Na semana passada, a Delta informou que vai aposentar toda a sua frota de Boeing 777 até o fim do ano. Como esse modelo de aeronave é utilizado para operar as rotas mais longas da companhia, ficou a dúvida de como ficarão esses voos quando forem retomados.
No anúncio da aposentadoria do 777, a companhia informou que as rotas passarão a ser operadas com sua frota de aeronaves Airbus A350-900, que consomem 21% menos combustível por assento do que os 777 que serão substituídos.
Rotas mais longas da Delta
Porém, das quatro rotas mais longas operadas pela Delta, apenas 3 delas tem capacidade de serem operadas com o modelo da Airbus. Por conta disso, o voo mais longo da companhia, entre Atlanta e Joanesburgo, está planejado para ser retomado com modificações.
Rotas:
- Atlanta x Joanesburgo: 8,439 milhas
- Atlanta – Xangai: 7,659 milhas
- Los Angeles – Sydney: 7,488 milhas
- Nova York – Mumbai: 7,799 milhas
A questão dos voos para Joanesburgo
A Delta pode voar tranquilamente com o A350-900 entre Atlanta e Joanesburgo sem escalas. O problema está no voo de volta, pois existem ventos contrários significativos no sentido do oeste, além do aeroporto de Joanesburgo ficar em uma altitude de 1.680m, o que afeta o desempenho da decolagem. Ou seja, a companhia terá dificuldades para realizar a rota de Joanesburgo para Atlanta sem escalas com uma carga completa.
Em uma reunião virtual que contou com a presença do TPG, o Presidente da Delta, Glen Hauenstein, disse que a companhia continuará operando para Joanesburgo com o A350, porém adicionando uma parada na Cidade do Cabo (CPT). Com isso, a operação da companhia na África do Sul fará uma rota triangular:
Rota triangular:
Confira como ficará a operação:
- Atlanta x Joanesburgo
- Joanesburgo x Cidade do Cabo
- Cidade do Cabo x Atlanta
A parada em CPT permitirá o reabastecimento da aeronave no nível do mar antes de iniciar as 8.130 milhas de volta aos EUA. Apesar da mudança, a Delta não poderá, a princípio, vender bilhetes no trecho doméstico da África do Sul, sem acomodações especiais do governo.
“Estamos muito confiantes de que não há nada que operávamos antes da crise que não podemos continuar voando no futuro com o A350”, disse Hauenstein.
O Boeing 777-200 entrou na frota da companhia pela primeira vez em 1999 e cresceu para um total de 18 aeronaves, incluindo 10 da variante 777-200LR de longo alcance, que chegou em 2008. Na época, a aeronave permitiu justamente os voos sem escalas entre Atlanta e Joanesburgo (veja o review do Fábio aqui).
Solicitação de aprovação da rota
A Delta pretende que os voos comecem em 24 de outubro, após uma solicitação feita ontem (21). Veja abaixo os planos da companhia para essa rota:
- Partida de Atlanta às 17h45 e chegada a Joanesburgo às 15h45 (no dia seguinte)
- Partida Joanesburgo às 17h15, chegada Cidade do Cabo às 19h25
- Partida da Cidade do Cabo às 21h25, chegue a Atlanta às 18h45 (no dia seguinte)
A350-900 x A350-900ULR
De acordo com a Delta, o alcance base do A350-900 é de 7.275 milhas, porém, a Airbus oferece uma versão aprimorada, o A350-900ULR, com um alcance de 11.163 milhas. Inclusive é a versão que a Singapore Airlines utiliza no voo mais longo do mundo entre Singapura (SIN) e Newark (EWR).
Segundo Hauenstein, todas as entregas futuras dos A350 da Delta terão a capacidade de operar as rotas mais longas da companhia.
Comentário
Curioso ver como uma mudança de aeronave pode impactar diretamente nas operações da companhia. Por outro lado, as adaptações permitirão que a companhia passe a atender mais um destino internacional.
Lembrando que a Delta, provavelmente, não será a única americana voando para a Cidade do Cabo. A United lançou em dezembro voos sazonais entre Newark e a Cidade do Cabo, resta saber se manterá essas operações pós crise da COVID-19.
O que você achou da futura rota da Delta e substituição do B777 pelo A350?