O Grupo LATAM Airlines S.A. e algumas de suas afiliadas devedoras no Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Estados Unidos e Peru, divulgaram hoje o seu plano de negócios de cinco anos junto com vários avanços relacionados ao seu processo de financiamento de saída. Como parte do seu processo de financiamento de saída, a LATAM recebeu até o momento várias ofertas de seus principais credores e acionistas majoritários, fornecendo cada uma mais de US$5 bilhões de novos fundos, o que reafirma a confiança do mercado na LATAM.
Roberto Alvo, CEO da LATAM Airlines, disse que o grupo está aproveitando a reestruturação para se tornar mais eficientes e também para consolidar uma proposta melhor para seus passageiros. “Apesar da crise dramática que enfrentamos, aproveitamos ao máximo a nossa reestruturação, não apenas nos tornando substancialmente mais eficientes, mas também consolidando uma proposta de valor melhor para os clientes, o que tem sido reforçado pelo grande interesse que recebemos em conceder financiamento de saída”.
“Sairemos desse processo como um grupo de companhias aéreas altamente competitivo e sustentável, com uma estrutura de custos muito eficiente, ao mesmo tempo em que manteremos a malha aérea e a conectividade incomparáveis que a LATAM oferece em todos os mercados em que atua”, completou.
Sobre o plano de negócios do Grupo
O plano de negócios inclui uma visão da recuperação da demanda, o plano de frota e as projeções financeiras e operacionais até 2026, entre outras informações. Em relação à capacidade projetada (ASKs), o grupo espera retornar aos níveis pré-pandêmicos em 2024 e ter um crescimento de 7% até 2026, em relação a 2019, em função da esperada recuperação do mercado doméstico até 2022 e do internacional até 2024, em linha com o anunciado pelo setor.
A recuperação é apoiada pelo aumento operacional no mercado doméstico da LATAM Airlines Brasil até o momento, que atingiu a capacidade (medida em ASK) de 77% em agosto, em relação a 2019, e deve ultrapassar 100% em relação a 2019 no início de 2022. O mercado doméstico das afiliadas na Colômbia, Equador, Peru e Chile já atingiu 72% em agosto, enquanto a recuperação internacional do grupo, tanto os voos curtos na região quanto os longos, continua a ser afetada por restrições de viagens.
Em relação a 2019, a receita total deve crescer 13% até 2026, enquanto as receitas de passageiros e de cargas devem crescer 8% e 59%, respectivamente.
As iniciativas de redução de custos durante o processo de Capítulo 11, incluindo mais eficiência por meio da transformação digital, renegociação com fornecedores e reestruturação da frota, somam mais de US$ 900 milhões por ano e tem permitido à LATAM modificar estruturalmente a sua base de custos. Os custos de frota, sozinhos, representam mais de 40% da economia de caixa anual em comparação com 2019.
O grupo também espera melhorar seu CASK (custo por ASK) de passageiros exceto combustível que, antes do impacto da inflação, está estimado em US$3,3 centavos para 2024, com algumas operações domésticas ainda menores. Por sua vez, a LATAM conseguiu variar os seus custos, de 65% em 2019 para 80% em 2021-2022, o que lhe permitirá uma melhor adaptação à recuperação não linear da demanda.
De acordo com o grupo, apenas os custos da frota indicam uma economia anual de custos de caixa de mais de 40% em comparação com 2019. A LATAM projeta uma margem operacional (EBIT) de 11,2% em 2026, a maior desde 2010.
A LATAM entrou com uma moção que visa estender o período de exclusividade para apresentar o seu plano de reorganização até 15 de outubro de 2021 e solicitar a aprovação do mesmo plano até 15 de dezembro de 2021. As extensões solicitadas promoverão o desenvolvimento de um plano de reorganização que satisfaça o capital de saída da LATAM e as suas necessidades de financiamento e auxilia nas negociações com as várias partes interessadas no Capítulo 11.
Sobre o processo de recuperação judicial
Atualmente, a LATAM está negociando com várias partes interessadas para chegar a um acordo sobre um plano de reorganização e de financiamento de saída para emergir de forma bem-sucedida do Capítulo 11 em conformidade com todas as leis aplicáveis.
Nos últimos meses, como parte do processo do Capítulo 11, a LATAM desenvolveu e disponibilizou certas informações materiais não públicas às partes interessadas que estão sob acordos de confidencialidade. Essas informações incluem projeções de cinco anos e uma estimativa inicial (com cenários de alto e baixo) do total de sinistros.
Essa estimativa inicial totaliza aproximadamente US$8 bilhões no cenário baixo (US$14,2 bilhões incluindo reclamações entre companhias) e US$9,9 bilhões no cenário alto (US$16 bilhões incluindo reclamações entre companhias).
De acordo com os termos desses acordos de confidencialidade e na promoção do processo, a LATAM fez certas divulgações hoje, publicando fatos relevantes no Chile e preenchendo os Formulários 6-K nos Estados Unidos, que incluem projeções financeiras da LATAM e outras informações no Capítulo 11.
Da mesma forma, em relação a essas negociações, a LATAM apresentou uma proposta de estrutura indicativa para sua reorganização por US$5 bilhões de financiamento de capital e contemplou um plano acordado entre os grupos de interesse que incluía, entre outras coisas, o compromisso de certos direitos e compliance tanto com o Código de Falências dos Estados Unidos quanto com a legislação chilena.
Em resposta à sua apresentação, a LATAM recebeu várias propostas de financiamento e capital de saída não vinculativas, assim como de reestruturação de seus principais credores e acionistas majoritários. Cada proposta de saída contempla a captação de mais de US$ 5 bilhões por meio da emissão de nova dívida e capital no LATAM Airlines Group S.A., que contaria com o apoio das partes proponentes. Além disso, a cada proposta, os proponentes consideram que, se aprovada e implementada, resultaria em uma diluição substancial das ações atualmente existentes do LATAM Airlines Group S.A.
De acordo com o grupo, a LATAM continuará discutindo as propostas com os proponentes e outras partes interessadas, algumas das quais concordaram em permanecer sob acordos de confidencialidade. A LATAM busca garantir que qualquer estratégia de saída lhe permita emergir com uma estrutura de capital robusta, liquidez adequada e capacidade de executar com sucesso o seu plano de negócios. Qualquer plano será implementado de acordo com os requisitos aplicáveis do Código de Falências dos Estados Unidos e da lei chilena.
O grupo também manterá seus acionistas e o mercado informados sobre o andamento do Capítulo 11. Além disso, prevê convocar seus acionistas para a Assembleia Geral Extraordinária de Acionistas quando apropriado, segundo o progresso das negociações com as diversas partes interessadas que se encontram hoje pendentes.
Solicitação de financiamento do Tranche B
Em 31 de julho de 2021, a LATAM reportou uma liquidez de aproximadamente US$1,9 bilhão, que considera US$1,1 bilhão em caixa e US$800 milhões em financiamento DIP não sacado.
O financiamento existente do DIP (debtor-in-possession) da LATAM prevê uma possível terceira parcela adicional (“Tranche B”) de financiamento garantido de até US$750 milhões, além das linhas existentes de US$1,3 bilhão na Tranche A e de US$1,15 bilhão na Tranche C, cujos recursos não foram integralmente sacados até o momento.
Dadas as atuais condições de mercado favoráveis, a LATAM está solicitando manifestações de interesse de potenciais financiadores de uma linha de crédito sob a Tranche B e irá considerar propostas para determinar se pode acessar fundos a uma taxa mais competitiva do que as linhas de crédito existentes das Tranches A e C.
Este marco é uma das etapas finais antes da apresentação do plano de reorganização do grupo. Até 2024, a LATAM prevê recuperar a rentabilidade aos níveis de 2019 e, até 2026, aumentar o resultado operacional em 78% com relação ao período pré-pandêmico.