Os rumores sobre o fim da produção do Boeing 747 foram confirmados. Em uma carta para os funcionários, o CEO da Boeing, Dave Calhoun, informou que a empresa vai finalizar a produção da icônica aeronave em 2022.
O que diz a Boeing
Confira abaixo alguns trechos da carta do CEO da Boeing, Dave Calhoun:
“Os últimos meses foram diferentes de tudo o que vimos. O efeito da pandemia em nossas comunidades e indústria ainda está em andamento. Os desafios que enfrentamos como empresa ainda estão em andamento.
A realidade é que o impacto da pandemia no setor de aviação continua grave. Embora algumas empresas estejam retornando lentamente aos céus, seus números permanecem muito inferiores a 2019, com as receitas igualmente reduzidas.
Essa pressão sobre nossos clientes significa que eles estão atrasando as compras de jatos, diminuindo as entregas, adiando a manutenção eletiva, aposentando aeronaves mais antigas e reduzindo os gastos – tudo isso afeta nossos negócios e, finalmente, nossos resultados. Embora existam alguns sinais encorajadores, estimamos que levará cerca de três anos para retornar aos níveis de passageiros em 2019.
É por isso que estamos tomando ações decisivas. Para reforçar nossa liquidez de curto prazo, suspendemos nossos dividendos, encerramos nosso programa de recompra de ações, reduzimos gastos e custos indiretos e emitimos US$ 25 bilhões em uma oferta de títulos.
Embora essas ações nos ajudem a navegar pela pandemia, elas não mudam o fato do mercado comercial ser diferente, e devemos mudar com ele. Para nos alinharmos a um mercado menor, diminuimos as taxas de produção comercial e reduzimos nossa força de trabalho ao longo do trimestre.
Infelizmente, ficou claro que precisamos fazer outros ajustes com base no impacto prolongado do COVID-19.
As mudanças incluem a redução adicional de nossas taxas de produção de aviões comerciais:
- Teremos um aumento mais lento na produção do 737 do que o planejado anteriormente, com um aumento gradual para 31 aeronaves por mês até o início de 2022.
- Reduziremos a taxa combinada de produção 777 / 777X para duas por mês em 2021, que é uma unidade a menos por mês do que anunciamos no último trimestre.
- Reduziremos ainda mais a produção de 787, para seis unidades por mês em 2021. Esse é um ajuste da redução que anunciamos no último trimestre, quando informamos que diminuiríamos para 10 unidades por mês (atualmente) e sete por mês até 2022. Com esse perfil de taxa mais baixa, também precisaremos avaliar o maneira mais eficiente de produzir o 787, incluindo um estudo da viabilidade de consolidar a produção em um único local. Compartilharemos mais com você após nosso estudo.
- Embora nossas taxas de 767 e 747 permaneçam inalteradas, em face da dinâmica atual do mercado e perspectivas futuras, concluiremos a produção do icônico 747 em 2022. Nosso compromisso com os clientes não termina com as entregas e continuaremos oferecendo suporte as operações do 747 no futuro.
E enquanto enfrentamos os desafios, é importante lembrar o bom trabalho e a inovação em andamento em toda a empresa. Isso é absolutamente necessário para o nosso futuro. O setor aeroespacial sempre demonstrou ser resiliente – e a Boeing também.”
Companhias se despedindo do 747
Companhias pelo mundo já anunciaram o fim das operações com o 747. Veja abaixo um resumo:
Qantas
A Qantas informou que teve que antecipar em seis meses a aposentadoria da sua frota de 747, após a pandemia do COVID-19 dizimar as viagens internacionais em todo o mundo. A companhia chegou a operar seis tipos diferentes de 747. Em 1979, a Qantas se tornou a primeira companhia aérea do mundo a operar uma frota apenas com Boeing 747.
British Airways
Após quase cinco décadas de operações a British Airways aposentou sua frota de 31 aeronaves 747-400, como resultado do impacto devastador que a pandemia do Covid-19 teve sobre a British Airways e o setor de aviação. A companhia recebeu seu primeiro 747-400 em julho de 1989 e o último em abril de 1999. No auge, a British Airways possuía uma frota de 57 modelos 747-400.
KLM
A KLM também aposentou todas as suas aeronaves Boeing 747 após 50 anos de serviço. A companhia divulgou uma carta de uma comissária se despedindo da Rainha dos Céus.
Virgin
A empresa informou que pretende se estabelecer como uma companhia que pratica a sustentabilidade e respeita o meio ambiente, decidindo operar apenas com aeronaves bimotores. Com isso, a companhia não utiliza mais suas sete aeronaves 747-400.
O B747 no Brasil
No Brasil, a Varig foi a única companhia do país a operar o modelo jumbo da Boeing.
Em 1981, a Varig recebeu os primeiros Boeing 747-200. Uma viagem inaugural com o PP-VNA ocorreu de Brasília a Campo Grande, com o então presidente do Brasil João Baptista Figueiredo. Primeiramente, os 747 foram usados nas rotas para Nova York, Frankfurt, Paris, Londres e Roma.
Em janeiro de 1985, o Aeroporto Internacional de São Paulo Guarulhos foi inaugurado por um Boeing 747-200 da Varig que vinha de Nova York. No mesmo ano, a companhia ampliou a frota de 747s, com a chegada de duas aeronaves da versão 300, de maior autonomia e capacidade.
Em 1991 a Varig recebeu seu primeiro Boeing 747-400. Essa versão assumiu as rotas para Nova York, Paris, Roma, além de inaugurar a rota do Rio de Janeiro para Hong Kong, com escalas em São Paulo, Joanesburgo e Bangkok. Eles também operaram na rota para Buenos Aires, Londres, Copenhagen, Frankfurt, Los Angeles, Tokyo e Nagoya.
Os 747-400 foram devolvidos em pouco tempo, devido ao alto custo de leasing. Os três exemplares foram devolvidos no segundo semestre de 1994. O PP-VPI foi devolvido ao lessor em agosto, o PP-VPG em setembro e o PP-VPH em dezembro.
A Rainha dos Céus ainda voa para o Brasil
Para quem ainda quer ter a experiência de voar na Rainha dos Céus, a Lufthansa será a única companhia aérea a operar voos regulares de passageiros para a América do Sul com a aeronave. A companhia aérea alemã segue voando com o modelo para São Paulo a partir de Frankfurt e deverá continuar utilizando o modelo também para Buenos Aires quando os voos para a Argentina forem retomados.
Já para o Rio de Janeiro a troca do B747 para o A340 já estava programada para acontecer, portanto a capital carioca não deve receber mais o gigante quando as operações forem retomadas.
A Boeing ainda tem cerca de 16 unidades do 747 para entregar, todos nas suas versões cargueiras. A Korean Air e a Lufthansa possuem as maiores frotas de passageiros da sua variante mais moderna, o B747-8.
Agora é oficial! A produção do 747 já tem data para acabar. Se você ainda não voou na Rainha dos Céus é bom começar a se programar, afinal, as opções vão ficar cada vez mais limitadas.
Alguém planejando voar com a Rainha dos Céus?