O Grupo LATAM anunciou hoje (29) a apresentação de um Plano de Reorganização que detalha a forma para que o grupo saia do Capítulo 11, em conformidade com as legislações norte-americana e chilena.
O Plano é acompanhado por um Acordo de Apoio à Reestruturação (RSA, na sigla em inglês) com o Grupo Ad Hoc de Credores da Matriz, que é o maior grupo de credores sem garantia nestes casos do Capítulo 11, e certos acionistas da LATAM. O RSA registra o acordo e o apoio entre a LATAM e os referidos detentores de mais de 70% das reclamações sem garantias da matriz, os detentores de aproximadamente 48% dos títulos nos EUA datados em 2024 e 2026, e os certos acionistas detendo mais de 50% das ações ordinárias, sujeito à execução de documentação definitiva pelas partes e obtenção de aprovações corporativas destes acionistas. Assim como têm feito ao longo de todo o processo, todas as empresas do grupo seguem operando de acordo com as condições de viagens e demanda permitidas.
Roberto Alvo, CEO do LATAM Airlines Group S.A, afirmou que os últimos dois anos foram marcados por dificuldades em todo o mundo, com a perda de amigos e familiares, colegas e entes queridos. Assim, de acordo com o executivo, todos enfrentaram a maior crise da aviação que, na prática, paralisou o setor aéreo. Apesar do processo ainda não ter terminado, o grupo alcançou um marco fundamental no caminho para um futuro financeiro mais sólido. “Agradecemos a quem participou do processo de mediação robusto para chegarmos a este resultado, que inclui de maneira considerável todas as partes interessadas e apresenta uma estrutura ajustada às legislações norte-americana e chilena. A injeção significativa de capital novo em nosso negócio é uma prova de seu apoio e confiança em nossas perspectivas de longo prazo. Agradecemos imensamente aos esforços da excepcional equipe da LATAM, que tem superado as incertezas dos últimos dois anos e permitido que o nosso negócio siga operando e que possamos continuar atendendo aos nossos clientes da melhor maneira possível”, concluiu Alvo.
Detalhes do Plano de Reorganização
Segundo as informações divulgadas, o Plano propõe a injeção de US$8,19 bilhões ao grupo por meio de uma combinação de capital novo, títulos conversíveis e dívida, que permitirá ao grupo sair do Capítulo 11 com a capitalização adequada para executar seu plano de negócios. Após a saída, a LATAM deverá ter uma dívida total de aproximadamente U$7,26 bilhões e liquidez de aproximadamente U$2,67 bilhões O Grupo determinou que esse é um nível de endividamento conservador e uma liquidez adequada em um período de incerteza contínua para a aviação mundial, que permitirá um melhor posicionamento do grupo para futuras operações.
De forma específica, o plano aponta que:
- Após a confirmação do Plano, o grupo pretende lançar uma oferta de direitos de capital por meio da emissão de ações ordinárias no valor de US$800 milhões, que será aberta a todos os acionistas da LATAM, respeitando os seus direitos de preferência conforme a legislação chilena vigente, e que estará totalmente respaldada pelos participantes do RSA, sujeito à execução de documentação definitiva e, em respeito ao apoio e respaldo dos acionistas, ao recebimento de aprovações corporativas.
- Três classes distintas de títulos conversíveis serão emitidas pela LATAM, e serão oferecidos preferencialmente aos acionistas da LATAM. À medida que não forem subscritos pelos acionistas da LATAM durante o respectivo período de direito de preferência:
– Títulos conversíveis de Classe A serão fornecidos a certos credores gerais sem garantia da matriz da LATAM como liquidação por suas reclamações permitidas no plano;
– Títulos conversíveis Classe B serão inscritos e adquiridos pelos acionistas referenciados acima;
– Títulos conversíveis Classe C serão oferecidos a certos credores sem garantia em troca de novas contribuições de capital para a LATAM e da liquidação de suas reclamações de crédito, sujeitas a certas limitações e impedimentos por parte dos participantes.
- Os títulos conversíveis pertencentes às Classes Conversíveis B e C serão fornecidos, total ou parcialmente, em consideração de uma nova contribuição de capital no valor total de aproximadamente US$ 4,64 bilhões, totalmente respaldado pelas partes envolvidas no RSA, sujeito ao recebimento de aprovações corporativas pelos acionistas apoiadores.
- A LATAM também vai levantar U$500 milhões em uma nova linha de crédito rotativo e aproximadamente US$2,25 bilhões em financiamento de dívida por meio de novos recursos, seja por meio de um novo empréstimo a prazo ou com novos títulos;
- O grupo também fez uso, e pretende fazer uso, do Capítulo 11 para refinanciar e alterar os contratos de leasing anteriores ao processo, a linha de crédito rotativo e a linha referente a motores de reposição.
A audiência para aprovar a adequação da Declaração de Divulgação do Capítulo 11 e dos procedimentos de votação está prevista para ser realizada em janeiro de 2022, com um calendário específico que dependerá do Tribunal.
Se aprovada a Declaração de Divulgação (Disclosure Statement), o grupo iniciará o processo de solicitação para buscar a aprovação do plano por parte dos credores. A LATAM solicita que a audiência para confirmar o plano seja realizada em março de 2022.