O Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, inaugura na próxima quarta-feira (6) a nova sala de embarque remoto, utilizada para transportar passageiros de ônibus até os aviões. A estrutura, administrada pela concessionária espanhola Aena, será mais que dobrada em tamanho e representa a primeira entrega de uma ampla reforma no terminal paulistano, com conclusão prevista para 2028.
Nova sala de embarque remoto em Congonhas
Prevista inicialmente para junho, a inauguração foi adiada e agora marca a entrega da primeira obra com impacto direto no passageiro desde que a Aena assumiu o aeroporto, em outubro de 2023. A sala de embarque remoto terá sua área aumentada de 1.400 m² para cerca de 3.000 m², mantendo dez portões de embarque, agora mais espaçados e com maior profundidade para acomodar melhor o fluxo de viajantes, especialmente nos horários de pico da manhã.
A antiga sala, frequentemente criticada por superlotação, ganhará novos espaços de alimentação. Os cafés, antes próximos aos portões, foram reposicionados para os fundos do salão, e o entorno contará com duas salas VIP, sendo a maior com 1.300 m², além de um centro comercial de 850 m².
Apesar da ampliação, a estrutura é provisória e será desativada ao final da reforma. A sala definitiva funcionará no hangar tombado da antiga Varig, atualmente utilizado pela GOL, que será reformado e conectado ao terminal principal por pontes de embarque (fingers).
Segundo a Aena, ainda não está definido o futuro uso da área ampliada, mas há a possibilidade de que ela seja adaptada para voos internacionais de curta distância, como para países da América do Sul. O presidente da Aena Brasil, Santiago Yus, afirmou que a empresa está aberta à demanda das companhias aéreas.
Investimento e etapas da obra
Com investimento estimado em R$ 2,4 bilhões, a Aena prevê entregar a reforma completa até junho de 2028. A principal mudança será a construção de um novo terminal com 19 pontes de embarque, frente às atuais 12, o que permitirá receber aeronaves maiores, como Airbus A321neo e Boeing 737 MAX 10.
Outro objetivo é ampliar a distância entre a pista principal e as áreas de taxiamento, passando dos atuais padrões inadequados para os 158 metros exigidos por normas internacionais.
A reforma está dividida em três fases:
- Demolições, instalação de canteiros de obras e melhorias nas pistas;
- Transferência das companhias aéreas para hangares provisórios e início da construção do novo píer e da reforma do hangar da Varig;
- Instalação das novas pontes de embarque e do sistema de bagagens, com conclusão estimada para 2028.
- Durante o processo, três hangares provisórios, feitos com lonas e contêineres, serão utilizados.
Os atuais hangares de Azul, GOL e LATAM serão demolidos para dar lugar ao novo terminal, pátio de aeronaves e nova pista de taxiamento.
A área atual de check-in será desativada, e os passageiros passarão a embarcar na atual estrutura da GOL, também prevista para ser desativada. O desembarque será direcionado a uma área próxima às escadas espirais do mezanino.
Crescimento de capacidade
A meta da Aena é aumentar o fluxo de passageiros para 29 milhões por ano até 2053, frente aos 23,1 milhões registrados em 2024. A infraestrutura não prevê, por enquanto, aumento do número de operações por hora, atualmente limitado a 44 pousos e decolagens.
A estratégia para alcançar esse crescimento será a ampliação da capacidade operacional por meio de aeronaves maiores e infraestrutura modernizada, reduzindo o número de embarques remotos por ônibus e aumentando o uso de fingers.
Como ficará Congonhas depois das obras
Terminal terá o dobro do tamanho atual
Após a conclusão das obras, a área de embarque e desembarque dobrará de tamanho, alcançando mais de 100 mil m². O projeto inclui a preservação e revitalização dos espaços tombados pelo Patrimônio Histórico, que serão integradas ao novo terminal.
As novas edificações serão destinadas ao embarque, enquanto o terminal atual acomodará o desembarque. Também será implantado um novo conceito comercial, com um mix renovado de lojas, novas salas VIP mais confortáveis e espaços corporativos, como escritórios e salas empresariais.
Novo salão de check-in
O terminal de embarque terá um novo salão de check-in, com 72 posições amplas e acessíveis, podendo chegar a 108, e novo píer, com 33 metros de largura e 330 metros de comprimento.
Serão 19 novas pontes de embarque, em substituição às 12 atuais, garantindo 70% ou mais dos embarques diretos às aeronaves. O hangar tombado ganhará novo uso, com 10 portões de embarque remoto. Haverá, ainda, 13 leitores automáticos de cartão de embarque e aumento para até 17 canais de inspeção.
Nova área de retirada de bagagens
No desembarque, os passageiros também vão ter mais conforto. Será instalado um novo sistema de processamento de bagagens, mais rápido e inteligente, com 10 carrosséis (são três atualmente), além do aumento de cinco para sete esteiras de restituição de bagagem, totalizando 228 metros de extensão.
Novo pátio de aeronaves
A eficiência operacional também será aprimorada com as obras. Com um novo pátio de 215 mil m² para a aviação comercial, haverá aumento de 30 para 37 posições de parada de aeronaves, sendo 19 nas pontes e 18 remotas, com afastamentos adequados e 100% conforme as normas internacionais, sendo adequados para receber o Airbus A321neo e o Boeing 737 Max 10 em todas as posições.
Além disso, pistas e pátios receberão reforço estrutural, a construção de novas pistas de rolagem, nova via de serviço para a aviação geral e uma saída rápida quando operando pela cabeceira 35L.
Ampliação em áreas para carros de aplicativos
Para melhorar a circulação viária e reduzir o trânsito no acesso ao terminal, a Aena irá criar uma nova praça pick-up com 72 vagas para embarque em carros de aplicativos. A área de meio-fio terá um incremento de 250 metros para embarque e desembarque dos passageiros e haverá um acesso direto à futura estação de metrô da linha Ouro.
Sustentabilidade
Em termos de sustentabilidade, o Aeroporto de Congonhas contará com uma nova subestação de eletricidade, com mais equipamentos e uso de energia limpa, reduzindo o gasto de combustíveis fósseis. Assim, haverá fornecimento de energia e ar-condicionado para aeronaves nas pontes de embarque, diminuindo emissão de CO2.
Entre outras melhorias, o projeto inclui a implantação de uma nova central de resíduos sólidos, além de utilização de ar-condicionado eficiente no terminal e mais iluminação natural.