Em junho comentei nesse post sobre o Project Sunrise – a iniciativa da australiana Qantas para voar sem escala da Austrália para vários destinos no mundo (incluindo o Brasil). Hoje a companhia anunciou que irá operar, até o final do ano, voos testes entre Londres e Sydney, e Nova York e Sydney. A companhia irá utilizar Boeing’s 787-9 para as simulações reais. A fim de minimizar o peso da aeronave e ter o combustível necessário para completar o percurso, cada voo terá no máximo 40 pessoas (entre tripulação, pesquisadores e colaboradores).
Os poucos passageiros na cabine participarão de experiências específicas em diferentes estágios do voo, equipados com dispositivos de tecnologia vestíveis. Cientistas e especialistas médicos monitorarão padrões de sono, consumo de alimentos e bebidas, iluminação, movimentos físicos e entretenimento de bordo para avaliar o impacto na saúde e bem-estar.
Um trabalho será feito junto aos pilotos para registrar níveis de melatonina da tripulação antes, durante e após os voos. Os pilotos usarão um EEG (eletroencefalograma) – dispositivo que acompanha os padrões de ondas cerebrais e monitora o estado de alerta. Com isso espera-se estabelecer dados que vão auxiliar na construção de trabalho padrão e descanso ideal para pilotos que operam voos de ultra long-haul. Para os passageiros, o propósito é minimizar os efeitos do jet lag.
Nenhuma companhia aérea comercial na história já voou entre Nova York (JFK) e Sydney (SYD). “Voar sem escala da costa leste da Austrália para Londres e Nova York é verdadeiramente a fronteira final na aviação, por isso estamos determinados a fazer todo o trabalho de base para conseguir este feito”, disse o CEO da companhia, Alan Joyce.
Fatos-chave
- Os voos de Nova York e Londres para Sydney levarão cerca de 19 horas cada, sujeito a condições meteorológicas e variações do vento;
- A aeronave sairá da fábrica da Boeing em Seattle e voará direto para os seus pontos de partida em Nova York (para dois dos voos testes) e Londres (para um voo teste);
- Os três voos acontecerão em outubro, novembro e dezembro, de acordo as entregas programadas com a Boeing;
- Os voos terão até 40 pessoas (incluindo tripulação) a bordo e o mínimo de bagagem e catering, a fim de estender o alcance do B787-9;
- Aqueles na cabine serão na maior parte empregados de Qantas que participarão no teste. Não haverá venda de bilhetes;
- Após os voos, cada aeronave entrará em serviço regular com a Qantas International – com “apenas algumas milhas” extras no relógio;
- A Qantas opera o maior esquema de compensação de carbono de companhias aéreas no mundo. Este mesmo programa será usado para compensar todas as emissões de carbono destes três voos;
- A Qantas já voou sem parar de Londres para Sydney em 1989 para marcar a entrada em serviço do Boeing 747-400. Esse voo tinha um total de 23 pessoas a bordo.
Comentário
Ainda que o projeto seja empolgante e deixe muita gente animada mundo afora, há dúvidas sobre as reais intenções da Qantas. Blogs norte-americanos apontam que toda essa simulação de voos testes não passa de uma (bela) jogada de marketing. O Boeing 787-9 também não deverá ser a futura escolha da companhia. A alternativa comercial viável ficará entre o Airbus A350-1000ULR e o Boeing 777X.
Todavia, mesmo que os planos da companhia não se concretizem, acredito que os resultados dessas pesquisas possam aprimorar a qualidade de voos de longa distância já existentes. A decisão final sobre o Project Sunrise é esperada para o último mês do ano.
Qual é a sua expectativa sobre o projeto?