A KLM, em parceria com o governo da Holanda e a Shell, promoveu um voo de passageiros com um novo combustível: o querosene sintético sustentável. O anúncio foi feito durante a conferência internacional sobre Combustíveis de Aviação Sintéticos Sustentáveis (SAF) em Haia.
Sobre a operação
A Shell, produtora do querosene sustentável e a KLM, operadora do voo, apresentaram o feito durante reunião iniciada pela Ministra Holandesa de Infraestrutura e Gestão da Água, Cora van Nieuwenhuizen. Políticos europeus, legisladores, representantes da comunidade empresarial, a indústria (da aviação) e ONGs também participaram da conferência
Conforme anunciado durante a conferência, o primeiro voo comercial de passageiros do aeroporto Schiphol de Amsterdã para Madrid foi operado no mês passado com uma mistura de 500 litros de querosene sintético sustentável, junto ao combustível tradicional. A produção deste combustível também veio de meios sustentáveis e energia renovável, com a Shell produzindo o querosene sintético em seu centro de pesquisa em Amsterdã com base em CO2 , água e energia solar e eólica.
“Estou orgulhoso de que a KLM esteja operando hoje o primeiro voo da indústria usando querosene sintético feito de fontes renováveis. A transição do combustível fóssil para alternativas sustentáveis é um dos maiores desafios da aviação. A renovação da frota contribuiu significativamente para a redução das emissões de CO2, mas o aumento da produção e o uso de combustível de aviação sustentável farão a maior diferença para a atual geração de aeronaves. É por isso que nos associamos a vários parceiros há algum tempo para estimular o desenvolvimento de querosene sintético sustentável. Este primeiro voo com querosene sintético mostra que isso é possível na prática e que podemos seguir em frente”, disse o CEO da companhia, Pieter Elbers.
KLM e a aviação sustentável
Ainda em 2019, a KLM já estava planejando operar voos com combustíveis sustentáveis saindo de seu hub em Schipol. O combustível utilizado na época tinha como principal matéria-prima o óleo de cozinha, reduzindo em até 80% as emissões de CO2 em comparação ao querosene fóssil.
No ano passado, durante a pandemia, a companhia holandesa também estava testando maneiras sustentáveis de taxiar suas aeronaves. O teste foi realizado com um Taxibot, um veículo de reboque híbrido que, ao contrário dos caminhões de pushback normais, que foi licenciado para rebocar aeronaves até o início da pista, sem que a aeronave precisasse dar partida nos motores.
Com a utilização do Taxibot, espera-se reduzir o consumo de combustível durante o táxi em 50% a 85%. O Aeroporto de Schiphol também disponibilizou o Taxibot para a KLM, Transavia e Corendon para permitir a realização de pesquisas conjuntas sobre sobre o assunto.
Iniciativa “Voe com responsabilidade” da KLM
O projeto “Fly Responsably” busca uma aviação mais sustentável e menos prejudicial ao meio ambiente. Além do mais, a companhia não o lançou para mudar sua política de sustentabilidade, mas também conscientizar outras empresas do ramo a fazerem uma aviação mais limpa e que deixe menos rastros no planeta.
Através de uma carta aberta, a empresa disse que vai disponibilizar seu programa de compensação de carbono para parceiros e concorrentes. Além do combustível, até o chocolate servido a bordo é produzido de forma sustentável. Ele faz parte do projeto de reflorestamento da KLM – Mix Tropical de CO2OL. Além de reflorestar a mata tropical do país, ainda contribui para a produção sustentável de cacau e madeira, criando mais emprego para a população local.
Com a Fly Responsibly, a KLM está comprometida em criar um futuro mais sustentável para a aviação. “Mas o verdadeiro progresso só será alcançado se todo o setor trabalhar em conjunto”, disse a empresa. Saiba mais sobre a iniciativa através do vídeo abaixo:
Outras iniciativas apresentadas na conferência
A conferência também deu espaço a várias novas iniciativas e startups. Por exemplo, a start-up Synkero anunciou que está colaborando com o Aeroporto de Schiphol, com a KLM e a SkyNRG na realização de uma fábrica comercial de querosene sustentável sintético no porto de Amsterdã. O projeto busca se conectar com iniciativas sustentáveis na área do Canal do Mar do Norte, como a de uma usina de hidrogênio de 100 megawatts, onde até 15 mil toneladas de hidrogênio podem ser produzidos com eletricidade sustentável.
Além disso, também foi apresentado um projeto para a construção de uma fábrica de demonstração de querosene sustentável usando o CO2 retirado do ar como matéria-prima em Rotterdam. A iniciativa Zenid, na qual estão participando Uniper, Aeroporto de Rotterdam The Hague, Climeworks, SkyNRG e Rotterdam The Hague Aeroporto de Inovação, usa uma combinação de tecnologias inovadoras para se concentrar na aviação neutra em CO2 com querosene sintético sustentável.
Países abraçam a ideia
Junto com a Holanda, outros países membros da União Europeia também indicaram o desejo de trabalhar para uma aviação mais sustentável. França, Suécia, Alemanha, Finlândia, Luxemburgo e Espanha falaram que a recuperação da crise atual devido à pandemia deve ser acompanhada por uma aceleração da sustentabilidade do setor de aviação para atingir as metas climáticas e convocar a Comissão Europeia a apresentar uma mistura de combustíveis. Esses países consideram o desenvolvimento de querosene sintética sustentável, em adição ao bioquerosene sustentável, uma das formas mais promissoras e eficazes de reduzir as emissões da aviação nas próximas décadas.
Por falar em Finlândia, em 2019, a companhia aérea local Finnair realizou um voo utilizando o biocombustível. Na ocasião, a fonte sustentável usada na operação vinha de óleo de cozinha reutilizado e também tinha o apoio da SkyNRG e da Shell. O voo ligou Helsinque, capital finlandesa, e o Aeroporto de São Francisco (SFO), nos Estados Unidos, sendo operado com 12% do combustível total sendo sustentável. Apesar de pouco, os 12% colaboraram para uma redução total de 32 toneladas de CO2 emitido, segundo a companhia.
A Holanda é um dos principais países da Europa que visa impulsionar o desenvolvimento e a aplicação de combustíveis de aviação sustentáveis para tornar a aviação mais sustentável. Os holandeses querem estimular o desenvolvimento e a aplicação de combustíveis de aviação sustentáveis (biocombustíveis e querosene sintética) para que as companhias aéreas europeias possam voar inteiramente com combustível sustentável até 2050.