Folha de São Paulo entrevistou CEO da LATAM Brasil – veja como foi

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Por Equipe

Em entrevista a Folha de São Paulo, o CEO da LATAM Brasil falou um pouco sobre o impacto do coronavírus no setor da aviação e turismo. Jerome Cadier participou de uma live no YouTube com a repórter Joana Cunha e falou o que esperar da aviação em um período pós-crise da saúde, bem como as medidas tomadas pela companhia durante a pandemia.

Jerome Cadier começou a entrevista apresentando dados de suas aeronaves em território brasileiro. Segundo o CEO, “atualmente a LATAM possui 160 aeronaves dentro do Brasil, das quais apenas 30 estão operando voos”. Cadier ainda lembrou que as outras 130 aeronaves que se encontram estacionadas geram bastante prejuízo para a empresa. “É muito caro manter um avião parado, pois. Além do valor do leasing que você deixa de recuperar, também deixamos de recuperar o dinheiro com a receita gerada pelos passageiros”.

Ao ser perguntado sobre algumas medidas tomadas pela IATA, como bloqueio de assentos, por exemplo, Joana citou a fala presidente da empresa lowcost Ryanair, que recentemente chamou de “idiotice” as medidas apresentadas pelas agências de aviação mundiais. O CEO, por sua vez, não utilizou as mesmas palavras do presidente da Ryanair, mas disse que a medida é muito dura. “Com assento do meio bloqueado, a capacidade do avião pode reduzir até pela metade, dependendo dos assentos do avião. Isso vai trazer uma ineficiência brutal no consumo de combustível, nos gastos que você tem e na receita gerada pelos passageiros”.

“Vai ser muito difícil a gente achar que a solução vem através de um bloqueio de assento. Agora, se realmente for necessário esse bloqueio por um período prolongado, então temos que reajustar essa recuperação – que estimávamos ser de três a quatro anos, para talvez uma década. Sem contar que a tarifa também tende a aumentar. Então vai ser bem complicado se a situação passar por isso”, completou.

Sobre o futuro da aviação, Jerome Cadier foi perguntado sobre corte de gastos e demissão de funcionários. Segundo ele, o corte de gastos tem de vir do governo, pois existem medidas que tornam a aviação no Brasil muito ineficiente. “Conseguimos reduzir o ICMS sobre o preço da querosene de aviação em São Paulo de 25 para 12%, mas ainda é bem alto (comparando com o Chile, em que não há ICMS sobre o produto). Reduzir o ICMS é baixar a arrecadação do estado, então tudo tem que ser bem pensado. Mas no final, tudo acaba sendo compensado pelo cliente, ou seja, a ineficiência do sistema e os altos custos cobrados às companhias aéreas que aqui operam, refletem em passagens mais caras”, explicou.

“Por exemplo, em 2019, a LATAM teve a menor taxa de cancelamento do mundo e a melhor taxa de pontualidade. Mesmo assim, pagamos 350 milhões de indenizações a passageiros – muito devido a condições meteorológicas. Sim, o Brasil é um dos poucos países do mundo que cobra devido a condições meteorológicas. No final, quem paga essa conta é o próprio passageiro, que entra na justiça contra a companhia aérea”.

“No ano passado, transportamos cerca de 30 milhões de pessoas só no Brasil. Do preço de cada passagem paga por esses passageiros, cerca de 20 reais foram direcionados às indenizações de passageiros em função dos cancelamentos de voo. Talvez seja esse um dos principais motivos de não haver tanta concorrência no mercado aéreo brasileiro (com apenas LATAM, GOL e Azul operando)”, finalizou.

Joana Cunha, repórter da Folha, relatou uma conversa com o CEO da Azul, John Rodgerson, em que ele disse que, caso o cenário continue assim e o apoio do governo não melhore, haverá um grande risco das companhias americanas chegarem ao Brasil e comprarem as empresas aéreas brasileiras “a preço de banana”. Jerome Cadier disse que “sem uma ajuda do governo é praticamente impossível a aviação se recuperar. O mercado de crédito está absolutamente fechado para nós, aí que entra o estado. Estamos pedindo acesso ao mercado de crédito e é isso que o governo precisa oferecer – capital de giro. A pior coisa que pode acontecer é não ter aviação quando essa crise diminuir ou acabar de vez”.

“Nos EUA, por exemplo, são 50 bilhões de dólares. Desse dinheiro, 25 bilhões de dólares é dado às companhias sem necessidade de pagamento, enquanto os outros 25 bilhões são empréstimos que permite o governo a virar um pequeno acionista das empresas ao longo dos próximos anos. O que se discute no Brasil é que não há doação, e sim instrumento onde o BNDES pode adquirir parte do controle e ações das empresas”, concluiu.

A repórter ainda perguntou como está a conversa com o BNDES. “Apesar do governo ter sido veloz em identificar o tamanho da crise no setor aéreo, até o momento não chegamos a um consenso. Porém, estamos otimistas que conseguiremos atingir um acordo nas próximas semanas, com a ajuda financeira chegando para o setor em junho”, disse ele.

“Apesar de ser bom receber a ajuda, também temos que exigir que ela nos permita crescer no futuro, não apenas algo que nos possibilite a chegarmos em dezembro com saúde financeira, mas algo que possamos olhar para o futuro”, completou.

Sobre o atual cenário de economia, Jerome Cadier disse que a LATAM não demitiu nenhum funcionário e que foi conversado com os sindicatos de todos os colaboradores da empresa, para que chegassem a um consenso. “Não teve demissão até agora. Houve preservação do quadro de funcionários. Sentamos com os sindicados que representam todos os 21 mil trabalhadores da LATAM no Brasil e negociamos a licença não-remunerada compulsória (trabalha 50% do tempo e recebe 50% a menos). Inclusive eu, estou ganhando 50% menos do que deveria ganhar num período normal”, disse.

“Além disso, oferecemos aos nossos colaboradores uma licença não-remunerada voluntária, ou seja, se o funcionário tem condição de não trabalhar, seja por economias, ou por conta de ajuda da família, então, nesse caso, ele não recebe nada – com exceção aos benefícios de vale alimentação, vale refeição e da assistência médica. Com isso, tivemos 6.700 pessoas que se candidataram pra essa licença – um exemplo brilhante e inspirador dos nossos funcionários para que possamos sair desta crise”.

Sobre futuros preços de passagens, Cadier foi realista e disse que a tendência é que se invertam os papéis. “Iremos encontrar um cenário de excesso de capacidade (muito mais avião do que passageiros). A media que isso acontece (mundo afora) tem um desejo das companhias de colocarem seus aviões para voarem. Existe uma tendência para que os preços caiam como forma de convidar os passageiros a voltar a voar. Agora, se a queda de preços for de 30, 40 ou 50%, só o tempo vai dizer”.

Sobre o futuro da aviação, o CEO optou por não prever nada, pois disse que previsões estão “sempre erradas”. É difícil estimar, mas algumas previsões dizem que vamos chegar ao final do ano com 30 ou 40% a menos passageiros que o ano passado. Talvez a recuperação completa seja em 2022, 2023, caso as aeronaves possam operar com capacidade máxima. Três anos de recuperação lenta e gradual”.

Para finalizar, Jerome Cadier ainda disse que a solução para o futuro da aviação não vem apenas das companhias aéreas, mas também dos fabricantes de aeronaves e agências de turismo. Precisamos sentar com nossos colaboradores, sindicatos, ANAC e discutir as regras pra sair dessa crise. É um apelo para que essas conversas aconteçam. A crise é muito profunda e temos de rever as regras juntos (todo o setor do turismo)”.

“Tínhamos um jeito de voar antes e provavelmente teremos um novo jeito de voar após isso tudo. Algumas dessas mudanças são temporárias, outras, definitivas. Mas ainda há muito o que aprender sobre o vírus, na medida que isso for descoberto, aí podemos fazer os ajustes necessários”, finalizou o CEO.


Assista a entrevista completa

O vídeo da entrevista – que tem em torno de 40 min de duração – está disponível abaixo:


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