Passagens da LATAM não podem mais ser resgatadas com Avios em menos de 60 dias antes do voo

Má notícia no mundo dos programas de fidelidade! Segundo relatos dos nossos leitores e de acordo com as nossas pesquisas, passagens nacionais da LATAM agora não podem mais ser resgatadas com Avios em menos de 60 dias antes do voo. A medida, que já está em vigor, ocorreu sem aviso prévio e está restrita, por ora, aos programas do Iberia Plus e Executive Club.

LATAM A321

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Restrição de disponibilidade da LATAM com Avios
Impactos da restrição para os frequent flyers
Razões e justificativas para a restrição
Consequências no mundo dos programas de fidelidade
Comentário

Restrição de disponibilidade da LATAM com Avios

De acordo com os leitores do PP e posteriores pesquisas, foi constatada a impossibilidade de emitir passagens nacionais da LATAM utilizando Avios do Iberia Plus e Executive Club com menos de 60 dias antes do voo. Na mensagem do programa espanhol, por exemplo, a informação é de que não há nenhuma disponibilidade encontrada para a pesquisa selecionada.

Já ao selecionar um período com uma antecedência maior que 60 dias, as disponibilidades voltam a constar no sistema com todo o acervo da LATAM, conforme é possível notar a seguir.

Por fim, outro detalhe relevante é que, ao fazer a pesquisa em outros programas que também permitem emissões de passagens da LATAM, como Flying Club da Virgin Atlantic, a disponibilidade para um período inferior a 60 dias antes do voo continua constando no sistema. Confira abaixo:

Impactos da restrição para os frequent flyers

Que a medida é uma péssima notícia para os frequent flyers, isso não há como negar. Com a restrição, aqueles que utilizam os programas de fidelidade para usufruto próprio serão alta e negativamente impactados, visto que acabam de perder um grande benefício, que é a previsibilidade dos valores dos resgates por meio da tabela fixa, mesmo que em voos em cima da hora.

Ainda, soma-se ao fato a ausência de aviso prévio. Com isso, os usuários dos programas que utilizam Avios como moeda, a exemplo do Iberia Plus, e que estavam acumulando milhas a fim de fazer resgates nacionais com a LATAM num prazo menor que 60 dias são ainda mais prejudicados. Possivelmente, investiram dinheiro em possibilidades que não existem mais com esta restrição – isso sem contar no custo de oportunidade, que se refere ao valor perdido devido a uma determinada escolha realizada. No caso, a perda de oportunidade ao investir num programa de fidelidade em vez de outro.

No caso do Iberia Plus, por exemplo, os resgates possuem valores tabelados de acordo com a distância entre a origem e o destino. Com base nisso, o programa disponibiliza uma série de tabelas de acordo com a companhia aérea parceira, com intervalos de distância e o custo em Avios para cada um deles. Além da distância, há uma tabela de calendário de alta e baixa temporada (Peak e Off Peak).

Com essa mecânica, antes da restrição, era possível emitir passagens nacionais com a LATAM por apenas 6.000 Avios sem quaisquer limitações de disponibilidade, inclusive de data. Ou seja, caso quisesse comprar um voo de São Paulo a Porto Alegre para o dia seguinte, não haveria quaisquer restrições. Agora, todavia, o cenário é outro e é necessário ter uma antecedência mínima de 60 dias, o que representa um grande prejuízo ao mundo dos programas de fidelidade.

Dimensionando os impactos em termos financeiros

Além da restrição no uso dos seus Avios, há um impacto proporcionado pela limitação de data que é extremamente relevante e que deve ser levado em consideração: o financeiro. Para dimensionar isso, vamos a um exemplo hipotético de emissão de passagem aérea.

No dia em que esta matéria foi escrita (07/02/2024), o custo de uma passagem da LATAM para o Rio de Janeiro (SDU) partindo de São Paulo (CGH) durante o Carnaval (de 09 a 14/02/2024) é a partir de 127.737 pontos + taxas. Num cenário otimista de compra de pontos LATAM Pass a um CPM [custo para cada mil pontos] de R$ 21,00, considerando uma (rara) campanha de 70% de desconto, o valor desta passagem é de aproximadamente R$ 2.688 + taxas.

Conforme falamos, antes da restrição, esta mesma passagem poderia ser emitida por meio do Iberia Plus por 12.000 Avios + taxas, mesmo que em cima da hora. Considerando uma campanha de 50% de desconto de compra de pontos Esfera (R$ 35,00), a qual ocorre mensalmente, e a paridade de transferência de 2:1 para o programa, sem quaisquer promoções de transferências bonificadas, o custo do bilhete acima passa a ser de R$ 840 + taxas – uma economia de quase 70%!

Em resumo, trata-se não somente de uma restrição quanto ao poder de escolha em relação ao uso de seus Avios, como também um grande impacto financeiro, principalmente para aqueles que não possuem previsibilidade de suas viagens.

Razões e justificativas para a restrição

No entanto, quais seriam as razões e as justificativas dos programas em limitar o período de antecedência para emissão de passagens aéreas? O que levaria as empresas a tomarem este tipo de atitude? Um dos principais motivos é, sem dúvidas, o comércio de passagens utilizando os programas de fidelidade.

Não há, no mundo, um mercado paralelo de compra e venda de milhas tão aquecido quanto o Brasil. São inúmeras empresas, além de pessoas físicas, negociando bilhetes aéreos com pontos próprios e até de terceiros. Neste modelo de negócio, um grande aliado, senão o maior deles, é justamente a tabela fixa de emissão. Isto porque, como já citamos, ela garante o valor de resgate, independentemente do período em que voa. Não importa se vai viajar em dia de semana, feriado ou em cima da hora, o custo sempre será o mesmo.

Atualmente, o LATAM Pass, para emissões nacionais, opera tarifa comercial. Por consequência, os resgates online acompanham os preços das passagens pagantes e, devido a esta mecânica, a quantidade de pontos exigida pode ser muito alta, a depender de fatores como datas e disponibilidade. Para fugir” da precificação comercial e, portanto, variável dos programas nacionais, restam, portanto, os programas internacionais e suas tabelas fixas de emissão para parceiros, como é o caso da LATAM com Iberia Plus, para os vendedores de milhas e pontos.

No tópico anterior, trouxemos um exemplo de uma economia de aproximadamente 70%. No mercado paralelo de vendas de passagens aéreas, isso representa uma enorme oportunidade de negócio. Trata-se de um ganha-ganha com grandes margens de lucro, tanto para o vendedor, como o comprador. No entanto, para as companhias aéreas e parcerias, são emissões de baixo custo, as quais tiveram um aumento exponencial nos últimos tempos.

Com o mercado de milhas e pontos, o que antes era pra ser um benefício aos usuários passa a ter o seu propósito desvirtuado para fins comerciais. Ao invés de bonificar os passageiros frequentes, a precificação fixa se torna uma grande oportundiade de negócio aos brasileiros. Nesse cenário, infelizmente, quem acaba sendo o maior prejudicado são os frequent flyers, que, como falamos, utilizam os programas para o seu usufruto próprio. Ou seja, os viajantes que não têm como objetivo lucrar com os programas de fidelidade acabam sofrendo as consequências de um comércio gigante de venda de milhas que só existe, nesta proporção, no Brasil.

Consequências no mundo dos programas de fidelidade

A consequência da atual restrição de disponibilidade nas emissões de passagens LATAM nos programas que utilizam Avios já é bastante explícita – no entanto, este movimento pode trazer de consequências futuras? Afinal, tendo em vista o que foi exposto acima, seria possível, por exemplo, o AAdvantage e a GOL criarem também restrições? Ou, ainda, haver outros tipos de limitações quanto ao uso de nossas milhas nos programas internacionais?

Se o volume de transações comerciais com milhas e pontos dos programas internacionais continuarem a níveis atuais, sim, é bastante possível haver ainda mais restrições neste sentido. No entanto, quanto ao AAdvantage, é importante ressaltar que há alguns pontos que dificultam as suas emissões de maneira massiva. Uma delas, por exemplo, é o fato de que a principal forma de acúmulo é por meio do seu cartão co-branded emitido pelo Santander. Além disso, a disponibilidade não é tão ampla quanto ao da LATAM no Iberia Plus – basta realizar a mesma busca de passagem para o Carnaval no Rio de Janeiro e verá que não há emissões disponíveis.

Por fim, outra consequência é a respeito dos demais programas de fidelidade que não têm tantas portas de entradas para os brasileiros, como o Flying Club que mostramos logo no início desta matéria, e que podem vir a se “abrasileirar” no futuro. Com os problemas atuais do nosso mercado quanto ao comércio de milhas, é bem provável haver implicações similares na tentativa de coibir tal prática.

Comentário

Mudança extremamente relevante no mundo dos programas de fidelidade! A atual restrição de emissão de passagens nacionais da LATAM utilizando Avios com menos de 60 dias de antecêndia é bastante negativa para os frequent flyers, principalmente porque significa a retirada de uma das grandes vantagens do Iberia Plus e Executive Club: a possibilidade de resgatar bilhetes aéreos nacionais por apenas 6.000 Avios sem quaisquer limitações de datas.

De todo modo, é importante destacar o peso do comércio de milhas e pontos para a tomada destas decisões por parte das empresas. A fim de coibirem a emissão em grande escala de passagens aéreas, os programas estão indo além do seu próprio ecossistema e criando mais entraves, inclusive em suas relações de parceria.

Vale, por fim, torcer para que esta medida não seja copiada por outras companhias e programas, já que, inegavelmente, trata-se de um grande prejuízo do mundo de fidelidade aéreo. Mais uma vez, são os viajantes que levam a pior nesta “briga” entre gigantes.

O que achou da mudança? Acredita que existe ainda espaço para mais restrições neste sentido, inclusive em programas internacionais?

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