SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – A Embraer completa hoje 50 anos. Em média, a cada 10 segundos uma aeronave fabricada pela empresa decola em algum canto do mundo. Para comemorar este dia histórico, a Embraer está realizando uma cerimônia na sua matriz no interior de São Paulo (e você está convidado a acompanhar a transmissão nas nossas redes sociais: @passageirodeprimeira e @lorenzotripo). Enquanto a festa ainda não começa, que tal relembrarmos juntos as cinco décadas da fabricante?
História
Apesar de comemorar o cinquentenário este ano, a Embraer surgiu um pouco antes de 1969. Na verdade, a ideia da empresa já veio na década de 40. À época, o mundo passava por um período duro de guerra e industrialização em massa. Foi então que o governo brasileiro, comandado por Getúlio Vargas, decidiu implantar uma indústria aeroespacial. Desde então, se iniciou a criação de uma base técnica visando substituir a dependência brasileira neste tipo de tecnologia – que precisava recorrer à empresas internacionais.
Pois bem, em 1946, foi criado o Centro Técnico de Aeronáutica (CTA), em São José dos Campos, São Paulo. Logo depois abrigou o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e, em 1953, o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IPD). Junto com os centros de engenharia chega um homem que viria a ser fundamental em todo o processo – Ozires Silva.
Ozires Silva em sua mesa, na Embraer
O Primeiro Avião Brasileiro
Ozires Silva é o principal nome da Embraer. O engenheiro ajudou na fundação da empresa e na construção do primeiro avião feito no Brasil. No ano de 1965, ele se encontrou com o designer francês Max Holste, a mandado do Ministério e, após o encontro, convidou Holste para fazer parte do projeto do primeiro avião de passageiros do Brasil. Com o francês aceitando, o plano foi posto em prática. Após três anos de desenvolvimento, o protótipo estava pronto, chamado de Bandeirante.
A data para a estreia do avião estava marcada para o dia 27 de outubro de 1968, mas Ozires e sua equipe decidiram por antecipá-la para o dia 22 de outubro. Agora que já tinha a aeronave, faltava ao Brasil uma estrutura para a produção de outros aviões.
Como o voo havia sido bem executado, o presidente da época, Arthur Costa e Silva, assinou o decreto para a criação da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), no dia 19 de Agosto de 1969. Era período da ditadura militar.
Embraer na época de produção do Bandeirante
Chegada ao Exterior e Expansão
- França
Depois de 1968, a empresa virou uma unanimidade no país, firmando parceria com a Força Aérea Brasileira (FAB) – atraindo atenção internacional. Logo, a companhia aérea Air Littoral, da França, encomendou o EMB 110P2, com 21 assentos, em 1977. Depois de atingir a Europa, foi a vez dos Estados Unidos se tornar um cliente e vez da Embraer se expandir.
- Estados Unidos
Depois de atingir a Europa, foi a vez dos Estados Unidos se tornar um cliente. Os americanos firmaram parceria com a Embraer um ano após chegar a empresa brasileira chegar na França. A primeira aeronave chegou à Terra do Tio Sam em 1978 e foi direto ao estado do Wyoming operar a Wyoming Airlines.
- Embraer Aircraft Company (EAC)
Vendo os Estados Unidos como um potencial cliente, a Embraer construiu seu primeiro escritório internacional no estado da Flórida – Embraer Aircraft Company (EAC). Apesar de estar situado atualmente em Fort Lauderdale, a empresa começou a atuar na cidade de Dania, em 1979, mudando-se para Lauderdale dois anos depois.
- Embraer Aviation International (EAI)
Já na América do Norte, foi a vez da Europa sediar o segundo escritório internacional da empresa. O local escolhido foi a França. A ideia não era apenas atender as demandas europeias, mas também fornecer suporte à Asia e África.
Escritório da Embraer em Amsterdã, Holanda
Privatização da Embraer
Após décadas de muito sucesso, a empresa sofreria um baque muito grande ao se aproximar dos anos 2000.
A década de 90 foi muito dura para a Embraer. A ideia era lançar uma avião mais tecnológico, mais veloz e mais silencioso. Para por esse plano em prática, a empresa se juntou com a Fábrica Argentina de Material Aeroespacial (FAMA), lançando assim, o CBA-123. Entretanto, com um cenário econômico mundial bastante conturbado, o turboélice não obteve o mesmo sucesso que seus antecessores e, por ser produzido com maior investimento, acabou gerando muitos gastos para a empresa – não tendo a adesão esperada.
Por conta do pouco sucesso que o projeto teve -e do investimento necessário para pô-lo em prática-, a empresa passou por graves situações financeiras e precisava de uma grande reformulação. Foi assim que, em 1994, Ozires Silva, voltou para a Embraer e assinou o seu processo de privatização.
CBA-123 no ar
Embraer nos anos 2000
- Impacto do E-Jets
No início dos anos 2000, foi anunciado o programa E-Jets (jatos comerciais com capacidade para entre 70 e 130 passageiros) e a Embraer foi intensificada pela sua participação no segmento de jatos executivos. Entre os anos 2000 e 2010, uma frota de E-Jets consolidou uma liderança global da Embraer no segmento de aviação comercial regional.
- Escolas da companhia
No ano de 2002, a empresa criou o Colégio Wanderley Juarez, que atende estudantes do ensino médio vindos da rede pública de ensino da região do Vale do Paraíba (onde a Embraer foi criada). Posteriormente, em 2013, outro colégio havia sido criado, o Casimiro Montenegro Filho – dessa vez na cidade paulista de Botucatu.
- Números
Desde sua criação, a Embraer já entregou mais de 8 mil aeronaves, transportando mais de 145 milhões de passageiros por ano.
Embraer E-Jets
Boeing Brasil-Commercial
Uma das principais notícias do ano passado foi a decisão da Embraer de fundir sua aviação comercial com a Boeing. A parceria estratégica reúne a liderança da fabricante norte-americana com a brasileira no setor aeroespacial e potencializará as linhas de produtos altamente complementares das duas empresas. A parceria é a evolução natural de um extenso histórico de colaboração entre Boeing e Embraer que remonta há mais de duas décadas.
Agora que já passamos por esse aquecimento você certamente está pronto para participar comigo da celebração de 50 anos da empresa. ?
Vamos nessa?
Acompanhe a cobertura no @passageirodeprimeira e @lorenzotripo.