Hoje no quadro Perrengues de Primeira vamos compartilhar a história do Bruno, que passou por um verdadeiro sufoco no Aeroporto de Miami, após um atraso no seu voo da American Airlines de volta para o Brasil. Os problemas começaram antes, ainda no aeroporto de Orlando, e se estenderam por toda a sua viagem até chegar no Brasil. Vale a pena conferir essa série de perrengues seguidos!
Perrengue de Primeira
Olá pessoal,
Fui à Orlando para uma feira de aviação (Sun’n Fun, numa cidade próxima) com alguns amigos. Já tinha feito alguns trechos com conexão nos EUA e sempre tinha dado tudo certo, então fiquei bem tranquilo. Eu trabalharia na segunda-feira, então resolvi marcar a viagem de retorno para sábado à noite, com chegada no domingo de manhã. O trajeto era MCO > MIA > GRU, com 1h18 de conexão em MIA.
No aeroporto de Orlando estava tudo indo bem… cartão de embarque na mão, tudo prontinho para pegar a fila. Olho no painel e o CONFIRMED vira DELAYED. Começou a bater o desespero… se eu perco a conexão em Orlando, logo, ficaria preso em Miami! Conversa vai, conversa vem, os atendentes da AA falaram para eu e mais umas 30 pessoas (afinal, boa parte do voo era de BRs) que o voo estava chegando e que demais providências deveriam ser tomadas em Miami.
Bom, eu até tinha reserva de hotel em Orlando para mais um dia (dividi um quarto com um amigo durante a viagem), mas resolvi não brigar e acreditar que a AA daria um jeito. Com 1h05 de atraso, lá vamos nós à Miami! Meu único pensamento era: “Melhor atrasar um GRU que deixar 30 pessoas na mão, né? Vão segurar!”
Chegada em MIA, a maior correria, atendente da AA esperando na porta do avião e lá vou eu atravessar o terminal até o portão de saída do MIA-GRU, às 22h05. Entrega cartão de embarque, mostra documento e UFA! Estou dentro da aeronave, uns 10 minutos antes da partida! Agora vamos! Deu tudo certo! Ah, mas nunca é bom comemorar muito cedo…
Passadas 1h mais ou menos dentro do avião, toca a AA tirar TODO MUNDO e colocar no saguão. Problemas técnicos na aeronave. Passa mais quase 2h e nada. Depois de muita pergunta, AA diz que já está resolvendo o problema, distribui alguns meal vouchers – que prontamente eu utilizei no bar em frente para tomar umas.
Depois de mais uma hora vem a notícia: o avião está pronto para a partida, mas a tripulação não poderia fazer este voo pois excederia a carga horária máxima (o famoso “regulamentar”). A nova previsão de saída era às 12h00 do dia seguinte e ganhamos mais um voucher de alimentação. Ao perguntar sobre hotel, fomos informados que a AA não teria capacidade de realocar ninguém, porém que poderíamos buscar por conta própria e pedir reembolso. Poderíamos pegar as malas ou deixar lá com eles.
Busquei vários hotéis, todos lotados, até que achei um único com uma vaga. Fiz a reserva online, saí do aeroporto, peguei um táxi e no hotel veio a notícia: não tinha vaga- era um erro de sistema. A recepcionista ainda disse que Miami estava lotada (por algum evento que não lembro qual era) e que seria difícil conseguir um hotel. No táxi, totalmente desolado, pedi para voltar para o aeroporto, mas o motorista me diz que conhecia um outro hotel ali perto que poderia ser uma solução. E lá vamos nós…
Chegando no novo hotel, bingo! Quarto livre. Pedi para ir ver antes de pagar (pois o hotel era bem estranho). Eis que me deparo com o quarto: espelho no teto, apenas uma lâmpada vermelha, uma roupa de cama completamente surrada e na porta do quarto ao lado um casal discutindo quase aos berros. Ah, desisto! Bora volta para o aeroporto…
Quatro e pouco da manhã, vou ao balcão e pergunto “e agora?”. Uma atendente da AA me informa que eu poderia seguir um caminho que levaria a algumas camas para descansar. Eis que chego em uma sala que parecia aquelas de convenções, com dezenas de macas (de armar) espalhadas pelo chão. O ar condicionado estava “no talo”, tanto que vi um pinguim passando na minha frente de bermuda, mas acho que foi uma alucinação. Procuro uma coberta (daquelas que dão no avião) e nada, pois todas estavam em uso. Deitei em uma maca, me cobri com o moletom e peguei umas roupas reserva da mochila para cobrir um pouco mais. Percebi que as pessoas, quando acordavam, deixavam suas cobertas (e prontamente outros passageiros pegavam as cobertas, pois na guerra urubu é frango!). Resolvi levantar para ver se conseguia falar sobre a temperatura muito baixa, mas a maca rasgou ao meio! Fui direto para o chão! Desisti, arrumei outra maca, consegui uma coberta e dormi algumas horinhas.
Ao acordar, fui tomar café da manhã e bateu a maior decepção. O voo das 10h00 para GRU estava saindo, e o nosso de 12 horas antes ainda não.
14h de atraso, tudo pronto, todo mundo no avião e… UM passageiro atrasado. Mais 30 min de atraso, entra o passageiro com gritos e aplausos dos demais. Portas em automático, me sinto muito sortudo pois, no fim, fiquei nos assentos do meio da econômica, com quatro (4!) bancos só pra mim. Obviamente a felicidade durou pouco. Uma passageira resolve brigar com outro passageiro que estava ao lado dela (poltrona dupla) e o cara veio sentar na minha “cama”. Então voltei eu, todo torto, sem dormir, 14 horas depois para o Brasil.
Chegando em casa, o almoço que estava programado com a família aconteceu sem mim. Tive que me contentar com uma pizza do delivery e essa história pra contar =)
Abraços,
Bruno Kloss
Comentário
Perrengue seguido de perrengue para o Bruno! Impressionante como um atraso no voo pode acarretar em uma série de novos problemas e impactar toda uma viagem. Fica o alerta para a orientação da companhia de “buscar um hotel por conta própria e pedir reembolso”, o que claramente não era uma opção viável naquele momento, devido a alta ocupação na cidade.
Alguém já passou por uma situação parecida com a do Bruno?
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