A Lufthansa transformou um de seus principais aviões em um laboratório de pesquisa climática voador. O Airbus A350-900, apelidado de Erfurt com matrícula D-AIXJ, passou por reforma no centro técnico da empresa (a Lufthansa Technik) e vai começar a coletar dados atmosféricos que a companhia vai fornecer para vários institutos de pesquisas.
A conversão está em fase de planejamento há quatro anos envolvendo mais de dez empresas (Lufthansa, Lufthansa Technik, Airbus, Saf-ran, enviscope e Dynatec) bem como o Karlsruhe Institute of Technology (KIT) como representante de um consórcio científico maior. Como grande parte da frota da Lufthansa está parada, a companhia aérea não precisou retirar o A350 das operações para a realização das obras. Até o momento, a Lufthansa instalou o sistema de entrada de ar na barriga da aeronave. Em seguida, testou a inserção do sistema CARIBIC antes de calibrá-lo.

Sistema de entrada de ar instalado na barriga da aeronave. Divulgação: Lufthansa
Durante a transformação do avião, a Lufthansa instalou o que chamou de laboratório de medição CARIBIC (Civil Aircraft for the Regular Investigation of the atmosphere Based on an Instrument Container). Não é a primeira vez que um avião da Lufthansa possui esse sistema de medição. Anteriormente, a companhia aérea o instalou o CARIBIC em outro jato Airbus: o A340-600.
Para Annette Mann , Chefe de Responsabilidade Corporativa do Grupo Lufthansa, converter o A350 em um laboratório de pesquisa climática é um motivo de orgulho, pois faz com que a companhia contribua para a melhoria futura da emissão de gases na atmosfera.
“A conversão de nosso A350-900 ‘D-AIXJ’ em uma aeronave de pesquisa climática é algo muito especial para nós. Ficamos imediatamente entusiasmados com o plano de continuar o CARIBIC em nosso tipo de aeronave mais eficiente em termos de combustível. Podemos continuar a apoiar a pesquisa climática e atmosférica em sua importante tarefa em rotas de longo curso. Estamos ajudando a garantir que parâmetros climáticos particularmente importantes sejam coletados apenas na altitude onde os efeitos do efeito estufa atmosférico são amplamente gerados”.
O que o A350 irá coletar?
As modificações permitirão que a aeronave colete cerca de 100 gases diferentes, aerossóis e parâmetros de nuvem na região da tropopausa (a uma altitude de 9 a 12 quilômetros). Esses conjuntos de dados serão muito mais precisos do que aqueles coletados por estações de observação terrestre e de satélite, pois o avião estará bem no espaço de coleta, em vez de observá-lo de longe.
De acordo com a Lufthansa, os dados que estão sendo coletados pelo D-AIXJ serão usados para avaliar o desempenho dos modelos atmosféricos e climáticos atuais. Isso, por sua vez, permitirá que as agências científicas refinem seus modelos no futuro.
Sobre o A350 escolhido
A aeronave selecionada para a modificação (o D-AIXJ) tem cerca de três anos, sido entregue em 30 de maio de 2018. A aeronave partiu para o centro de tecnologia da Lufthansa em Malta para as obras de modificação no dia 11 de março. Em seguida, voltou a Munique no dia 30 de março. Desde então, ela voltou ao serviço comercial.
A modificação do avião em Malta é apenas uma das três etapas para transformar o veículo em um valioso instrumento científico. Assim que todo o trabalho da aeronave estiver concluído, o avião deve começar a coletar dados até o final do ano. O Erfurt deverá decolar de Munique no final de 2021 para seu primeiro voo a serviço da pesquisa climática.
Os parâmetros relevantes para o clima podem ser registrados nesta altitude com muito maior precisão e resolução temporal a bordo da aeronave do que com sistemas baseados em satélite ou baseados em solo.
A Lufthansa pode usar esses dados coletados para avaliar o desempenho dos modelos atmosféricos e climáticos atuais e, portanto, uma espécie de previsão para o clima futuro da Terra. O Grupo contribui com a pesquisa climática desde 1994 e, desde então, equipou várias aeronaves com instrumentos especiais. No entanto, é a primeira vez na história que uma aeronave Airbus A350-900 é modificada para se tornar um laboratório de pesquisa climática.