Depois de mais de três anos e meio, finalmente a Qatar Airways volta a sobrevoar a Arábia Saudita, encurtando o trajeto Doha (DOH) x São Paulo (GRU) x Doha (DOH).
Conforme havíamos mencionado, a Qatar Airways voltaria a ter permissão de sobrevoar o espaço aéreo da Arábia Saudita e de outros países do Golfo Pérsico.
O acordo
No início desse mês, noticiamos que os países do Conselho de Cooperação do Golfo – CCG (também conhecido como Conselho de Cooperação dos Estados Árabes do Golfo): Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Omã, assinaram o pacto chamado “Declaração de Al-Ula”, no dia 05 de janeiro de 2021.
O acordo encerra o bloqueio civil, político, comercial e de transportes imposto ao Catar pelos demais países da região, vigente desde junho de 2017.
Não houve alteração imediata do trajeto
Apesar do acordo ter sido celebrado no dia 05/01, e desde a véspera a Arábia Saudita ter anunciado a reabertura do seu espaço aéreo para o Catar, o que permitiria desde então, em tese, que a Qatar Airways sobrevoasse aquele país da Península Arábica, ao se analisar os dados de voos nos dias subsequentes, via-se que a companhia aérea catari continuava contornando o espaço aéreo saudita.
Aliás, mesmo após assinada a Declaração de Al-Ula, acima referida, os dados do Flightradar24 continuavam a mostrar a Qatar Airways realizando o voo São Paulo – Doha, com o desvio imposto pelas restrições de espaço aéreo em vigor desde 2017, conforme se vê na imagem abaixo:
O voo mais longo de/para Brasil
As restrições de espaço aéreo impostas pelas sanções aplicadas pelos demais países árabes do golfo, assim como pelo Egito, acabaram obrigando a Qatar Airways a realizar o mais longo voo comercial de/para o Brasil (e um dos mais longos voos comerciais regulares do mundo).
Para desviar os espaços aéreos restritos, o voo, ao invés de seguir um traçado minimamente retilíneo, fazia um arco pelo noroeste africano, passando sobre Mauritânia, Algéria, Tunísia, cruzava o Mar Mediterrâneo, contornava pela Turquia, para, finalmente, retornando pelo Iraque, chegar ao Catar pelo Golfo Pérsico.
Com isso, esse voo GRU-DOH, durava, em média, cerca de 15h15.
A rota de retorno, embora diferente, não era menos desviante. Pelo contrário, até maior. Iniciava arqueando pelo Golfo Pérsico, esgueirando-se pelo Golfo de Ormuz, sobrevoava Oman, o Mar Arábico, seguindo pelo Golfo de Aden e adentrando na África pela Somália. Depois, cruzava a Etiópia, o Sudão do Sul, Congo e Gabão, para chegar ao Oceano Atlântico, de onde aproava para seu destino em São Paulo.
Esse desvio tornava esse voo de DOH-GRU, o maior de todos o voos operados de/para o Brasil, com incríveis 16h, em média.
O novo trajeto
Depois de pesquisarmos em vão pela efetiva implantação do novo traçado de voo, após o acordo anunciado, finalmente constatamos que a contar da semana passada (10 a 17/01), tanto os voos de GRU-DOH, quanto DOH-GRU, já estavam adotando a rota mais curta entre origem e destino.
Houve uma tremenda redução no tempo médio de duração do voo, com a adoção do traçado mais curto (e racional) entre São Paulo e Doha.
- O voo GRU-DOH, caiu de cerca de 15h15h, para 13h13h.
- O sentido inverso, DOH-GRU, reduziu ainda mais, de cerca de 16h, para 13h50.
Como se vê, em ambos os sentidos da rota, houve redução superior a duas horas no tempo de voo, o que é muito significativo.
Ganho de eficiência da rota
Considerando a redução média de 2 horas, na duração dos voos entre São Paulo e Doha, vê-se que o acordo que permitiu o uso do espaço aéreo da Arábia Saudita, possibilitou à Qatar Airways, realizar um voo mais racional, com um traçado retilíneo.
Ora, tendo-se em mente que o consumo médio do A350-1000 – na rota diária até 31/05 – é de cerca de 5.100 kg/h de querosene de aviação, em voo de cruzeiro, significa que o novo voo está economizando, em média, 10,2 toneladas de combustível por trecho.
Aliás, essa economia é ainda mais significativa se considerarmos que, pela programação da Qatar Airways, a contar de 01/06/2021, a rota voltará a ser operada pelo Boeing 777-200LR. Como o consumo médio dessa aeronave é de cerca de 6.800 kg/h, em voo de cruzeiro, tem-se uma redução de aproximadamente 13,6 toneladas de QAV, por trecho.
Considerando o custo médio do QAV de US$ 1,41/kg, teríamos uma economia de aproximadamente US$ 14.382 por trecho voado no A350-1000, e US$ 19.176, para cada voo a ser operado pelo 777-200LR.
Novo voo mais longo
Com o novo traçado da rota implantado pela Qatar Airways, nos voos entre São Paulo e Doha, que encurtou consideravelmente o tempo de duração, os novos maiores voos de/para o Brasil, passaram para a Emirates, na rota São Paulo – Dubai.
- O voo EK262, de São Paulo para Dubai, tem tempo médio de duração de 13h30.
- O voo EK261, de Dubai para São Paulo, tem tempo médio de duração de 14h30.
No sentido inverso, o voo EK261, tem tempo médio de duração de 14h30, sendo, no momento, o mais longo voo comercial operado para o Brasil (ao menos enquanto a LATAM não retoma as operações para Israel, já que o voo de volta – TLV-GRU – tem tempo médio estimado de 15h10).
Comentário
A implantação do novo desenho de rota entre São Paulo e Doha, além de lógico, traz inegáveis ganhos de eficiência e de tempo, além de representar um significativo ganho em termos ambientais, já que as duas horas a menos de queima de combustível, significam uma considerável redução nas emissões de poluentes.
O único ponto negativo, especialmente para os AvGeeks, será as duas horas a menos para desfrutar do conforto e serviço premium da prestigiada cabine Qsuite da Qatar (eleita desde o lançamento, a melhor Classe Executiva do mercado).
E você, já voou com a Qatar Airways entre São Paulo e Doha?