Viajar mais rápido que o som sempre despertou fascínio, e também desafios. Duas décadas após a aposentadoria do lendário Concorde, a NASA aposta em um caminho diferente com o X-59 QueSST, um jato experimental que não pretende repetir os erros do passado, mas mostrar que voar supersônico sobre terra pode ser silencioso, seguro e, no futuro, viável para a aviação comercial.
X-59 é o novo Concorde?
O Concorde marcou época com sua velocidade incrível, mas foi aposentado em 2003 devido a altos custos e, principalmente, ao barulho ensurdecedor do “boom sônico”. Já o X-59 foi desenhado para enfrentar justamente esse problema.
Seu formato alongado, asas inclinadas e motor posicionado no topo espalham as ondas de choque, transformando o estrondo em um som suave, descrito pela NASA como um “sussurro supersônico”, algo parecido com o barulho de uma porta de carro se fechando ou um trovão distante.
O objetivo não é transportar passageiros, mas coletar dados técnicos e sociais. Sensores no solo e comunidades selecionadas vão avaliar como as pessoas percebem esse som e se ele é tolerável em cenários reais.
Como serão os testes do X-59
O projeto segue dividido em três fases:
Fase 1 (2025): primeiros voos em ambiente controlado na Califórnia, com aceleração gradual até o voo supersônico.
Fase 2 (2026): validação acústica em campo restrito, medindo se o “sussurro supersônico” realmente acontece.
Fase 3 (2026–2028): voos sobre cidades selecionadas, combinando percepções dos moradores e registros técnicos.
A ideia é que, com dados sólidos, autoridades de aviação civil possam considerar novas regras, em vez da proibição atual de ultrapassar Mach 1 sobre áreas povoadas, um limite baseado no nível de ruído aceitável.
Desafios e impacto ambiental
Apesar do entusiasmo, o programa do X-59 enfrenta obstáculos. O orçamento já ultrapassa US$ 800 milhões, cerca de 80% acima do previsto inicialmente, devido a ajustes técnicos complexos e atrasos causados até pela pandemia.
Outro ponto de crítica está no impacto ambiental. Pesquisas indicam que aviões supersônicos podem consumir de quatro a nove vezes mais combustível do que os convencionais e, por voarem em altitudes maiores, suas emissões tendem a gerar efeitos climáticos ainda mais intensos.
A NASA reconhece esses desafios, mas afirma que continua investindo em tecnologias de eficiência energética e no uso de combustíveis sustentáveis. Ainda assim, o X-59 é apenas um passo em uma longa jornada para viabilizar a aviação supersônica de forma equilibrada e responsável.
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Comentário
O X-59 não é um novo Concorde, mas talvez seja a chave para abrir as portas de uma aviação supersônica sustentável e silenciosa. Como vimos, ainda existem barreiras técnicas, ambientais e regulatórias, mas o projeto mostra que há um esforço global em repensar o futuro da aviação. Os próximos anos serão decisivos para entendermos se esse “sussurro supersônico” poderá marcar o início de uma nova era nos céus.
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