A aposentadoria precoce de parte da frota de quadrimotores da aérea britânica, em consequência da COVID-19, trouxe à tona uma curiosidade: os Boeings 747-400 da British Airways ainda usam disquetes para atualizar os softwares de voo.
Diversas outras companhias ainda operam com o modelo, a exemplo de Lufthansa, Korean Air, Thai Airways, Air China, dentre outras. Provavelmente, os jatos dessas empresas também utilizam disquetes.
A frota de 747-400 da British Airways
A British Airways era a maior operadora mundial de Boeing 747, ostentando em meados do ano passado, uma frota de 31 Boeings 747-400, adquiridos entre 1989 e 1999.
Infelizmente, como consequência da drástica redução de demanda provocada pela crise da COVID-19, a empresa resolveu aposentar precocemente todas essa aeronaves, conforme anúncio feito em julho de 2020.
A despeito da Boeing ter lançado um modelo muito mais moderno e eficiente em 2007, com início de operação comercial em 2010, o Boeing 747-8i, a British optou por permanecer com a sua frota antiga.
Além de ser mais “beberrão”, o 747-400 tem tecnologia embarcada muito mais rudimentar, o que inclui o carregamento da atualização dos softwares de voo, através de disquete de 3½ polegadas.
Tecnologia de ponta… em 1989!
Quando o modelo foi lançado, no final da década de 80, a “moderníssima” unidade leitora do disquete de 3½ polegadas, era um gadget de alta tecnologia.
Nessa época, o “atual” na aviação era o carregamento dos sistemas de voo através de fita cassete ou disquete de 5¼ polegadas.
Coincidentemente, na época em que começavam a voar os primeiros modelos de 747-400 da BA (1989), esse editor atuava no CPD de um grande banco público federal, como estagiário, aos 15 anos de idade.
Aquele ano foi marcado pelo “enorme avanço tecnológico”, com o upgrade do hardware usado no CPD, em que o novo computador passava a contar com a “moderna” unidade leitora de disquete de 5¼ polegadas, em substituição aos leitores de 8½ polegadas.
Como se vê, a tecnologia usada em bancos, conhecidos por investir em produtos modernos, estavam uma geração atrás (disquete de 5¼ polegadas), o que mostra que a tecnologia então embarcada no B747-400 era, de fato, de ponta.
Altos custos da atualização
Era bastante inconveniente a necessidade de, a cada 28 dias, “receber a visita” de um engenheiro para recarregar diversos disquetes com as atualizações dos sistemas de voo.
E esse não era o único equipamento desatualizado. Além de outros, vale destacar a necessidade de copiar, ao final de cada viagem, o disco com o registro dos dados de voo, já que esse modelo de aeronave não transmite remotamente esses dados.
Mas, apesar de defasados e de manutenção trabalhosa, os aviônicos embarcados nos velhos 747-400 ainda continuavam dando conta do recado. Com isso, devido aos altos custos para trocar todos esses equipamentos e obter a recertificação da aeronave, a British Airways optou por manter os equipamentos originais.
E engana-se quem pensa que a atualização mensal de disquetes e cópia física dos discos com registros de dados de voos, aposentaram-se com a frota de 747-400. Segundo informa a mesma reportagem, a British Airways ainda mantém alguns modelos antigos de Boeing 737, com aviônicos similares.
Comentário
Apesar de não desconhecermos que os equipamentos citados na matéria, embora defasados, são seguros e se prestam para os fins propostos na aviação, não deixa de ser curioso saber que, no adiantado da era dos streaming, ainda temos aviões icônicos com o Boeing 747, operados por uma companhia de ponta como a British Airways, usando um “dispositivo de museu”, como um disquete.
E como dissemos, essa configuração deve se repetir nas aeronaves que permanecem nas frotas de outras grandes companhias aéreas, como Lufthansa, Korean Air, Thais Airways, Air China, etc.
Acaso tenha interesse, clique neste link pra assistir o tour virtual pelo Boeing 747-400 da British Airways.
Você sabia dessa curiosidade?