A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) fez uma pesquisa de opinião pública muito interessante sobre as preocupações dos passageiros em relação à possibilidade de serem contaminados com a COVID-19 ao viajarem. Ainda que a grande maioria tenha mostrado uma grande vontade de viajar, as preocupações ainda são inúmeras. A pesquisa foi feita em 11 países durante a primeira semana de junho de 2020.
Preocupações com viagens em tempos de COVID-19
De acordo com os dados da pesquisa realizada pela IATA, os viajantes, em geral, estão tomando os cuidados necessários para se protegerem da COVID-19: 77% dos entrevistados lavam as mãos com mais frequência, 71% evitam reuniões com muitas pessoas e 67% usam máscara facial em público. Cerca de 58% dos entrevistados disseram ter evitado viagens aéreas e 33% sugeriram que evitarão as viagens no futuro, como uma medida contínua para reduzir o risco de pegar a COVID-19.
As principais preocupações apresentadas pelos passageiros foram as seguintes:
Nos aeroportos:
- Estar em ônibus/trem lotado a caminho da aeronave (59%);
- Ficar em filas no check-in/verificação de segurança/controle de fronteira ou embarque (42%);
- Usar banheiros/instalações sanitárias do aeroporto (38%).
A bordo das aeronaves:
- Sentar-se ao lado de alguém que pode estar infectado (65%);
- Usar banheiros/sanitários (42%);
- Respirar o ar da aeronave (37%).
A IATA também questionou que os entrevistados classificassem as três principais medidas para que os passageiros se sintam mais seguros:
- 37% deles citaram teste da COVID-19 nos aeroportos de embarque;
- 34% concordaram com o uso obrigatório da máscara facial;
- 33% citaram medidas de distanciamento social nas aeronaves.
De acordo com o diretor geral e CEO da IATA, Alexandre de Juniac: “as pessoas estão claramente preocupadas com a COVID-19 quando viajam. Mas também se sentem tranquilas com as medidas práticas que estão sendo adotadas pelos governos e pelo setor de acordo com as orientações do documento Take-off desenvolvido pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI). Essas medidas incluem o uso de máscaras, a introdução de tecnologia sem contato nos processos da viagem e medidas de triagem. Isso nos diz que estamos no caminho certo para restaurar a confiança nas viagens. Mas isso vai levar tempo. Para atingirmos o efeito máximo, é fundamental que os governos implementem essas medidas globalmente”.
A pesquisa também apontou algumas questões importantes na recuperação da confiança dos viajantes, indicando que o setor terá que comunicar os fatos com mais eficácia. As principais preocupações dos viajantes relacionadas às aeronaves incluem:
Qualidade do ar na cabine: os viajantes estão divididos sobre a qualidade do ar na cabine. Enquanto 57% dos viajantes acreditam que a qualidade do ar é perigosa, 55% deles também acham que o ar na cabine é tão limpo quanto o ar da sala de operações de um hospital. De fato, a qualidade do ar nas aeronaves modernas é muito melhor do que a maioria dos outros ambientes fechados, pois o ar é trocado por ar fresco a cada 2 a 3 minutos, enquanto o ar na maioria dos edifícios de escritórios é trocado 2 a 3 vezes por hora. Além disso, os filtros de ar particulado de alta eficiência (HEPA) capturam bem mais de 99,999% dos germes, incluindo o coronavírus, como mostramos nessa matéria aqui no PP.
Distanciamento social: os governos aconselham o uso de máscara (ou cobertura facial) quando não for possível manter o distanciamento social, como é o caso do transporte público. Essa medida segue a orientação do documento Take-off da OACI. Além disso, embora os passageiros fiquem sentados muito próximos a bordo, o ar da cabine flui do teto para o chão, limitando a propagação de vírus ou germes para trás ou para frente dentro da cabine. Existem várias outras barreiras naturais à transmissão do vírus a bordo, incluindo a posição dos passageiros virados para frente (limitando a interação lateral face a face), os encostos dos bancos que limitam a transmissão entre fileiras de assentos e a movimentação limitada dos passageiros na cabine.
Sobre o retorno às viagens
No geral, os resultados da pesquisa mostram que as pessoas não perderam a vontade de viajar, mas existem obstáculos para que elas retornem aos níveis de viagem pré-crise:
- A maioria dos viajantes pesquisados planeja voltar a viajar para ver familiares e amigos (57%), tirar férias (56%) ou fazer negócios (55%) assim que a pandemia estiver sob controle.
- Mas 66% dos entrevistados disseram que viajariam menos para lazer e negócios no mundo pós-pandemia.
- E 64% indicaram que adiariam as viagens até que melhorasse a situação econômica (pessoal e em geral).
Ainda de acordo com Juniac, “essa crise pode ter um impacto muito longo. Os passageiros disseram que levará um certo tempo até voltarem aos seus antigos hábitos de viagem. Muitas companhias aéreas estimam que a demanda voltará aos níveis de 2019 somente em 2023 ou 2024”.
Um dos maiores obstáculos para a recuperação do setor é a quarentena. Cerca de 85% dos viajantes relataram preocupação de ficarem em quarentena durante a viagem, um nível semelhante de preocupação dos que relatam receio de pegar o vírus durante a viagem (84%). E, com relação às medidas que os viajantes estariam dispostos a adotar para se adaptar às viagens durante ou após a pandemia, apenas 17% relataram que ficariam em quarentena.
Agora quero saber: o que realmente preocupa você, leitor, quando pensa em pegar um voo agora e no período pós-pandemia?