Comparando emissões! Joanesburgo para Cidade do Cabo voando Comair/British Airways

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Por Raimundo Junior

Como você vem acompanhando nas últimas semanas, nessa série estamos comparando os custos de uma emissão para a mesma rota e companhia aérea, considerando o resgate em diversos programas de fidelidade. Hoje, vamos trazer um resgate para um voo da British Airways, operado pela sua subsidiária Comair, entre Joanesburgo e Cidade do Cabo, na África do Sul.

No post de hoje, faremos uma comparação mais abrangente, levando em conta não apenas um classe de voo, mas comparando emissões em Classe Econômica e Classe Executiva que, nesse caso, têm custo final praticamente similar, o que é curioso.

Muitas vezes, além das milhas em si, há outros fatores que incidem sobre uma emissão, como taxas cobradas pelos próprios programas e companhias aéreas, que têm interferência direta no custo final do resgate.

Pensando nisso, criamos essa série, com o objetivo de ajudar você a tomar a melhor decisão na hora de escolher o programa de fidelidade ideal para a sua emissão.

Dentre outras companhias aéreas, a British Airways, através da sua subsidiária Comair, opera diversos voo diárias entre Joanesburgo e Cidade do Cabo, na África do Sul.

Para o resgate, vamos utilizar como referência os programas da própria British Airways, o Executive Club e o AAdvantage, da American Airlines.

Esse foi um resgate que fiz (e voei) recentemente. Vou mostrar as diferenças de custos, não apenas de avios/milhas, mas principalmente de taxas, para que, ao final, você entenda porque optei por fazer esse resgate na opção que, à primeira vista, parece a menos interessante.


Joanesburgo para a Cidade do Cabo voando British Airways (Comair)

Dando sequência à nossa série, hoje vamos fazer um comparativo diferente, levando em conta não apenas as formas de emissão numa mesma classe tarifária, mas mostrando que em alguns casos, como no desse voo em específico, o custo do resgate em Classe Econômica ou Executiva, pode acabar tendo diferença irrisória, quando considerados outros fatores.

Optamos por mostrar apenas o resgate no Executive Club, da British Airways e no AAdvantage, da American Airlines, já que Iberia Plus e Qatar Privilege Club não mostraram disponibilidade para esse resgate.

Programas de fidelidade

  • AAdvantage (American Airlines): o programa de fidelidade da American Airlines é, para muitos, o melhor programa a que temos acesso no Brasil e um dos melhores do mercado mundial. Particularmente, partilho dessa avaliação, apesar de reconhecer que a chegada do KrisFlyer ao Amex Santander, trouxe um concorrente à altura ao nosso ambiente doméstico de milhas e pontos. E o melhor é que, no momento, está sendo possível gerar até 4 pontos por dólar gasto nas compras com o cartão de crédito AAdvantage Mastercard Black do Santander, durante a campanha Bateu-Ganhou, que vai até o final deste mês de abril;
  • Executive Club (British Airways): o programa de fidelidade da British Airways é parceiro direto da Livelo, mas também recebe Avios por via triangular, do programa Esfera, combinando Avios com o Iberia Plus, que é parceiro Santander Esfera. O nosso interesse em falar do compartilhamento de Avios entre Iberia Plus e Executive Club, é que, assim como o AAdvantage, os cartões da Esfera também estão participando da campanha Bateu-Ganhou, o que facilita bastante a geração de pontos no programa. Mesmo com a lamentável desvalorização de 50% na taxa de transferência da Esfera, ainda é possível gerar Avios a um custo razoável, em circunstâncias excepcionais, como no Bateu-Ganhou. Deixamos de utilizar o Iberia Plus, diretamente na comparação, tendo em vista que o programa não emite parceiros one-way (só ida ou volta), apenas round-trip (ida e volta), além de não ter mostrado disponibilidade para esse resgate.

Custos de geração das milhas e pontos

O custo relativo das “moedas” envolvidas em cada um desses resgates, é de extrema relevância para avaliar os custos finais de cada emissão.

Para apurar o CPM (custo por mil milhas) em cada um dos programas mostrados na matéria, vamos levar em consideração os melhores valores de aquisição desses pontos, conforme as promoções dos últimos meses, assim como as perspectivas de curto prazo.

No caso do AAdvantage, cujo acesso no mercado brasileiro, dá-se através do cartão de crédito co-branded Santander AAdvantage Mastercard Black, Platinum ou Gold, que participa no momento de mais uma campanha Bateu, Ganhou!. Na melhor versão, Black, as compras estão gerando 4 pontos por dólar gasto, ante os habituais 2×1.

Assim, levando em conta a pontuação atual do Santander AAdvantage Black, de 4×1, com utilização em carteiras digitais com a taxa média de 2,80% para pagamento de boletos, encontraríamos um CPM aproximado de R$36,75, considerado o dólar oficial do fechamento de 27 de abril + 6% de spread.

Para o Executive Club, como mencionamos acima, embora a parceria direta seja com a Livelo, com a taxa 2:1, que daria um CPM mínimo de R$70, podemos considerar o custo melhor através da triangulação com o Iberia Plus, com quem é possível compartilhar Avios, de modo a tirar proveito, também, da promoção Bateu, Ganhou! do Santander, não obstante o programa não esteja na lista de parceiros da Esfera. Para os que não recordam, vela ler essa excelente matéria em que Fábio Vilela nos ensina como transferir Avios entre os programas da British Airways e Iberia.

Por isso, podemos calcular os custos dos Avios do Iberia Plus, como se tivéssemos tratando do Executive Club, já que, uma vez creditados seus Avios no programa da voadora espanhola, basta transferi-los, sem custos, para a sua conta no British Executive Club.

No caso dos cartões Esfera puros, a melhor opção está com os cartões Santander Unlimited Visa Infinite ou Mastercard Black. Nesses cartões, a pontuação está em 5×1. Nesse patamar, com utilização em carteiras digitais com a taxa média de 2,80% para pagamento de boletos, teríamos um CPM aproximado de R$29,40 para os pontos Esfera, considerado o dólar oficial do fechamento de 27 de abril + 6% de spread. Infelizmente, os Avios chegam no Iberia Plus/Executive Club, com o salgado CPM de R$58,80.


Comparação geral

Como esse resgate não apresenta variação em função do sentido da rota, vamos nos limitar a mostrar o resgate é one-way, apenas no sentido de ida.

Resgate one-way (só ida/volta) Joanesburgo – Cidade do Cabo (Classe Econômica e Executiva)

AAdvantage (American Airlines) – Classe Econômica
Milhas: 10.000
Taxas: R$219,65

Apesar de cobrar apenas 10.000 milhas AAdvantage, é cobrado o valor total de R$219,65 em taxas.

AAdvantage (American Airlines) – Classe Executiva
Milhas: 17.500
Taxas: R$43,91

Curiosamente, no resgate em Classe Executiva as taxas totais somam apenas R$43,91, o que aproxima bastante o custo final do resgate para voar em cabine premium, como mostraremos adiante.

Executive Club (British Airways) – Classe Econômica
Avios: 6.500
Taxas: US$65 (R$322)

O custo das taxas para o resgate em Classe Econômica, pelo Executive Club, estão ainda mais elevados do que no resgate com o parceiro AAdvantage.

Executive Club (British Airways) – Classe Executiva
Avios: 12.750
Taxas: US$9,72 (R$48,21)

Aqui, temos a repetição do que acontece no AAdvantage, em que o resgate para voar em Classe Executiva recebe taxação muito inferior às taxas totais cobradas no resgate em Classe Econômica.

Apesar de apresentar custos em Avios menores que os do AAdvantage, o deságio na taxa de transferência Esfera-Iberia Plus/EC, de 2:1, acaba tornando o custo real superior ao do programa americano, já que o CPM de chegada dos Avios, no caso, é de R$58,80.

E o curioso desse resgate, é que em ambos os programas, como falamos, é cobrada uma sobretaxa (possivelmente YQ), exclusivamente para os resgates em Classe Econômica. Com isso, os custos efetivos tanto para voar em Classe Econômica, quanto em Classe Executiva, para resgate em milhas/avios, acabam ficando muito aproximados, como veremos nas tabelas adiante.


Comparação efetiva

Como pontuamos no tópico anterior, esse resgate não varia em função do sentido da rota, por isso vamos mostrar uma única tabela comparativa para cada classe de voo, de um trecho avulso (one-way) Para calcular uma viagem de ida e volta (round-trip), basta duplicar os valores:

Resgate one-way (só ida) Joanesburgo – Cidade do Cabo – Classe Econômica

Resgate one-way (só ida) Joanesburgo – Cidade do Cabo – Classe Executiva

Veja o alto custo de geração dos avios, com o deságio da transferência de 2:1, acabou tornando menos atrativos os resgates com o Executive Club, apesar da excepcional tarifa em milhas/avios cobrados pelo programa, razão por que tanto para voar em Classe Econômica, quanto em Classe Executiva, o custo final pelo programa AAdvantage, da aérea americana, acabou sendo mais atrativo. Isso reforça o que sempre falamos, sobre compreender o valor relativos das milhas/pontos.

E nesse caso, ainda tem a excepcionalidade da diferença das taxas cobradas nos resgates em Classe Econômica e Classe Executiva.

No programa com melhor custo, o AAdvantage, da American Airlines, apesar do acréscimo de 75% a mais nas milhas requeridas para o resgate em Classe Executiva, o custo final ficou apenas R$99,89 a maior.

Lembrando que na maioria dos voos operados pelo Comair/British Airways, o layout da Classe Executiva do Boing 737-8 Max é 3-2, com poltronas mais largas e com maior leg-room. Bem similar, no geral, à First doméstica do mercado americano. Por uma diferença inexpressiva como essa, não há o que pensar.

Além disso, há que levar em consideração outros fatores adicionais, como o acesso ao bom Slow Lounge da British Airwayw/Comair em Joanesburgo (Cape Town, no retorno), check-in e embarque preferenciais, prioridade na retirada de bagagens, etc.

Apenas para contextualizar sobre um benefício que parece banal, vou mencionar, excepcionalmente, a experiência pessoal no trecho de ida – a série não trata de flight-review, então não posto, em regra, voos próprios – em que cheguei em JNB faltando pouco mais de uma hora para o voo. A fila do check-in da econômica estava enorme. Por outro lado, na fila do Club (Executiva), apenas um passageiro à minha frente.

Essa vantagem não passaria de “perfumaria”, já que ninguém morre por esperar meia hora na fila. Entretanto, esse tempo extra foi fundamental para poder curtir pouco mais de meia hora no Slow Lounge, o que deu um up na experiência geral da viagem.


Fatores a considerar

Custos referenciais variáveis: tenha em mente que os custos de milhas e pontos que adotamos nos nossos cálculos, podem variar de usuário para usuário, inclusive em decorrência da utilização eventual de alguns cartões de crédito. Por exemplo, quem tem cartão Unlimited Visa do Santander, cadastrado na promoção de pontos em dobro e está participando do Bateu, Ganhou!, pode gerar até 7,2 pontos por dólar durante a campanha, ou seja, até 1,42 pontos por real. Mesmo pagando 2,80% de taxa para quitar boletos em aplicativos de pagamento, vai gerar pontos Esfera com CPM de R$19,71. Para quem se enquadra nessa situação excepcional, o custo do Iberia Plus/Executive Club ficará melhor que o mostrado para o AAdvantage, invertendo o jogo;

Falta de uniformidade sobre a definição do custo de milhas e pontos: para a matéria, levamos em conta os custos das taxas em pagamentos feitos em carteiras digitais, já que, no momento, essas são as modalidades mais em conta para ter acesso às milhas do AAdvantage e aos Avios do Executivo Club/Iberia Plus. Não esqueça, contudo, que há outras formas de considerar esses custos. Muitos consideram “zero” o custo dos pontos gerados no cartão em gastos orgânicos, o que reduz muito o valor médio, a depender do volume de gastos. Particularmente, prefiro ter como referência o custo de geração por meios pagos, para o caso de precisar de grande quantidade, que escape da geração através de gastos do dia a dia. Não podemos dizer, entretanto, que uma forma seja mais correta que a outra;

Fique atento ao custo relativo das milhas e a incidência de taxas: como mostram as tabelas comparativas que juntamos à matéria, nem sempre o menor número de milhas, representa o menor custo. Leve em conta, sempre, o valor relativo dessas milhas, além de outros custos incidentes, como  taxas de emissão e/ou de combustível;

Outros fatores: além desses fatores, também é prudente levar em consideração se há milhas próximas ao vencimento em algum dos programas em que o resgate é permitido. Adicionalmente, não deixe de avaliar os mecanismos de que você dispõe para repor essas milhas, num futuro próximo ou médio. Opte por não utilizar aquelas milhas e pontos que já sabe que vai utilizar para outro resgate, no qual as outras milhas e pontos não podem ser usadas, exceto se tiver saldo para ambos os resgates.


Comentário

Ter uma visão geral do custo relativo das milhas e pontos, é fundamental para avaliar os melhores resgates em cada um dos programas de usuário frequente. Quando o resgate é possível em mais de um desses programas, essa comparação se mostra ainda mais relevante para que tenhamos sempre os maiores benefícios no uso eficiente desse ativo de valor, que é nosso acervo de milhas e pontos.

E você, costuma comparar os custos do resgate em cada programa que utiliza? Quais os principais fatores que costuma priorizar?


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