O papel dos bancos no valor das milhas e pontos

Você já parou para se perguntar o papel dos bancos, no valor das milhas e pontos que você usa para resgatar passagens aéreas, hospedagens em hotéis ou mesmo a compra de produtos e serviços? Nessa matéria, vamos mostrar a relação de interdependência entre os valores dos pontos dos programas de fidelidade bancários, como Livelo e Esfera, e os valores em que os programas de fidelidade de empresas aéreas comercializam milhas e pontos.

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O valor padrão das milhas e pontos
Os programas de fidelidade dos grandes bancos
Promoções regulares de venda de milhas e pontos com desconto
O custo médio dos pontos e seu impacto nos resgates
Comentário

O valor padrão das milhas e pontos

Se você pesquisar em qualquer dos seus programas de fidelidade aéreos, verá que há um valor padrão de milhas e pontos, tabelado em R$70 o bloco de mil milhas/pontos.

Exemplo de compra de 1.000 pontos TudoAzul, mas esse é o valor padrão dos programas nacionais

Nesse valor de tabela, as passagens emitidas com milhas ou pontos custariam, na maioria dos casos, mais caro que as passagens pagantes.

Passagem pagante:

valor milhas pontos bancos

Passagem por pontos:

valor milhas pontos bancos

Como se vê, o valor pago do voo paradigma seria de R$ 791,32, que resgatado como bilhete-prêmio, custaria 29.000 pontos. Acaso os pontos fossem precificados a R$70 o milheiro, teríamos um custo de R$ 2.030,00, quase três vezes mais caro.

Esse, portanto, é valor “pra inglês ver”, pois não faria sentido resgatar passagens ou qualquer outro produto e serviço com base nesse custo de milhas/pontos.

Os programas de fidelidade dos grandes bancos

Dos grandes bancos brasileiros, destacam-se o programa Livelo, que é uma joint venture de Branco do Brasil e Bradesco, o programa Esfera, do Santander, iupp, do Itaú e Programa Pontos Caixa, da CEF.

Desses, apenas iupp e CAIXA não têm opção de compra de pontos (no início, havia essa opção no iupp, mas foi suspensa e até o momento não retornou). Ambos também não oferecem assinatura de clube.

Tanto Livelo quanto Esfera, oferecem a possibilidade de compra de pontos, também com o valor tabelado em R$70 reais para o bloco de 1.000 pontos.

Exemplo de compra de 1.000 pontos Esfera

Em ambos, também existe o serviço de assinatura do Clube de Pontos. A Livelo possui os Clubes Classic, Plus, Super, Mega e Top, cujos valores vão de 41,90 (Clube Classic), até 799,90 (Clube Top), ao passo que o Esfera possui os Clubes 200, 1.000 5.000 e 20.000, com valores que variam de 27,90 (Clube 200) a 839,90 (Clube 20.000).

Promoções regulares de venda de milhas e pontos com desconto

Mesmo que em situações excepcionais, possa compensar a compra de pontos pelo “preço de etiqueta”, para aproveitar alguma promoção de transferência bonificada para parceiros aéreos, em regra a compra de pontos no valor tabelado, de R$70 o milheiro, não é um bom negócio.

Acontece que há promoções em que esses pontos são vendidos com desconto. Tanto Livelo quanto Esfera, fazem promoções frequentes em que seus pontos são vendidos com descontos entre 40% e 50%, a depender do preenchimento de determinados requisitos, muitas vezes vinculado à assinatura de um dos clubes.

Aliás, a compra de pontos com 40% de desconto, na Livelo, e 20% na Esfera, são benefícios permanentes dos assinantes dos clubes.

Compra de Pontos Livelo com 40% de desconto

Além da compra permanente de pontos com 40% de desconto, veja na imagem acima que na Livelo ainda há o benefício de comprar pacotes de pontos com 50% de desconto a cada quatro meses. O pacote varia de acordo com o clube assinado. Em qualquer desses pacotes, o bloco de mil pontos custa R$35, o que é excepcional.

De qualquer maneira, vamos tomar como parâmetro o desconto de 40%, que é o percentual de desconto mais comum em ambos os programas.

Com esse desconto, o bloco de mil pontos, tanto Livelo quanto Esfera, custa R$42.

Considerando que ambos são associados aos programas de fidelidade das três grandes aéreas nacionais – GOL, Azul e LATAM – com taxa regular de transferência 1:1, ainda não teríamos um valor muito atrativo, dados os valores comuns de resgate de passagens com milhas/pontos.

Entretanto, os programas de fidelidade dos bancos – Livelo e Esfera dentre eles – têm conseguido negociar boas promoções de transferência bonificada com esses parceiros aéreos, com percentuais que chegam a ultrapassar 100%, sob certas condições.

A propósito, mesmo que não comercializem pontos ou clubes, outros programas de fidelidade de grandes bancos, como iupp, do Itaú e o Programa Pontos Caixa, da CEF, também têm negociado boas transferências bonificadas com esses parceiros.

Mas, como temos referência de preços apenas nos programas que comercializam pontos ou clubes, vamos manter o foco nos valores de Livelo e Esfera.

O custo médio dos pontos e seu impacto nos resgates

Custo

Levando em conta a média das transferências bonificadas entre 80% e 100%, temos que aqueles pontos Livelo ou Esfera, comprados por R$42 (desconto de 40%), transformam-se em milhas e pontos dos parceiros aéreos por valores entre R$21 e R$23 reais. Some-se a isso os pacotes de pontos Livelo vendidos quadrimestralmente a R$35 o milheiro e as promoções esporádicas de Livelo e Esfera com 50% de desconto, e teremos valores médios na casa dos R$20 reais para mil pontos.

E ainda se deve levar em conta que os usuários geram muitos pontos sem custo efetivo, decorrentes dos gastos regulares de consumo, de modo que não seria exagero dizer que o custo real das milhas e pontos das empresas aéreas, em relação aos clientes que utilizam o cartão de crédito e os programas bancários como o principal fator de geração, ficam em torno de R$20 o milheiro, mesmo que não aproveitem as promoções de venda de pontos com 50% de abatimento.

Isso tem repercussão sobre os valores que a empresa negocia milhas e pontos do seu próprio programa, porque não fará sentido comprar diretamente da empresa aérea, se esse valor for superior ao resultante da transferência bonificada do parceiro bancário.

O contrário também ocorre, ou seja, não haverá sentido transferir seus pontos de programas de bancos e cartões de crédito, acaso seja mais barato comprar diretamente no programa de fidelidade aéreo.

Há, como se vê, uma clara interdependência dos valores praticados, que se correspondem e equilibram.

Resgate

Para demonstrar que esse custo acima comentado, está refletindo o “poder de compra” na hora do resgate, vejamos a emissão abaixo, para voar com a LATAM entre São Paulo e Brasília, tanto pagante, quanto em pontos LATAM Pass:

Passagem pagante:

Passagem por pontos:

Esses são os menores preços praticados na data, para voo direto. O custo do resgate award é de 26.300 pontos LATAM Pass, mais R$52 em taxas aeroportuárias. Atribuindo-se o custo de R$20 por milheiro, essa passagem custaria R 526 + R$52, ou R$ 578.

Pagante, a passagem custa R$720,42, ou aproximadamente 20% mais caro que o bilhete em pontos.

Como se vê, o custo dos pontos está refletindo a precificação do resgate award, que por sua vez, guarda correção com o valor pagante do bilhete, com redução, como se era de esperar.

Claro que haverá dias em que esse resgate custará muito mais barato, como nas promoções, mas também haverá sensível redução do valor pagante desse bilhete.

Comentário

Parece positivo o papel que os bancos vêm desempenhando nesse balanço de formação de preços de milhas e pontos, especialmente de programas como Livelo e Esfera, que, ao permitirem a aquisição direta de pontos e usarem seu “poder de fogo”, para negociar boas transferências com os parceiros aéreos, acabam criando um teto para a venda de milhas e pontos por esses programas de fidelidade. O consumidor agradece!