Embarque aleatório – pesquisadores acreditam ser o melhor para reduzir a contaminação por COVID-19

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Por Gabriel Marinho

Para reduzir a propagação de doenças, algumas companhias aéreas estão bloqueando os assentos do meio para aumentar o distanciamento social. Pesquisas preliminares baseadas em simulações de computador, no entanto, sugerem que o embarque aleatório nas aeronaves, em vez do embarque de trás para frente — o que vem sendo adotado durante a pandemia — pode ter um impacto ainda maior, reduzindo as taxas de exposição em cerca de 50%.


O estudo

Essas descobertas ainda estão em processo de revisão pela comunidade acadêmica, mas, se confirmadas, elas levam a crer que as companhias aéreas deviam voltar ao processo de embarque anterior ou, melhor ainda, adotar o melhor processo aleatório de embarque aleatório. O estudo está sendo conduzido por Ashok Srinivasan, da Florida State University, coautor do artigo ao lado do Dr. Sirish Namilae, professor associado de Engenharia Aeroespacial da Universidade Aeronáutica Embry-Riddle, líder no setor de aviação, e outros pesquisadores.

Namilae, cujo trabalho anterior na Embry-Riddle mostrou como a dinâmica de pedestres nas filas do processo de checagem de segurança dos aeroportos e durante o embarque e desembarque de aeronaves pode afetar as taxas de infecção, começou a pesquisar como os vírus se espalhou durante o surto de Ebola de 2017. Segundo ele, parte chave da pesquisa é entender como as moléculas viajam.


Embarque aleatório

Segundo as simulações da pesquisa, o embarque de trás para frente para tentar reduzir o contato entre as pessoas, acaba gerando aglomerados de alta densidade à medida que os passageiros arrumam sua bagagem enquanto outros ainda estão esperando para ir em direção à parte traseira da aeronave.

Os pontos de contato no estudo são definidos pela denominação “minuto-pessoa” de contato, que define o número de minutos que uma pessoa fica a menos de um metro e meio de distância de alguém enquanto embarca em uma aeronave. Quanto mais esses minutos-pessoa foram registrados em cada uma das aproximadamente 16.000 simulações da equipe — simulações de computador que variavam os parâmetros de velocidade de caminhada, proximidade, número de pessoas etc., — maior a probabilidade de infecção. Essas simulações foram então testadas através de vários padrões de embarque: frente para trás, trás para frente, através de seis zonas de embarque e embarque aleatório através de uma zona.

Acontece que o modelo de embarque aleatório de uma zona acaba resultando em um número menor de contatos”, disse Namilae. “Outros padrões tendem a aumentar o tempo que um passageiro espera nas proximidades de companheiros de viagem.


As simulações

Em simulações que assumem a capacidade total de um Airbus 320, 43.000 pessoas-minuto de contatos foram registrados no modelo de embarque aleatório em comparação com 60.000 pessoas-minuto para embarque em seis zonas, 90.000 pessoas-minuto para embarque de frente para frente e ainda mais alto para o padrão de embarque da frente para trás.

Nossa análise indica que as companhias aéreas que mudaram para uma política de embarque de trás para frente cometeram erros, expondo os passageiros a um risco de infecção substancialmente mais alto do que seus procedimentos originais“, disse Srinivasan. “Este resultado mostra que a boa intenção não substitui a boa ciência quando se trata de determinar políticas.”

A política de algumas companhias aéreas de manter os assentos do meoi desocupados, no entanto, provou ser eficaz na redução significativa do risco de infecção, conforme comprovado pelas simulações da equipe, que incluíram cenários nos quais os assentos intermediários foram ocupados ou estavam vazios.

O problema é: quanto tempo as companhias aéreas podem se dar ao luxo de voar com assentos vazios?

O fator econômico é uma constante nessas simulações. O transporte de passageiros em várias aeronaves menores, por exemplo, mostrou um risco menor de infecção para os passageiros do que se uma aeronave maior fosse usada. A chave, no entanto, é encontrar um meio termo – e para Namilae e sua equipe, essa conversa deve começar com o processo de embarque.

Há evidências de muitas doenças, como tuberculose e SARS, sendo transmitidas em aviões e em viagens aéreas“, disse Namilae. “O embarque é um dos aspectos críticos das viagens aéreas que contribui para a disseminação de doenças. Quaisquer medidas que possamos tomar para reduzir a propagação ajudariam.


Esse tipo de embarque raramente é adotado pelas companhias, o que você acharia se o embarque aleatório se tornasse a norma?

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