Para quem não conhece, o Paris Air Show é considerado a maior feira da indústria aeronáutica do mundo. O evento ocorre todo ano ímpar desde 1909 e reúne os maiores nomes da aviação mundial, de fabricantes a compradores.
É durante a feira que muitos contratos de vendas de aeronave são anunciados, o que dá ao mercado um panorama de como os principais fabricantes de aeronave estão se saindo. A Boeing começou o evento em um ritmo lento. Com as recentes polêmicas envolvendo o 737 MAX, que está “groundeado” há três meses, a empresa terminou o seu primeiro dia de feira sem receber um único pedido.
Enquanto isso, depois que a Airbus anunciou o seu novo A321XLR na segunda-feira, a empresa francesa recebeu, quase que imediatamente, pedidos de compra de companhias aéreas como a American Airlines e a Middle Eastern Airlines.
A volta por cima da Boeing
A surpresa veio na terça-feira quando o International Airlines Group (IAG) assinou uma carta de intenção junto à Boeing para a compra de 200 Boeings 737 MAX, um contrato avaliado em mais de 24 bilhões de dólares.
O pedido feito pelo grupo que controla empresas como a Aer Lingus, British Airways e Iberia, foi o que salvou a fabricante americana de uma desempenho pífio durante o evento. Se não fosse por isso, fabricantes menores como a Embraer e ATR teriam conseguido mais contratos do que a Boeing durante a feira.
A Airbus, por outro lado, terminou a feira conquistando novos negócios para 363 aeronaves comerciais, sendo 149 pedidos e 214 compromissos, sendo a fabricante que mais vendeu durante a feira. O destaque de vendas ficou por conta do novo A321XLR. A aeronave de corredor único e longo alcance recebeu 48 pedidos, além de compromissos para outras 79 aeronaves e 99 conversões do A321 para o XLR.
Comentário
Esse é um ano muito especial para a Airbus pois a empresa está completando 50 anos de existência. E mesmo começando a feira com fortes expectativas, a fabricante não decepcionou pelo número de contratos fechados durante o evento.
Quem sai com fôlego novo, porém, é a Boeing, que recebeu um sopro de esperança inesperado no seu programa MAX. Apesar disso, analistas especulam que a fabricante americana não irá lucrar muito com o contrato da IAG. Dado o desespero da empresa em vender suas aeronaves somado à grande quantidade de aviões anunciados no acordo, é provável que o grupo europeu tenha comprado os 737 MAX com um desconto considerável. E apesar do modelo problemático da Boeing continuar impedido de voar em todo mundo, a empresa comemorou – e muito – o novo pedido. No final, parece que mais vale o contrato na mão do que aviões voando.