Hoje no quadro Perrengues de Primeira vamos compartilhar a história do Marcos, que passou um grande sufoco em uma viagem pelos Emirados Árabes Unidos e outros países do Oriente Médio. Diferente dos “clássicos perrengues aéreos” que publicamos rotineiramente, este apuro aconteceu em um viagem de cruzeiro da Royal Caribbean.
Perrengue de Primeira
Em fevereiro de 2010, minha esposa e eu, planejamos nossa viagem para conhecer Dubai. Como era um destino em um país de cultura bem diversa da nossa, ficamos com receio de cometer algum erro ao programarmos por conta própria, e procuramos o auxílio da agência de uma amiga nossa. Somos apaixonados por cruzeiro e sempre procuramos conciliar nosso destino com um “cruzeirinho” para amenizar a abstinência…
Encontramos então o Brilliance of the Seas da Royal Caribbean, com um itinerário bem interessante, em 7 noites saía de Dubai (Emirados), seguia para Muscat em Oman (outro país), Fujairah (Emirados), Abu Dhabi (Emirados), Mina Sulman, Bahrein (outro país), navegava e então retornava a Dubai (Emirados) onde pernoitava antes do desembarque. Ja percebam aí o “entra e sai” dos Emirados Árabes, ficamos muito preocupados com os vistos desde que fechamos o cruzeiro.
Seria excelente esse roteiro, pois conheceríamos outros locais interessantes na região e mais dois países para a “listinha”, que dificilmente estariam em nossos planos como pontos de destino em uma viagem convencional.
Os vistos para Dubai, na época, eram bem confusos, dependiam de um “patrocinador”, seja a empresa aérea, o hotel, ou uma espécie de despachante. Com muita dificuldade, a agência foi informada pela operadora de que seria necessário um novo visto para cada entrada no país, e, como o sistema já era eletrônico, e Dubai não permitia a emissão de vistos múltiplos, nós aplicaríamos pelos 3 vistos necessários (chegada no aeroporto, retorno de Oman para Fujairah e retorno do Bahrein para Dubai), mas so poderíamos emitir e imprimir o primeiro, sendo os demais automaticamente emitidos em cada porto de retorno aos Emirados.
Fizemos a imigração tranquilamente, na chegada em Dubai, apesar de já chocar com o tratamento “diferente” do árabe com as mulheres (minha esposa no caso), percebido no contato com os próprios oficiais de fronteira.
Passamos 3 dias excelentes em Dubai, conhecemos muita coisa, inclusive jantamos no Burj Al Arab.
No quarto dia, nos dirigimos cedo para o porto e, antes das 13h, já estávamos ansiosos na fila do check-in do navio. Foi aí que o nosso mundo desabou…
A funcionária da Royal Caribbean estava exigindo os 2 vistos necessários (retorno de Oman para Fujairah e de Bahrein para Dubai) já emitidos e impressos, ou seja, informação completamente divergente da que a nossa agência recebeu da operadora no Brasil. Sangue gelou, pernas tremeram… ligamos para a agência e, por sorte, Brasil esta a oeste, caso contrário a agência estaria fechada. Ainda assim, esperamos aflitos ate às 14h para que alguém chegasse lá para trabalhar. E até a nossa amiga, a dona, estava em viagem também, sem atender o celular.
Passava tudo por nossas cabeças. Perder um cruzeiro tão esperado, perda financeira, ficar uma semana inteira em Dubai, tentar remarcar voo de volta, enfim… não desejo essa sensação para ninguém! Foram várias ligações via internet para a agência, vários e-mails, a hora de fechar o embarque chegando e nada de resolver.
Após muito sufoco, conseguimos um comprovante de que os vistos estavam em processo de aprovação. Suplicamos aos encarregados de porto da Royal Caribbean e, depois de muito apelar, tivemos que assinar um termo isentando a Royal de qualquer responsabilidade, concordando em não saltar do navio se o visto não chegasse ao porto em Fujeirah.
Assim sendo, quase na hora de fechar o check-in, após quase 5 horas de sufoco, praticamente os últimos por ali, embarcamos, ainda sem saber o que seria de nós. Conseguimos visitar Oman na primeira parada, por ser outro país, mas em Fujairah ficamos impedidos de descer, passamos o dia no navio. Gastamos uma grana para garantir o Wi-Fi mais rápido para acompanhar o processo. No final deste primeiro dia, quando já tínhamos zarpado de Fujairah rumo a Abu Dhabi, recebemos nossos vistos pelo fax do navio, e conseguimos curtir os demais portos (ainda bem que Fujairah era o menos interessante).
Hoje essa política mudou, o visto para brasileiro é valido por 90 dias, mas fica a lição a todos os viajantes, principalmente os de cruzeiros: chequem sempre as exigências de vistos e vacinas de todos os pontos de parada. Mesmo em países onde vão pisar apenas em trânsito, numa conexão, pois mesmo assim podem existir regras que exigem algum visto ou documento. No nosso caso, mesmo procurando esclarecimentos junto a operadora, nosso sonho quase virou um pesadelo.
Abraços a todos!
Comentário
Foi (muito) pouco que o Marcos e sua esposa quase não perderam a viagem de cruzeiro!
Como ele mesmo menciona, hoje em dia o visto para os Emirados Árabes é válido por 90 dias e o processo para obtê-lo é muito mais fácil. No entanto, fica a dica: nunca deixe de checar (e re-checar) as possíveis exigências de entrada de todos os países da sua viagem.
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