Você sabia que as aeronaves são atingidas por raios em torno de 50 vezes por dia no espaço aéreo internacional? Mas a aeronave pode suportar isso muito bem. O Blog da KLM publicou uma matéria bastante interessante sobre o que acontece quando um raio atinge uma aeronave. Vamos compartilhar com você alguns fatos curiosos sobre o assunto.
Chuva, trovões, raios e aeronaves parecem uma péssima combinação. Porém, os aviões são frequentemente atingidos por raios e são preparados para isso. Segundo informações da IATA (Associação Internacional de Transporte Aéreo), todas as aeronaves comerciais em todo o mundo (são cerca de 23.600) são atingidas por um raio uma ou duas vezes por ano. Quando o raio atinge o avião, cerca de 200.000 amperes passam através da aeronave (seus fusíveis se desarmam com 16 amps). A maioria dos raios ocorre quando há turbulência moderada ou intensa e em temperaturas próximas ao ponto de congelamento. Mas a temperatura de um raio é altíssima, cerca de 30.000 °C. Já no caso dos relâmpagos, ocorrem com maior frequência em altitudes entre 5 e 20.000 pés (1,5 e 6 km), geralmente durante a decolagem e o pouso.
O que acontece quando um raio atinge uma aeronave?
No vídeo abaixo você pode ver um Boeing 777-300 da KLM sendo atingido por um raio. Este vídeo exclusivo foi filmado por Ralph Valkenier (KLM Apron Services) enquanto a aeronave estava a caminho de Lima, quando foi atingido do lado esquerdo abaixo do cockpit durante a subida da pista de Polderbaan a pouco menos de 2.000 pés (± 609 metros).
O raio saiu para fora da aeronave pela asa esquerda. Este é um fenômeno comum. Uma aeronave é frequentemente atingida em uma de suas extremidades, como a ponta da asa, o cockpit ou a cauda, e o raio deixa a aeronave por outro ponto. Então, o raio viajou um pouco pela fuselagem. Durante uma tempestade, partículas negativas e positivas participam de uma espécie de dança de guerra. Quando uma aeronave voa no meio delas, elas agem como um para-raios devido ao atrito.
Então, o que acontece exatamente? Uma aeronave conduz eletricidade da mesma forma que uma Gaiola de Faraday. Campos elétricos estáticos são incapazes de penetrar na gaiola. Aeronaves mais antigas, particularmente os Boeings 747 e 777, conduzem eletricidade com muita facilidade porque são feitas de alumínio. Muitos novos tipos de aeronaves, como o Dreamliner, o Embraer e o A350, são cada vez mais feitos de materiais compósitos mais leves, como o plástico. É por isso que esses aviões têm um tipo de pele feita de malha de cobre ultrafina que cobre os componentes de plástico, ou tinta de alumínio especial que conduz eletricidade. Esta cobertura de pele conduz eletricidade ao longo da parte externa da cabine, dos compartimentos de carga e tanques de combustível. Os para-raios no final das asas, muitas vezes varrem o raio para longe. Então, a aeronave é parte do caminho do raio para o chão. Isso significa que você está sempre seguro na cabine.
Aeronaves têm as chamadas “wicks estáticos” (fios de metal finos atrás das asas) que garantem que a carga acumulada causada pela queda do raio seja liberada durante o voo. Os aviões têm todos os tipos de mecanismos para se certificar de que os 200.000 amperes que podem passar por elas sem afetar a eletrônica e seus sistemas. Isso é inteiramente testado antes de uma aeronave entrar em operação. Esses testes simulam raios na fuselagem e nos componentes internos.
O que você sente se for um passageiro? O que o piloto percebe?
O que você realmente sente de dentro da aeronave? A boa notícia é que você não percebe quase nada. Há um relâmpago. Você ouve um estrondo que às vezes pode ser bem alto. E é só isso! Segundo Edgar Holthuis, o piloto que estava comandando a aeronave do vídeo. “Nos meus 23 anos de voo, esta foi a primeira vez que a minha aeronave foi atingida por um raio. Era meados de novembro e estávamos a caminho de Lima. Logo após a decolagem, vimos um relâmpago e ouvimos um estrondo. Com exceção disso, nem percebemos o impacto do raio”.
Os pilotos sempre notificam imediatamente as torres de controle ou os aviões próximos da queda de um raio. Eles fazem isso para informar outros membros de tripulação, se estes ainda não tiverem sido notificados pelo radar meteorológico. O impacto do raio também é relatado para que a aeronave possa ser examinada quando estiver em terra.
Depois do raio, o piloto verificou se todos os sistemas ainda estavam funcionando normalmente. Quando os sistemas funcionam normalmente, a aeronave pode continuar voando.
Trabalho em solo
Como passageiro, você não percebe muita coisa. No entanto, isso significa às vezes muito trabalho para o pessoal de terra. O protocolo é que a aeronave deve passar por uma inspeção visual pelo departamento de manutenção antes da próxima partida. Um relâmpago pode fazer com que a tinta escorra e deixe marcas na borda traseira das asas e extremidades da cauda. O engenheiro de chão inspeciona tudo e procura os pontos na fuselagem onde o raio a atingiu e o ponto onde o raio deixou a aeronave. O ponto em que o raio bateu pode ser tão pequeno quanto a ponta de um lápis!
Durante a inspeção de rotina, a equipe percorre todos os 36 metros da fuselagem e verifica toda a aeronave. “Em 80% dos casos, a aeronave está disponível para operação novamente após 20 horas. Leva quatro horas no hangar para detectar qualquer dano à aeronave.” disse Andres, Engenheiro Chefe de Solo. Para facilitar as inspeções, a equipe vem utilizando drones, o que economiza bastante tempo.
E você, já passou para alguma situação dessa?