A fabricante de aeronaves Airbus intensificou a disputa em andamento com a Qatar Airways, cancelando uma encomenda de 50 aeronaves do modelo A321neo feita pela empresa árabe em 2017. O conflito está em andamento desde o começo de 2021, quando a Qatar identificou avarias na pintura de alguns de seus A350.
O pedido de 6,35 bilhões de dólares entregaria à Qatar 50 aeronaves do modelo A321neo e era parte chave do plano de expansão de médio alcance da empresa.
A decisão veio depois que a Qatar levou a questão à Corte Britânica, pedindo uma indenização de mais de 700 milhões de dólares. De acordo com a matéria publicada pelo Bloomberg, os documentos preparados pela Airbus para uma audiência em Londres na quinta-feira diziam que “Não há base razoável ou racional” para os reguladores do Catar terem paralisado 21 dos A350.
A fabricante declara já ter analisado o caso suficientemente, o que é disputado pela empresa árabe. Além disso, a empresa chegou a pagar 175,000 dólares por dia em que as aeronaves ficaram paradas em solo para manutenção da pintura, porém parou depois de que a Qatar suspendeu as operações de 21 aeronaves do modelo, mesmo depois que a EASA (European Union Aviation Safety Agency) disso que não havia a necessidade de fazer isso.
Geralmente, são as companhias aéreas que cancelam pedidos, raramente o cancelamento é solicitado por uma fabricante. Por exemplo, a Qatar se recusa a receber mais unidades do A350 (que já tem encomendada) até que o problema seja resolvido.
Qatar divulga vídeo da pintura dos A350
Após o cancelamento do pedido dos 50 A321neo, a Qatar Airways divulgou uma nota e vídeo justificando o aterramento das aeronaves:
“Em 20 de janeiro de 2022, a Qatar Airways, por meio do processo legal contra a Airbus na divisão de Tecnologia e Construção do Supremo Tribunal da Inglaterra, buscou uma audiência acelerada de uma questão preliminar para abordar nossas sérias e legítimas preocupações de segurança em relação à condição de degradação da superfície que afeta negativamente nossa frota de Airbus A350, que resultou até agora no aterramento de 21 aeronaves Airbus A350.
Como este vídeo mostra claramente, esses defeitos não são superficiais e um dos defeitos faz com que o sistema de proteção contra raios da aeronave seja exposto e danificado, outro defeito deixa a estrutura composta subjacente exposta à umidade e luz ultravioleta, e outros defeitos incluem rachaduras na composto e danos em torno de uma alta porcentagem de rebites na fuselagem da aeronave. Congratulamo-nos com a decisão do tribunal de agilizar esta questão e ordenar uma audiência em abril, em um esforço para trazer uma resolução mais rápida para a disputa.
Continuamos a acreditar fortemente que a Airbus deve realizar uma investigação completa dessa condição para estabelecer conclusivamente sua causa raiz completa, a fim de estabelecer se qualquer solução de reparo proposta corrigirá a condição subjacente e garantirá nenhum risco à aeronavegabilidade contínua da aeronave.
A prioridade número um da Qatar Airways continua sendo a segurança de seus passageiros e tripulantes. Por esse motivo, todas as aeronaves afetadas permanecem aterradas e não podemos aceitar a entrega de outras aeronaves licitadas para entrega pela Airbus. A Airbus respondeu buscando cancelar um contrato totalmente separado para a entrega de 50 aeronaves A321 Neo.
Confirmamos que estamos cumprindo todas as nossas obrigações sob todos os contratos aplicáveis. Portanto, é motivo de grande pesar e frustração que a Airbus tenha tomado a aparente decisão de expandir e escalar essa disputa. Continuamos a instar a Airbus a realizar uma análise de causa raiz satisfatória para a causa dos defeitos, conforme necessário. A Qatar Airways continua preparada para ajudar na análise da causa raiz da maneira que puder. Enquanto isso, continuaremos a defender vigorosamente nossa posição nos processos judiciais.”
Vamos seguir acompanhando os próximos passos dessa questão entre Airbus e Qatar Airways.