em 22%.
Em outro caso, desta vez de um voo internacional, em que o peso percentual é menor, o valor nominal passa a ser relevante. Vejam:
Neste caso, o valor cobrado por trecho seria de 21 dólares ou R$115, considerando a conversão atual de R$5,50. Levando em conta uma família de 4 pessoas e 2 trechos (ida e volta), o valor total superaria os 900 reais, fora bagagem, seleção de assentos e outros extras habitualmente cobrados pela LATAM e demais empresas do setor.
A comparação é CHAVE!
Ao mesmo tempo que o peso ou valor nominal da taxa de resgate da LATAM pode ser alto, é sempre importante comparar as alternativas existentes. Este novo componente vai exigir que, antes de fazer as emissões, comparemo-nas com as de outros programas.
- Rio de janeiro por 2.500 pontos Latam Pass + taxas pode ser mais caro que 3.000 milhas da concorrente que não cobra a taxa.
Por outro lado:
- Miami por 28.000 pontos Latam Pass + taxas ainda pode ser mais barato e confortável que 35.000 milhas da concorrente sem taxa.
Cada milha tem seu valor e cabe a nós comparar resgate a resgate para não pagar mais caro. A leitura do nosso post “Quanto Vale uma Milha” é recomendada para melhor entendimento do tema.
Outras dúvidas com relação à taxa de resgate por pontos no Latam Pass
- Como funcionará a cobrança da taxa de resgate?
A taxa será visualizada no momento do resgate de passagens aéreas com menos de 90 dias de antecedência para voos nacionais e 120 dias para voos internacionais.
- Quando será cobrada?
Essa taxa será implementada gradualmente nos países, começando em 1º de julho de 2020.
- A cobrança é realizada por passageiro?
Sim, a cobrança será realizada de forma individual, por trecho resgatado e por passageiro.
- Como será feita a cobrança dessa taxa? Em pontos ou em dinheiro?
A cobrança será realizada em dinheiro, no momento da finalização do resgate. Os pontos LATAM Pass não poderão ser utilizados para pagamento de taxas, impostos e/ou serviços adicionais.
Mais informações
- A taxa será aplicada em passagens aéreas 100% resgatadas com pontos;
- A taxa será aplicada em todos os canais que realizam resgate de pontos LATAM Pass (latampass.com, latam.com, call center e lojas LATAM Travel) e deverá ser paga no momento do resgate;
- Os pontos não poderão ser utilizados para pagamento de taxas, impostos e/ou serviços adicionais.
- Essa taxa será aplicada somente quando o resgate acontecer com menos de 90 dias de antecedência da data da viagem para voos nacionais e com menos de 120 dias de antecedência para voos internacionais;
- O valor da taxa de resgate poderá variar de acordo com o destino.
Eu continuarei a usar o programa
A LATAM vem em um movimento de valorizar os seus clientes, sobretudo os que gastam bastante com a companhia; especialmente com lançamento da nova executiva, premium economy e maior bônus nas transferências dos bancos. Essa atitude não condiz com que estava sendo feito – em especial para clientes elite.
Ainda com todos os pontos de insatisfação citados acima, seguirei fazendo resgates no programa. Sou um usuário ativo da Latam Pass, sobretudo em emissões em classe executiva. Mesmo com isso, a cia segue oferecendo uma boa malha internacional para destinos que costumo frequentar e na grande maioria dos casos consigo extrair boas ofertas no programa.
Para nossos nossos leitores de alta renda, a taxa de 42usd não vai ser decisiva na hora da compra em trechos internacionais; mas não posso dizer o mesmo para todos… A nova taxa deve impactar.
Daqui a alguns anos, essa taxa cairá na “normalidade” do cotidiano dos usuários, como já são as taxas cobradas por outras empresas do setor como TAP Miles&GO, TudoAzul, LifeMiles e como era no AAdvantage até pouco tempo atrás… Em todo caso, fica aqui o lembrete da minha (e provavelmente sua) insatisfação com o tema. Quem sabe a Latam não revisa essa taxa…
Segue o jogo.
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