Na semana passada publicamos um post detalhando as conversas entre governo e companhias aéreas em busca de uma maneira para ajudar o setor. Além do financiamento de empréstimos através de bancos privados e do BNDES, o governo estuda fazer uma compra antecipada de passagens aéreas.
O governo federal estaria estudando uma maneira de comprar pelo menos R$ 300 milhões em passagens aéreas de forma antecipada. Essas passagens seriam utilizadas em viagens a trabalho no serviço público.
Segundo informações do jornal O Globo, só em 2019 o governo federal gastouR$ 768,4 milhões com passagens aéreas em rotas domésticas e internacionais. Ao comprar passagens antecipadamente o governo ajuda a injetar dinheiro imediato no caixa das companhias. Além disso, a ideia é garantir um desconto de 5% a 10% nos valores dessas passagens antecipadas, o que gera um valor mais baixo no serviço que é pago com dinheiro dos contribuintes.
Segundo o ministro da infraestrutura Tarcísio de Freitas, o valor do desconto precisaria ser calibrado para “levar em consideração o resultado operacional nos voos para não querer na negociação ter desconto superior ao resultado operacional.”
Ideia similar nos EUA
Depois que as companhias aéreas norte-americanas receberam US$ 50 bilhões em ajuda financeira por parte do governo estadunidense, o presidente Donald Trump propôs ontem a ideia de “pré-comprar” passagens aéreas com as companhias por um preço menor.
Segundo o presidente:
- O governo norte-americano é o maior cliente único das companhias aéreas;
- O governo poderia comprar passagens (ou direito de passagens) para daqui a vários anos com um desconto maior;
- As companhias aéreas dos EUA devem “ficar bem” da maneira em que as coisas estão agora, isso seria apenas um incentivo adicional.
É uma boa ideia?
Na perspectiva das companhias aéreas norte-americanas a proposta não é tão atraente já que elas receberam dinheiro “praticamente de graça”, a juros baixíssimos, do governo.
No Brasil, onde governo e setor aéreo ainda não chegaram a um acordo, essa ideia pode ser uma boa alternativa, pois:
- As companhias aéreas recebem injeção imediata de caixa;
- O governo paga mais barato por um serviço que já contrataria de qualquer maneira.
O maior risco é relacionado à sobrevivência ou não da companhia. No caso de uma dessas empresas abrir falência, o governo perde o dinheiro investido em passagens futuras. Entretanto, o risco é similar no caso de um empréstimo oferecido com garantia governamental. Por esse exato motivo, o BNDES parece já ter decidido que não vai assumir sozinho a responsabilidade de socorrer empresas de qualquer setor, por isso iniciou conversas com bancos privados, credores e empresas de leasing.
O que vocês acham dessa ideia do governo? Por um lado um desconto em um gasto público, por outro o risco de falência. Na sua opinião o governo deveria comprar passagens aéreas antecipadas. Se sim, as companhias poderiam abrir essa possibilidade para empresas do setor privado também?
Caso isso seja feito, vocês acham que o desconto de 5 a 10% para um adiantamento vale o risco?