Janela fake? Conheça a tecnologia da Emirates que permite quem está no corredor observar a paisagem durante o voo

Já ouviu falar da janela fake da Emirates? Graças à tecnologia, a companhia conseguiu garantir que todos os assentos – inclusive no corredor – de sua Primeira Classe tivessem uma vista para o mundo exterior, mesmo que através de telas.

emirates janela fake

Janela “fake” da Emirates

Gostou da vista da foto acima? Você acreditaria se eu disser que essas janelas não são reais e que este assento fica no corredor do avião?

As janelas são, na verdade, telas de TV que mostram imagens do mundo exterior geradas por câmeras de circuito fechado, e montadas em molduras de janelas nas paredes da suíte da Primeira Classe da Emirates. Assim, quem se senta no corredor da game changer desfruta das mesmas vistas que quem está nas poltronas junto às janelas. Ou seja, não existe mais aquela clássica questão “Janela ou corredor?” na hora de escolher o assento, já que em ambos os casos você tem acesso à vista.

Desde sua estreia em 2018, as janelas virtuais cativam a imaginação do público que voa. O que está por trás desse recurso inovador foi o desafio de criar um elemento tecnológico que padronizasse a experiência de cabine de Primeira Classe, independentemente se fosse um assento de janela ou corredor. E essa tarefa foi assumida por uma unidade especial da fabricante de interiores Collins Aerospace.

A ideia da janela fake surgiu durante conversas entre a fabricante e a Emirates, que queria aprimorar as suítes do meio de sua cabine de Primeira Classe. Juntas, chegaram à ideia de imitar janelas reais de aeronaves e usar telas para mostrar vistas do lado de fora da fuselagem em tempo real.

Embora levar o projeto do conceito ao protótipo tenha sido relativamente simples, incorporar a ideia a bordo foi muito mais complexo.

Fatores estruturais

Enviar imagens de vídeo para a cabine a partir de câmeras montadas na aeronave não é algo novo na aviação. Porém, estas imagens normalmente são relativas ao que está na frente ou atrás do avião. O que nunca havia sido feito era aparelhar as laterais da fuselagem. Assim, a equipe da Collins abordou a Boeing para entender a viabilidade de fazer algo do gênero. Em seguida, realizaram um estudo de design para definir o que era possível.

A partir dele, o time concebeu uma solução de montagem, que envolvia substituir uma janela tradicional externa por uma estrutura especial para abrigar as câmeras. Isso permitiu que as elas capturassem vistas do exterior sem o problema de reflexos que ocorreriam se fossem montadas atrás de uma janela convencional.

emirates janela fake

Nível de realismo

A chave do projeto era fazer pessoas acreditarem que as janelas eram reais após um curto período de adaptação. Para dar essa sensação de autenticidade, câmeras independentes alimentam cada conjunto de três janelas, com diferentes campos de visão e ângulos para imitar vistas realistas.

Além de alcançar o grau esperado de realismo, a resolução e as características de taxa de quadros eram fundamentais para renderizar vistas nítidas e autênticas. Câmeras e lentes potentes também eram necessárias para levar em consideração uma série de condições que ocorrem fora da aeronave e que afetariam o realismo das vistas que entravam na cabine.

A quantidade de luz, ou sua ausência, era fator primordial. Os sistemas de lentes tiveram que levar em conta a superexposição oriunda de luz solar intensa do meio dia e a exposição adequada para imagens em plena noite. O conjunto foi exposto à água, gelo e outras condições naturais durante os testes para determinar como os fatores climáticos afetariam as vistas.

Ajustando automaticamente em tempo real para as condições ambientais, as câmeras não apenas evitam a superexposição à luz intensa, mas os passageiros podem olhar diretamente para o sol, o que não é possível (nem recomendado) no mundo real. À noite, é possível ver as estrelas de forma mais vívida pois as câmeras são mais poderosas do que o olho nu. E, quando começa a chover, as câmeras ajustam automaticamente o foco na distância para manter o realismo.

Fatores humanos

O bem-estar das pessoas também foi objeto de análise. Especialistas em fatores humanos, que compreendem os efeitos que os produtos podem ter nas capacidades mentais, perceptuais e físicas das pessoas, também fizeram parte do time para aperfeiçoar as características de funcionamento. Assim, garantiram que quem se sentar perto das janelas fake não tivesse enjoo ao olhar para as telas.

O tempo de latência da câmera para a tela também foi um ponto de atenção, para que as vistas das janelas virtuais estejam sincronizadas com o movimento da aeronave. Isso não apenas era crucial para fazer as janelas parecerem realistas, mas também era importante para evitar que as pessoas se sentissem mal. Portanto, chegou-se à latência final do conjunto, de 80 milissegundos, imperceptível para o olho humano.

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Comentário

Mais de meia década após sua estreia, as janelas virtuais continuam sendo uma adição que chama a atenção de passageiros e entusiastas. Ainda não se sabe para onde mais esta tecnologia irá. A própria Emirates já sinalizou pensar em aviões 100% sem janelas reais, o que ajudaria na aerodinâmica e na economia de combustível. No entanto, ainda é objeto de discussão, principalmente pois poder observar imagens reais do exterior da aeronave faz parte de importantes procedimentos de segurança.

Pessoalmente, como membro ferrenho do time janela, gostaria de testar como as janelas virtuais se saem em fotografias, já que as reais proporcionam fotos fantásticas no meio do voo. Além disso, como alguém que trabalha o dia todo olhando para uma tela (de computador), fico curioso sobre o cansaço visual provocado pelo sistema após horas em um voo intercontinental.

Acho que preciso voar pessoalmente na Primeira Classe da Emirates para tirar a prova nessa janela fake, e vocês?