Uma era está chegando ao fim: depois de mais de 50 anos produzindo uma das aeronaves mais icônicas já feitas, a Boeing estaria se planejando para encerrar de vez a fabricação dos seus B747.
Fim da produção
Segundo uma reportagem publicada pela Bloomberg, a produção dos jumbos 747 deve estar próxima ao fim. A decisão que ainda não foi divulgada publicamente pela Boeing mas, segundo a Bloomberg, pode ser inferida por mudanças sutis na redação das demonstrações financeiras.
Segundo analistas, a empresa perdeu cerca de US$ 40 milhões para cada 747 produzido desde 2016, quando diminuiu a produção, fazendo apenas seis jatos por ano. O 747-8 vem sendo produzido, majoritariamente, como cargueiro, o que mantêm a fabricação ativa. O último pedido do modelo como aeronave de passageiros foi em 2017, quando o governo dos EUA encomendou duas aeronaves que subsitituirão as atuais aeronaves presidenciais do país.
No primeiro trimestre desse ano, o 747 foi o único modelo de aeronave comercial produzido pela Boeing que não teve nenhuma entrega. No mesmo período do ano passado, apenas 2 aeronaves foram entregues.

Fonte: Boeing
A “Rainha dos céus”
Após a introdução do 707 em outubro de 1958, a Pan Am, uma das mais importantes compradoras de aeronaves na época, queria um jato cerca de 2,5 vezes o seu tamanho. Em 1965, Joe Sutter deixou o desenvolvimento do 737 para projetar o 747, o primeiro avião de corredor duplo.
Em 30 de setembro de 1968, o primeiro 747 foi lançado na Everett Plant. O voo teste ocorreu em 9 de fevereiro de 1969 e o 747 foi certificado em dezembro daquele ano. O primeiro voo comercial ocorreu em 22 de janeiro de 1970. O voo realizado pela Pan American World Airways saiu de Nova York para Londres em um voo de 7h20 de duração.

O primeiro B747. Foto: Boeing
Depois da sua estreia, o 747 rapidamente alcançou o status de aeronave ícone na cultura popular, recebendo a alcunha de Queen of the Skies (Rainha dos céus).
O B747 no Brasil
No Brasil, a Varig foi a única companhia do país a operar o modelo jumbo da Boeing.
Em 1981, a Varig recebeu os primeiros Boeing 747-200. Uma viagem inaugural com o PP-VNA ocorreu de Brasília a Campo Grande, com o então presidente do Brasil João Baptista Figueiredo. Primeiramente, os 747 foram usados nas rotas para Nova York, Frankfurt, Paris, Londres e Roma.
Em janeiro de 1985, o Aeroporto Internacional de São Paulo Guarulhos foi inaugurado por um Boeing 747-200 da Varig que vinha de Nova York. No mesmo ano, a companhia ampliou a frota de 747s, com a chegada de duas aeronaves da versão 300, de maior autonomia e capacidade.
Em 1991 a Varig recebeu seu primeiro Boeing 747-400. Essa versão assumiu as rotas para Nova York, Paris, Roma, além de inaugurar a rota do Rio de Janeiro para Hong Kong, com escalas em São Paulo, Joanesburgo e Bangkok. Eles também operaram na rota para Buenos Aires, Londres, Copenhagen, Frankfurt, Los Angeles, Tokyo e Nagoya.
Os 747-400 foram devolvidos em pouco tempo, devido ao alto custo de leasing. Os três exemplares foram devolvidos no segundo semestre de 1994. O PP-VPI foi devolvido ao lessor em agosto, o PP-VPG em setembro e o PP-VPH em dezembro.
O 747-800 intercontinental
No dia 14 de Novembro de 2005, a Boeing anunciou uma nova variante, o 747-8. O 747-8 Freighter, ou 747-8F é a variante cargueira e o 747-8 Intercontinental (747-8I) é a versão de passageiros.
O B747-8I pode levar até 467 passageiros e voar mais de 15.000 km. A variante, porém, só recebeu pedidos de 3 companhias aéreas comerciais: Lufthansa, Air China e Korean Air.
A Air China possui 7 aeronaves desse modelo, a Korean possui 10 e a Lufthansa possui 19 aeronaves desse tipo em sua frota.
O fim dos Jumbo Jets
O A380 e o B747, as duas aeronaves jumbos comerciais, já vinham em uma descendente nos últimos anos. Com a demanda por aeronaves grandes sendo substituída pela demanda por aeronaves menores e mais eficientes, as duas maiores fabricantes de aviões viram o seus pedidos pelos modelos jumbo diminuir cada vez mais. No ano passado, a Airbus já havia anunciado que encerrará o programa de produção do A380 em 2021.
Mas a pandemia de coronavírus está apressando o fim dos gigantes. Com a expectativa de que as viagens não se recuperem completamente tão cedo, as companhias aéreas estão se voltando para os jatos jumbos de quatro motores das frotas para limitar os gastos. Segundo uma estimativa do Credit Suisse feita no mês passado, cerca de 91% dos 747 e 97% dos A380 estavam estacionados. Em alguns momentos, inclusive, era possível ver apenas um A380 nos céus do planeta.
Ainda assim, mesmo após o encerramento das produções, é provável que as aeronaves continuem voando por mais algum tempo.
Você já voou em um B747? Ainda se lembra da primeira vez em que voou na aeronave?