Dando sequência à nossa nova série em que comparamos os custos de uma emissão para a mesma rota e companhia aérea, considerando o resgate em diversos programas de fidelidade, vamos trazer um voo em Classe Executiva com a LATAM Airlines entre São Paulo e Santiago.
Muitas vezes, além das milhas em si, há outros fatores que incidem sobre uma emissão, como taxas cobradas pelos próprios programas e companhias aéreas, que têm interferência direta no custo final do resgate.
Pensando nisso, criamos essa série, com o objetivo de ajudar você a tomar a melhor decisão na hora de escolher o programa de fidelidade ideal para a sua emissão.
No comparativo de hoje, vamos mostrar como um programa americano, que raramente se pensa em usar para voar pela América do Sul com companhias locais, pode ser uma boa opção de resgate.
Trata-se do programa SkyMiles, da Delta Airlines, que tem tarifa base de 12.500 e 25.000 milhas, respectivamente, para voar em Classe Econômica ou Executiva, entre o Brasil e Argentina ou Chile. Em muitas situações, como a aqui mostrada, é uma opção melhor do que resgatar com o próprio LATAM Pass.
São Paulo para Santiago na Executiva da LATAM Airlines
Dando sequência à nossa série, escolhemos um resgate interno na América do Sul, partindo de São Paulo para Santiago, capital do Chile.
Optamos por mostrar apenas duas companhias aéreas, já que o Executive Club, da British Airways, que em tese permitiria o resgate, não está enxergando as vagas award para esse voo.
Com isso, vamos mostrar simulação de resgate com o Delta SkyMiles e o próprio LATAM Pass, ambos com possibilidade de resgate on-line.
Programas de fidelidade
- LATAM Pass (LATAM): como já mencionamos em diversas outras oportunidades, com a saída da LATAM Airlines da aliança oneworld em 2020, a companhia acabou trocando a parceria aérea que tinha com a American Airlines pela Delta. O lado negativo é que os resgates de parceiros através do LATAM Pass, inclusive para voar Delta, estão cada vez mais raros e dificultados. No sentido inverso, contudo, como é o caso desse post, não houve alteração, já que o programa da Delta permite resgatar em valores-base, desde que o parceiro ofereça vaga award.;
- Delta SkyMiles (Delta Airlines): o programa de fidelidade da Delta foi o primeiro parceiro aéreo anunciado pelo Membership Rewards do American Express do Santander, trazendo de volta a possibilidade de remessa para o programa americano, coisa que não tínhamos desde que o MR do Amex-Bradesco trocou as parceiras então vigentes do MP, pela Livelo. Tal como no Flying Blue, a conversão aqui também é de 1:1. Pena que as boas oportunidades, embora existam, são mais escassas. Apesar disso, é possível boas emissões, especialmente com parceiros, já que cobra uma tarifa-base fixa, nesses resgates, quando há vagas award.
Custos de geração das milhas e pontos
O custo relativo das “moedas” envolvidas em cada um desses resgates, é de extrema relevância para avaliar os custos finais de cada emissão.
Para apurar o CPM (custo por cada mil milhas) em cada um dos programas mostrados na matéria, vamos levar em consideração os melhores valores de aquisição desses pontos, conforme as promoções dos últimos meses, assim como as perspectivas de curto prazo.
Desde que a MR dos AMEX-Bradesco, foi transferido para a Livelo, ficamos sem opções para gerar milhas SkyMiles.
Por isso a inclusão do programa no novo Membership Rewards dos AMEX-Santander, com a taxa 1:1, é motivo para comemorar. Apesar disso, ainda não temos opções baratas de gerar pontos no MR do Amex-Santander, já que o cartão, infelizmente, não entrou na atual campanha Bateu, Ganhou!.
Como ainda não é possível comprar pontos MR, como acontence hoje com os pontos Esfera, balizaremos o custo no uso de cartão de crédito para pagamentos em carteiras digitais, com taxas.
Vamos usar como referência a pontuação do The Platinum Card, de 2,2 pontos por dólar e a taxa média de 2,80% para pagamento de boletos.
Nesse patamar, encontramos um CPM na casa de R$62,23, considerado o dólar oficial do fechamento de 13 de março + spread.
Assim, vamos considerar o CPM de R$62,23, relativamente ao Delta SkyMiles.
Para o LATAM Pass, vamos considerar o valor oferecido na última promoção de compra de pontos com desconto, com percentual de até 65%, cujo CPM ficou em R$24,50.
Comparação geral
Como esse resgate não apresenta variação em função do sentido da rota, já que não é cobrada a detestável taxa YQ em nenhum desses resgates, vamos nos limitar a mostrar o resgate é one-way, apenas no sentido de ida.
Resgate one-way (só ida/volta) São Paulo – Santiago em Classe Executiva
LATAM PASS
Pontos: 72.953
Taxas: R$63
Vale observar que o novo sistema de precificação do LATAM Pass, para os voos próprios LATAM e os bilhetes comerciais de parceiros, é baseado na conversão do valor em dinheiro, em pontos. Esse sistema prejudicou, sobremaneira, o resgate aqui mostrado, já que costumava ser cobrado um valor bastante inferior para o trecho em questão. Possivelmente, havendo uma boa promoção de bilhete pagante, a situação se inverta e seja possível encontrar opções mais satisfatórias para a emissão com pontos.
Delta SkyMiles
Milhas: 25.000
Taxas: US$42,00
Optamos por deixar a imagem com as taxas em dólar, pela facilidade de análise, independentemente da data em que o post for lido.
Como dito acima, acaso haja vaga award em parceiros, essa é a tarifa-base que o SkyMiles cobra para voar entre o Brasil e os países do Cone Sul – Agertina, Chile, Paraguai e Uruguai – (12,5 mil milhas em Classe Econômica e 25 mil milhas em Classe Executiva).
Comparação efetiva
Como pontuamos no tópico anterior, esse resgate não varia em função do sentido da rota, pois não há cobrança de YQ, independentemente de partir ou não do Brasil, por isso, vamos mostrar uma única tabela comparativa, de um trecho avulso (one-way) Para calcular uma viagem de ida e volta (round-trip), basta duplicar os valores:
Resgate one-way (só ida) São Paulo – Santiago em Classe Executiva
Veja que mesmo com o alto custo de geração das milhas SkyMiles, a grande diferença de tarifação permitiu que o resgate fique mais barato utilizando o programa americano. Isso reforça o que sempre falamos, sobre compreender o valor relativos das milhas/pontos.
E a situação pode ficar muito mais favorável ao Delta SkyMiles, acaso os cartões Amex do Santander venham a ser incluídos nas próximas campanhas Bateu, Ganhou!
Fatores a considerar
Custos referenciais variáveis: tenha em mente que os custos de milhas e pontos que adotamos nos nossos cálculos, podem variar de usuário para usuário, inclusive em decorrência da utilização eventual de alguns cartões de crédito. Por exemplo, quem tem cartão Unlimited Visa do Santander, cadastrado na promoção de pontos em dobro e está participando do Bateu, Ganhou!, pode gerar até 7,2 pontos por dólar durante a campanha, ou seja, até 1,42 pontos por real. Mesmo pagando 2,80% de taxa para quitar boletos em aplicativos de pagamento, vai gerar pontos Esfera com CPM de R$19,71. Para quem se enquadra nessa situação excepcional, aproveitando uma campanha bonificada de transferência para o LATAM Pass, pode gerar pontos com CPM abaixo de R$10, o que tornaria imbatível o resgate pelo programa, apesar de alta tarifa em pontos;
Falta de uniformidade sobre a definição do custo de milhas e pontos: para a matéria, levamos em conta os custos das taxas em pagamentos feitos em carteiras digitais, já que, no momento, essas são as modalidades mais em conta para ter acesso às milhas do SkyMiles utilizadas no resgate mostrado. Não esqueça, contudo, que há outras formas de considerar esses custos. Muitos consideram “zero” o custo dos pontos gerados no cartão em gastos orgânicos, o que reduz muito o valor médio, a depender do volume de gastos. Particularmente, prefiro ter como referência o custo de geração por meios pagos, para o caso de precisar de grande quantidade, que escape da geração através de gastos do dia a dia. Não podemos dizer, entretanto, que uma forma seja mais correta que a outra;
Fique atento ao custo relativo das milhas e a incidência de taxas: como mostram as tabelas comparativas que juntamos à matéria, nem sempre o menor número de milhas, representa o menor custo. Leve em conta, sempre, o valor relativo dessas milhas, além de outros custos incidentes, como taxas de emissão e/ou de combustível;
Momento de instabilidade no mercado nacional de milhas e pontos. A estabilidade (relativa) dos programas internacionais: os usários de milhas e pontos sabem, ou deveriam saber, que esse mercado é extremamente volátil e se move ao sabor das oscilações de oferta e procura. Nos últimos meses, no entanto, temos notado mudanças e oscilações que ultrapassam os limites da previsibilidade, tanto para acúmulo, quanto uso das milhas e pontos. É verdade que tivemos um período favorável ao consumidor durante a fase mais aguda da pandemia, em que abundavam as possibilidades de acumular pontos, ao tempo em que a baixa demanda, dadas as restrições de viagem, nos permitiam resgates fáceis e baratos. Com a retomada das viagens e o reaquecimento do setor, temos visto um endurecimento nas campanhas de acúmulo, como no Miles&Go, ou um considerável aumento na cobrança de milhas e pontos, ou mesmo taxas, para resgates. Na Smiles, por exemplo, os resgates com Air Europa, que tinham ótimo custo benefício, agora beiram as 200 mil milhas por trecho. TudoAzul precificando Europa e Estados Unidos, nas raras datas em que oferece esses valores menores, em 175 mil pontos (com pouquíssimas datas com esses valores, registre-se). Emirates mais que triplicando o valor da Taxa de Combustível, a ponto de inviabilizar alguns resgates. Pra fechar a tampa, LATAM acabou os resgates award para voos próprios, já que todos os resgates oferecidos no novo site, não mais são, que a transformação do valor pagante em pontos. Já os programas internaciconais a que temos acesso, a despeito das maiores dificuldades para gerar essas milhas e pontos, tem-se uma melhor previsibilidade dos custos de resgate, já que as alterações de tabela e/ou valores de pisos e tetos, são menos frequentes e menores, em regra;
Outros fatores: além desses fatores, também é prudente levar em consideração se há milhas próximas ao vencimento em algum dos programas em que o resgate é permitido. Adicionalmente, não deixe de avaliar os mecanismos de que você dispõe para repor essas milhas, num futuro próximo ou médio. Opte por não utilizar aquelas milhas e pontos que já sabe que vai utilizar para outro resgate, no qual as outras milhas e pontos não podem ser usadas, exceto se tiver saldo para ambos os resgates.
Comentário
Ter uma visão geral do custo relativo das milhas e pontos, é fundamental para avaliar os melhores resgates em cada um dos programas de usuário frequente. Quando o resgate é possível em mais de um desses programas, essa comparação se mostra ainda mais relevante, para que tenhamos sempre os maiores benefícios no uso eficiente desse ativo de valor, que é nossas milhas e pontos.
E você, costuma comparar os custos do resgate em cada programa que utiliza? Quais os principais fatores que costuma priorizar?
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