Você sabe o que são acordos de interline, codeshare e joint venture? Usualmente companhias aéreas estabelecem estes acordos com companhias que as complementam em algo que elas próprias não podem oferecer. São termos relativamente comuns na aviação e que estamos sempre comentando aqui no site.
Neste post falamos de maneira didática sobre o significado dos acordos de interline, codeshare e joint venture na prática.
O que é o acordo de interline
O acordo de interline foi criado basicamente para proporcionar um incômodo menor ao passageiro que reservará um bilhete com mais de uma companhias aérea. Esse tipo de acordo permite que o passageiro reserve um bilhete com a ‘companhia aérea X’ e também voe com a ‘companhia aérea Z’ dentro do mesmo bilhete. É o nível mais básico de cooperação entre empresas aéreas.
Normalmente, quando duas companhias aéreas tem um acordo de interline em vigor elas lidam com o check-in e despacho de bagagem uma da outra. Em outras palavras, você faz check-in com a ‘companhia aérea X’ e depois continua o seu trajeto com a ‘companhia aérea Z’ sem a necessidade de realizar um novo check-in. Sua bagagem será automaticamente transferida entre as companhias e você só vai retirá-la no seu destino final.
- Exemplo:
A GOL tem um acordo de interline com a Voepass Linhas Aéreas. Isso permite que a GOL comercialize bilhetes de Belo Horizonte a Araguaína – mesmo que a companhia não opere voos para a cidade no Tocantins. Neste caso, a GOL será responsável pelo 1º trecho (Belo Horizonte x Brasília) e a Voepass será responsável pelo 2º trecho (Brasília x Araguaína). O passageiro fará um único check-in e vai retirar a mala apenas no fim da viagem.
Acordos de interline são superficiais e companhias aéreas de médio e grande porte podem ter dezenas (e até centenas) deles. A GOL por ex., tem 47 acordos de interline (incluindo com companhias como a United e a Iberia). A LATAM, por sua vez, tem 82 acordos de interline.
O que é o acordo de codeshare
O acordo de codeshare é visto como o próximo passo do interline. É uma parceria um pouco mais profunda e requer mais cooperação entre as companhias aéreas.
Esse tipo de acordo permite que companhias trabalhem em conjunto colocando “códigos” no voo umas das outras. Para quem não sabe, cada companhia aérea tem um código definido pela IATA (Associação Internacional de Transporte Aéreo) – a LATAM é representada pela sigla LA, a Azul pela sigla AD, a GOL pela sigla G3 e assim acontece com todas as companhias aéreas mundo afora filiadas a associação.
O que está sendo feito neste acordo, de fato, é o “compartilhamento da aeronave”. A ‘companhia aérea Z’ comercializa um bilhete com o seu próprio código, como se fosse o seu próprio voo – contudo, o trajeto será operado pela ‘companhia aérea X’. A ideia é que isso seja benéfico para ambas as companhias aéreas, impulsione seus negócios e aumente o número de voos que cada passageiro tem acesso. Em outras palavras, uma companhia aérea alimenta a malha da outra.
- Exemplo:
A LATAM Brasil e a Azul anunciaram um acordo de codeshare. Isto significa que você poderá emitir voos da LATAM de São Paulo a Fernando de Noronha (um destino que a companhia não opera). O 1º trecho (São Paulo x Recife) será operado pela própria LATAM e o 2º trecho (Recife x Fernando de Noronha) será operado pela Azul. Este 2º trecho terá duas numerações de voo, como por ex., AD4440 e LA1234.
*Este é apenas um exemplo ilustrativo – já que não sabemos se o voo de Recife a Fernando de Noronha da Azul entrará no acordo de codeshare com a LATAM.
O que é uma joint venture
A joint venture é uma parceria tão estreita que representa o nível máximo de cooperação. Quando companhias aéreas entram em uma joint venture, elas se tornam uma “grande companhia aérea” – controlam preços, compartilham receitas e coordenam horários (se tem dois voos entre a ‘companhia aérea X e a Z’, eles não precisam decolar ao mesmo tempo – o cronograma passa a ser coordenado a fim de oferecer novas opções de partidas).
Normalmente, a joint venture é firmada com companhias aéreas de diferentes regiões geográficas. Os detalhes de como esse tipo de acordo funciona varia de acordo com as companhias aéreas envolvidas e suas necessidades. Ele precisa ser aprovado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) ou o órgão regulador dos países de atuação das respectivas empresas. Isso porque um player acaba sendo eliminado do mercado, o que pode levar a tarifas mais altas à medida que a concorrência diminui.
A joint venture, entretanto, pode ser muito benéfica para o consumidor. Ela proporciona mais opções de voos em termos de horário, já que as companhias estão operando como uma só. As empresas ainda tentam tornar a experiência o mais consistente possível entre as marcas.
- Exemplo:
No passado, a LATAM tentou firmar uma joint venture com a American Airlines. Porém, enquanto órgãos reguladores do Brasil, Colômbia, Chile e Uruguai aprovaram a proposta, a Suprema Corte do Chile a vetou por considerá-la prejudicial ao mercado do país. As companhias até pensaram em remover o Chile do alcance geográfico da joint venture, contudo, essa ideia não foi pra frente.
A LATAM criou então laços com a Delta Air Lines – companhia na qual não encontrou impedimentos para estabelecer um acordo de ‘joint venture transamericano’. Esse acordo combina as malhas aéreas das companhias entre a América do Norte e América do Sul, proporcionando aos clientes uma experiência de viagem única e com maior conectividade.
- Outros Exemplos:
Air France-KLM, Delta Air Lines e Virgin Atlantic: as companhias estabeleceram uma joint venture com o objetivo de oferecer uma maior variedade de rotas e opções de fidelidade em viagens entre América do Norte, Europa e Reino Unido.
British Airways, Iberia, American Airlines e Finnair: as quatro companhias da oneworld (vale notar) uniram esforços para proporcionar um serviço de melhor qualidade através de uma rede global que une cidades estratégicas com voos transatlânticos.
Qantas e Emirates: a malha combinada entre a Qantas e Emirates fornece uma das redes internacionais mais abrangentes do mundo, oferecendo aos passageiros uma ampla gama de opções de viagens.
Comentário
A indústria da aviação tem critérios bem definidos para acordos e parcerias. Estes critérios são regulados no mundo inteiro e na grande maioria das vezes são menos complexos do que aparentam ser. Há exceções e detalhes que podem variar dependendo dos acordos de interline, codeshare e joint venture que foram colocados em prática – todavia, em linhas gerais, eles não fogem muito de suas essências. Esperamos que isso te ajude durante suas leituras no site.
Você já conhecia essas terminologias e suas respectivas definições?