Uma das principais fabricantes de aeronaves do mundo, a Boeing, emitiu uma nota para lamentar e esclarecer mensagens vazadas de um ex-piloto de testes da empresa, na qual alertava uma possível falha no 737 MAX, no ano de 2016.
Entenda o caso
Em mensagens trocadas em 2016, um piloto da Boeing expressou apreensão sobre um mecanismo envolvido nos dois acidentes fatais, ocorridos em outubro de 2018 e março de 2019, com o modelo 737 Max. As mensagens, revisadas pela “Bloomberg”, sugerem que o mecanismo em questão não correspondia com o que os pilotos esperavam dentro do simulador.
Nas mensagens de novembro de 2016, o então chefe técnico de pilotos Forkner disse ao colega Gustavsson que o chamado sistema anti-stall do MCAS – o mesmo vinculado a acidentes na Indonésia e na Etiópia – estava “desenfreado” em uma sessão no simulador de voo.
Forkner também expressou preocupação de que ele pode ter enganado sem querer a FAA. “Então, basicamente, menti para os reguladores (sem saber)”, escreveu ele.
Comunicado da Boeing
A Boeing entende e lamenta a preocupação causada depois da divulgação de mensagens de texto trocadas entre um ex-funcionário da Boeing, Mark Forkner, e um piloto técnico envolvidos no desenvolvimento de treinamentos e manuais em 15 de novembro de 2016.
Lamentamos especialmente a dificuldade que a publicação deste documento gerou para a Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) e outras agências reguladoras.
É lamentável que este documento, que foi fornecido no início deste ano a investigadores do governo, não possa ter sido divulgado de maneira a permitir explicações detalhadas. Embora não tenhamos conseguido falar diretamente com o Sr. Forkner sobre seu entendimento acerca do documento, ele declarou por meio de seu advogado que seus comentários refletiam uma reação a um programa de simulador que não estava funcionando adequadamente e ainda estava sendo testado. Continuamos a investigar as circunstâncias dessa troca e estamos comprometidos em identificar todos os fatos disponíveis relacionados a ela e em compartilhar esses fatos com as autoridades reguladoras e de investigação apropriadas.
A Boeing participou ativamente de um processo detalhando com a FAA para determinar os requisitos de treinamento de pilotos para o 737 MAX 8. Esse processo foi um esforço complexo, levou vários anos e envolveu um grande número de indivíduos na Boeing e na FAA. Esse esforço em si foi apenas parte de um processo regulatório muito mais amplo para o design, desenvolvimento e certificação do 737 MAX 8.
Nesse processo regulatório, a Boeing informou a FAA sobre a expansão do Sistema de Aumento de Características de Manobra (MCAS) para baixas velocidades, inclusive informando a FAA e os reguladores internacionais em várias ocasiões sobre a configuração final do MCAS. O processo também incluiu a avaliação do MCAS em configurações de baixa velocidade para treinamento e certificação.
O software do simulador usado durante a sessão de 15 de novembro ainda estava em testes e em fase de qualificação e não havia sido finalizado, mas também previa a operação do MCAS em baixa velocidade.
Separadamente, uma versão de baixa velocidade do MCAS foi instalada nos aviões usados para testes de voo relacionados ao treinamento administrados pela FAA em agosto de 2016. E a equipe da FAA também observou a operação do MCAS em sua configuração de baixa velocidade durante os testes de voo de certificação, começando em agosto de 2016 e continuando até janeiro de 2017.
Temos total conhecimento que esse assunto está recebendo escrutínio tremendo e estamos comprometidos em trabalhar com as autoridades investigativas e o Congresso dos EUA ao longo de suas investigações.
Lamentos profundamente os acidentes que aconteceram e estamos totalmente comprometidos em aprender com eles. Desenvolvemos melhorias no 737 MAX que garantirão que acidentes como esses nunca mais ocorram e estamos comprometidos em continuar trabalhando em estreita colaboração com a FAA e os reguladores internacionais para garantir a retomada das operações do MAX em segurança.
Mais um capítulo para essa história do Boeing 737 MAX. Continuamos atentos a todos os acontecimentos e fatos sobre este caso. Lembrando que a American Airlines divulgou recentemente que pretende retomar as operações com a aeronave já em janeiro de 2020.
Como você vê essa situação toda? Voltaria a voar no 737 MAX?