Em novembro do ano passado a United começou a precificar bilhetes prêmio (emitidos com milhas) de forma dinâmica – ou seja, estas emissões deixariam de ter um custo fixo para ter um custo flutuante. A medida entrou em vigor primeiro para voos próprios – agora, a United começa a preparar terreno para fazer o mesmo com voos de companhias da Star Alliance e demais parceiras.
A companhia removeu ontem a tabela de parceiros (partner award chart) do seu site. A tabela já não aparece mais neste página.
O que disse a United
Um porta-voz da companhia disse ao TPG:
“Anunciamos em abril do ano passado que todos os preços de bilhetes prêmios seriam dinâmicos a partir de novembro de 2019. Essa mudança é consistente com outras grandes companhias aéreas e nos permite alinhar informações sobre todos os voos prêmio do MileagePlus, seja para viagens na United ou em uma de nossas companhias aéreas parceiras“.
Ou seja, a introdução desse modelo de precificação para o resgate de parceiros já era algo esperado.
Precificação Dinâmica
Na precificação dinâmica o custo de uma emissão por milhas pode subir e descer, online, em função da oferta, demanda, tipo de canal, variação cambial e em alguns casos, devido a inteligência artificial e algoritmos.
Em geral, a precificação dinâmica trás consigo oportunidades pontuais de resgates mais baratos do que a tabela – mas ao mesmo tempo (e na maioria das vezes) a falta de limites pré-estabelecidos faz com que a quantidade de milhas necessárias para muitos resgates decolem.
Comentário
Nós, brasileiros, conhecemos o modelo de precificação dinâmica de resgates através da Smiles, que não segue uma tabela e tem valores oscilantes.
Outro programa que adotou a precificação dinâmica no Brasil foi o Amigo, da Avianca Brasil. O programa – que durante boa parte da sua existência teve uma tabela fixa – em certo momento deixou de adotá-la e os custos de resgates explodiram do dia para a noite.
Já o LATAM Pass introduziu uma tabela de parceiros dinâmica com faixas (isto é, um resgate poderia custar no mínimo uma certa quantidade de milhas e no máximo uma certa quantidade). Embora adotado, este modelo foi pouco utilizado na prática e os custos eram na maioria dos casos fixos. Na última atualização de tabela (anunciada no início desse mês), a LATAM abandonou de vez o modelo de precificação dinâmica com variações por faixas e ficou apenas com o modelo de precificação fixa.
Além do LATAM Pass, temos ainda o abrasileirado Miles&Go, da TAP. O programa da companhia portuguesa é parceiro da grande maioria dos bancos no Brasil, recebe pontos sem deságio na maioria dos casos (na proporção 1:1) e oferece generosas promoções de transferência bonificada. O Miles&Go adota o modelo de precificação dinâmica para voos da TAP e modelo de precificação fixa para companhias da Star Alliance e demais parceiras (na qual é possível encontrar bons valores de resgates e excelentes sweet spots).
Falando um pouquinho do mercado norte-americano, o SkyMiles, da Delta, precifica resgates de forma dinâmica e trilha há algum tempo o mesmo caminho que a United está agora seguindo. Lá também não tem tabela de resgate publicada.
Por último, o AAdvantage, da American Airlines, continua (por ora) tabelando resgates em parceiros de forma fixa. A American criou nos últimos anos a “Tarifa Oferta Web“ – que nada mais é que um modelo de precificação dinâmica para voos próprios e um exemplo que essa precificação pode ser vantajosa (oferecendo resgates com custos inferiores a tabela fixa, como Brasil x EUA por 15.000 milhas o trecho). Há rumores que a “Tarifa Oferta Web” do AAdvantage é um teste que pode levar a adoção completa do modelo de precificação dinâmica para todos os resgates do programa.
Por bem ou por mal, vantajosa ou pouco vantajosa, a precificação dinâmica veio para ficar – este sinal já vem sendo dado pelo mercado há alguns anos. Lembre-se que quando introduzida por algum programa que até então não a praticava é esperada uma desvalorização das milhas. Portanto, se você tem algum resgate em vista no MileagePlus pode ser uma oportunidade para ainda fazê-lo a custo fixo, caso acredite que os valores vão subir.
Até quando será que programas como o da TAP e da LATAM seguirão com o modelo de precificação fixa para parceiros? Qual é a sua preferência?
☞ veja também: conheça os 3 modelos de precificação utilizados pelos programas de fidelidade