No início da semana, a Brasil Bitcoin, empresa brasileira de criptomoedas, lançou um cartão em conjunto com a bandeira Elo. O sistema converterá imediatamente a moeda digital do usuário para seu equivalente em reais e então processará a compra em maquininhas de cartão físicas ou online.
O cartão da Brasil Bitcoin é voltado para pagamentos com criptomoedas. Inicialmente, apenas o bitcoin (BTC) será suportado, mas é estimado que dentro de dois meses todas as outras moedas digitais no catálogo da empresa também serão implementadas. A solicitação do cartão é feita pelo aplicativo da corretora e sua aprovação acontecerá gradativamente ao longo de 2021. Em entrevista ao site tecnoblog, o CEO da Brasil Bitcoin, Marco Castellari, disse o seguinte:
“No começo, a gente trabalhará apenas com o bitcoin. É um lançamento, ainda precisamos ver seu comportamento. Além disso, trata-se da principal e maior moeda digital no mercado, por isso começaremos por ela. Porém, em uma questão de dois meses queremos liberar todas as criptomoedas no catálogo da Brasil Bitcoin para pagamentos com o novo cartão”.
O cartão permitirá que o cliente faça suas compras em qualquer estabelecimento, e pague com bitcoin, independentemente do estabelecimento aceitar a criptomoeda ou não. No Brasil, a adesão de comerciantes a pagamentos com moedas digitais ainda é mínima, então é praticamente impossível realizar transações cotidianas com elas sem o auxílio do cartão. Mas conforme dito pela Brasil Bitcoin, ela irá converter imediatamente o saldo em bitcoin do usuário para reais de acordo com a cotação daquele momento, então o estabelecimento receberá normalmente pela compra.
“No momento em que se está efetuando a compra, ela será descontada da conta do usuário na Brasil Bitcoin. A prioridade será utilizar primeiro o saldo em reais que o cliente possa ter. Se não houver, então a transação será automaticamente processada em bitcoin. Também será notificada a quantidade de BTC exata utilizada naquela transação”, explicou o CEO em entrevista.
Adicionais do cartão
Um diferencial do cartão da Brasil Bitcoin está na automatização no uso da criptomoeda em posse do usuário. “Nosso cartão está vinculado completamente ao seu saldo na exchange. Outros cartões que existem atualmente funcionam com duas contas separadas, uma exclusiva para pagamentos para a qual o usuário deve transferir fundos”, disse Castellari ao tecnoblog. “Ter que ficar recarregando o cartão pré-pago não é um processo trabalhoso, mas é algo que pode irritar a pessoa. Com o cartão da Brasil Bitcoin, não será necessário ter que ficar adicionando créditos, o usuário irá usar o saldo da sua conta da nossa plataforma, assim como é com os bancos tradicionais. Também não haverá um valor mínimo para compra”, finalizou.
Assim como qualquer outro cartão, há custos na hora dos pagamentos, mas o CEO disse que inicialmente a Brasil Bitcoin irá absorver todos eles e o usuário irá pagar apenas pela venda do bitcoin, um percentual de 0,5%, como já acontece se fizer dentro da corretora.
Sobre a atual situação do bitcoin
A questão que dá mais “dor de cabeça” ao CEO é a questão da volatilidade que o bitcoin apresenta. Ao ser questionado sobre a expectativa de adesão ao novo cartão em meio à essa extrema volatilidade, Castellari afirmou que esse é de fato um problema. Mesmo assim, ele espera que o novo produto seja utilizado por seus usuários uma vez que também é oferecida a opção de pagamentos com o saldo em reais dentro da exchange.
“Hoje vemos esse grande problema de volatilidade, o que deixa a criptomoeda menos atraente para se usar no dia a dia. Mas também existem pessoas, os holders, que possuem esse saldo parado e podem sim acabar utilizando o bitcoin no cartão. Dentro de alguns meses vamos lançar as outras criptomoedas e uma delas será a USDT, que é pareada ao dólar, assim ela se torna bem interessante para o uso diário já que é bem mais estável”, explicou o CEO.
É com o stablecoins (moedas digitais mais estáveis, vinculadas a algum ativo ou moeda fiduciária) que a empresa espera ver uma maior adesão do cartão. Com a implementação da USDT para pagamentos com o cartão da Brasil Bitcoin, novas possibilidades serão abertas para as finanças pessoais. Um usuário poderia, por exemplo, converter parte de sua renda para a stablecoin e realizar pagamentos diários com uma criptomoeda que possui o valor de dólar. Como a conversão é feita para reais na hora do pagamento, não seria necessária uma dolarização da economia para isso.
Outro diferencial é que as conversões de reais para dólares geralmente geram diversas taxas e operações de câmbio mais demoradas do que a aquisição de criptomoedas. Isso é particularmente interessante em tempos de alta inflação e de desvalorização da moeda nacional. A Argentina, por exemplo, passa por esses problemas nesse momento e por isso a USDT está sempre entre as três moedas digitais mais utilizadas no país vizinho.
Sobre a Brasil Bitcoin se tornar um banco digital
“Lançar esse cartão faz parte do processo da Brasil Bitcoin para se tornar um banco, só que das criptomoedas. Agora, nossos clientes podem realizar compras e fazer assinaturas com essa opção”, conta Castellari. Ele afirma que hoje a empresa permite pagamentos de boletos e agora passará a implementar transações com cartão na modalidade crédito, mesmo que o desconto sobre o saldo seja feito na hora. Isso facilita seu uso virtual, já que são poucos lugares que aceitam transações com débito.
Até o momento, a maior diferença que existe entre a Brasil Bitcoin e bancos convencionais são transferências TED ou Pix. “O usuário ainda não pode enviar ou receber transferências de terceiros, mas já nos encontramos bem próximos de uma instituição bancária”, disse o CEO. Ele afirmou que essas questões também serão resolvidas no futuro e que o usuário poderá viver exclusivamente com sua conta na Brasil Bitcoin, se assim desejar.
Alguém possui bitcoins e vai aproveitar o novo cartão?
Com informações, Tecnoblog.