Como você vem acompanhando nas últimas semanas, nessa série estamos comparando os custos de uma emissão para a mesma rota e companhia aérea, considerando o resgate em diversos programas de fidelidade. No post de hoje, faremos uma comparação de resgate para voar na Classe Executiva da Avianca entre São Paulo e Bogotá, em alguns programas a que temos acesso no Brasil e que mostram opções award para a data pesquisada.
Começo destacando que essa não é a Classe Executiva dos sonhos, mas dadas as dificuldades para encontrar disponibilidade award ligando o Brasil à Colômbia, hub da Avianca e de onde é possível conectar para Europa e América do Norte, essa opção de voar na Classe Executiva do A330 (wide-body) da companhia colombiana, é motivo para comemorar.
Quem acompanha de perto esse universo avgeek, sabe que somente em períodos sazonais a Avianca tem escalado aviões maiores para o Brasil, para onde os narrow-bodies A319 e A320 têm dominado a escala. Essas aeronaves possuem uma cabine de Classe Executiva que, em verdade, estariam melhor definidas como Premium Economy. Em verdade, essa será a realidade das operações da Avianca para as américas a partir de setembro, quando não serão mais comercializados voos em Classe Executiva.
Portanto, como dissemos acima, os felizardos que pegaram essas vagas na Classe Executiva do A330, devem comemorar, pois produto não estará mais disponível na rota, para resgate com parceiros Star Alliance.
Muitas vezes, além das milhas em si, há outros fatores que incidem sobre uma emissão, como taxas cobradas pelos próprios programas e companhias aéreas, que têm interferência direta no custo final do resgate.
Pensando nisso, criamos essa série, com o objetivo de ajudar você a tomar a melhor decisão na hora de escolher o programa de fidelidade ideal para a sua emissão.
Para esse comparativo, vamos utilizar como referência os programas Smiles, TAP Miles&Go, KrisFlyer, da Singapore Airlines e MileagePlus, da United Airlines.
São Paulo para Bogotá na Classe Executiva do A330 da Avianca
Dando sequência à nossa série, hoje vamos comparar resgates para voar em Classe Executiva com a Avianca entre São Paulo e Bogotá. Como dito no começo, utilizaremos quatro programas de fidelidade a que temos acesso no mercado brasileiro.
Programas de fidelidade
- Smiles (GOL): o programa da laranjinha é parceiro bilateral da Avianca Internacional e não utiliza tabela fixa. Apesar disso, trabalha dentro de “limites informais”, onde são cobradas entre 68.200 e 72.000 milhas Smiles para a rota, voando na Classe Executiva da companhia colombiana;
- Miles&Go (TAP): o programa da aérea portuguesa é parceiro Star Alliance e utiliza tabela fixa para os resgates com parceiros. Infelizmente, tem apresentado muita inconsistência para finalizar os resgates com a Avianca, o que acaba exigindo a finalização pela central telefônica, com a habitual perda de tempo que isso representa;
- KrisFlyer (Singapore Airlines): o programa de fidelidade da Singapore Airlines é o mais novo parceiro do Membership Rewards do American Express do Santander e tem bons valores para resgates nos parceiros Star Alliance. Apesar da conversão simples 1:1 no MR do Amex-Santander, o que é excelente, ainda não há maneiras baratas de gerar milhas KrisFlyer nessa modalidade, pois os cartões American Express não foram incluídos no último Bateu, Ganhou!. Ainda assim, a chegada do KrisFlyer abre espaço para os bons resgates que o programa oferece, tanto para voos próprios quanto para resgates para voar nos parceiros;
- MileagePlus (United Airlines): o programa de fidelidade da United Airlines é parceiro direto da Livelo, o que é ótimo, mas carrega o inconveniente do deságio na conversão, já que a taxa de transferência é de 2:1, ou seja, a cada 2 pontos Livelo transferidos, tem-se apenas 1 milha MileagePlus.
Custos de geração das milhas e pontos
O custo relativo das “moedas” envolvidas em cada um desses resgates, é de extrema relevância para avaliar os custos finais de cada emissão.
Para apurar o CPM (custo médio por milheiro) em cada um dos programas mostrados na matéria, vamos levar em consideração os melhores valores de aquisição desses pontos, conforme as promoções dos últimos meses, assim como as perspectivas de curto prazo.
Para Smiles, vamos considerar o valor oferecido em campanhas de compra de pontos com desconto, com percentual de 70%, que tem tido com alguma regularidade nos últimos anos, o que daria um CPM de R$21 para ambos.
A grande virada que tivemos recentemente, foi o programa TAP Miles&Go abandonando a estratégica de promoções agressivas de transferências bonificadas com parceiros bancários do Brasil.
O bônus máximo da última campanha, não vinculado à compra de pontos, foi de 60%. Além disso, não incluiu a Livelo, único parceiro em que há como precificar a compra de pontos.
Por essa razão, vamos focar o padrão comparativo no valor dos pontos gerados no Club TAP Miles&Go Platinum, que fica em torno de R$33,22. Para chegar a esse CPM, consideramos as 108 mil milhas geradas pelo Club Platinum num cliclo de assinatura (12 x 8.000 milhas mensais + 12.000 milhas de bônus de assinatura, fora de campanhas promocionais), face ao custo de R$3.588 (10 x R$358,80).
Sobre as milhas KrisFlyer, vale lembrar que desde que o MR dos AMEX-Bradesco foi transferido para a Livelo, ficamos sem opções para gerar milhas KrisFlyer no mercado doméstico.
Por isso a inclusão do programa no novo Membership Rewards dos AMEX-Santander, com a taxa 1:1, é motivo para comemorar. Apesar disso, ainda não temos opções baratas de gerar pontos no MR do Amex-Santander, já que o cartão, infelizmente, não entrou na última campanha Bateu, Ganhou!.
Como ainda não é possível comprar pontos MR, como acontence hoje com os pontos Esfera, balizaremos o custo no uso de cartão de crédito para pagamentos em carteiras digitais, com taxas.
Vamos usar como referência a pontuação do The Platinum Card, de 2,2 pontos por dólar e a taxa média de 2,80% para pagamento de boletos.
Nesse patamar, encontramos um CPM na casa de R$67, considerado o dólar oficial do fechamento de 15 de junho + 6% de spread.
Para o MileagePlus, da United Airlines, vamos levar em consideração a custo da geração de pontos Livelo, que transfere para o programa com a taxa 2:1, que daria um CPM mínimo de R$70. Apesar do alto custo, o programa tem alguns resgates muito bons, de modo que pode ser vantajoso o seu uso, apesar do deságio na transferência.
Comparação geral
Como esse resgate não apresenta variação em função do sentido da rota, vamos nos limitar a mostrar o resgate é one-way, apenas no sentido de ida.
Smiles (GOL) – Classe Executiva
Milhas: 68.200
Taxas: R$139,53
Apesar de ser o programa com a maior tarifa em milhas dentre os mostrados, tem um excelente custo médio de geração, o que faz do Smiles o campeão para a rota.
Miles&Go (TAP) – Classe Executiva
Milhas: 45.000
Taxas: R$298,38
KrisFlyer (Singapore Airlines) – Classe Executiva
Milhas: 23.000
Taxas: US$27,30 (R$137)
Apesar da ótima tarifa em pontos, o KrisFlyer acaba perdendo o primeiro lugar no resgate, porque ainda não oferece meios minimamente baratos de gerar suas milhas.
MileagePlus (United Airlines) – Classe Executiva
Milhas: 44.000
Taxas: US$27,30 (R$137)
Definifitamente, essa é uma rota para se evitar o uso das valiosas milhas do MileagePlus, que cobra praticamente a mesma tarifa em milhas que o TAP Miles&Go, sendo que os custos de geração são bem mais elevados. Além disso, cobra quase o dobro da tarifa praticada pelo KrisFlyer, com taxa exatamente similar.
Comparação efetiva
Como pontuamos no tópico anterior, esse resgate não varia em função do sentido da rota, por isso vamos mostrar uma única tabela comparativa para um trecho avulso (one-way) Para calcular uma viagem de ida e volta (round-trip), basta duplicar os valores:
Resgate one-way (só ida) São Paulo – Bogotá – Classe Executiva
O resultado do comparativo confirma o que estamos dizendo desde o início dessa série: nem sempre o menor número absoluto de milhas cobrados por um probrama, representa o menor custo efetivo de um resgate. Muitos fatores impactam nessa conta, sobretudo o custo de geração das milhas e as taxas cobradas no resgate.
Nesse caso, apesar do programa da GOL (Smiles) cobrar o maior número de milhas, acaba tendo o melhor custo x benefício, em decorrência do menor valor de geração de acervo. Evidentemente, a inclusão dos cartões Amex-Santander na próxima campanha Bateu-Ganhou, viraria esse jogo com folga em favor do KrisFlyer. Resta esperar e torcer!
Fatores a considerar
Custos referenciais variáveis: tenha em mente que os custos de milhas e pontos que adotamos nos nossos cálculos, podem variar de usuário para usuário, inclusive em decorrência da utilização eventual de alguns cartões de crédito. Não levamos em conta os muitos leitores que detêm cartões emitidos no mercado internacional, cujos custos teriam outra avaliação;
Falta de uniformidade sobre a definição do custo de milhas e pontos: para a matéria, levamos em conta os custos das taxas em pagamentos feitos em carteiras digitais, já que, no momento, essas são as modalidades mais em conta para ter acesso às milhas do Membership Rewards dos cartões Amex Santander. Não esqueça, contudo, que há outras formas de considerar esses custos. Muitos consideram “zero” o custo dos pontos gerados no cartão em gastos orgânicos, o que reduz muito o valor médio, a depender do volume de gastos. Particularmente, prefiro ter como referência o custo de geração por meios pagos, para o caso de precisar de grande quantidade, que escape da geração através de gastos do dia a dia. Não podemos dizer, entretanto, que uma forma seja mais correta que a outra;
Fique atento ao custo relativo das milhas e a incidência de taxas: como mostra nosso comparativo, nem sempre o menor número de milhas, representa o menor custo. No comparativo desta matéria, por exemplo, o resultado do custo efetivo mostrou que o programa que exige o maior númer e milhas ficou na primeira colocação (Smiles). Portanto, leve em conta, sempre, o valor relativo dessas milhas, além de outros custos incidentes, como taxas de emissão e/ou de combustível;
Outros fatores: além desses fatores, também é prudente levar em consideração se há milhas próximas ao vencimento em algum dos programas em que o resgate é permitido. Adicionalmente, não deixe de avaliar os mecanismos de que você dispõe para repor essas milhas, num futuro próximo ou médio. Opte por não utilizar aquelas milhas e pontos que já sabe que vai utilizar para outro resgate, no qual as outras milhas e pontos não podem ser usadas, exceto se tiver saldo para ambos os resgates.
Comentário
Ter uma visão geral do custo relativo das milhas e pontos, é fundamental para avaliar os melhores resgates em cada um dos programas de usuário frequente. Quando o resgate é possível em mais de um desses programas, essa comparação se mostra ainda mais relevante para que tenhamos sempre os maiores benefícios no uso eficiente desse ativo de valor, que é nosso acervo de milhas e pontos.
E você, costuma comparar os custos do resgate em cada programa que utiliza? Quais os principais fatores que costuma priorizar?
☞ confira os últimos artigos da série publicados:
- Comparando emissões! São Paulo para Maldivas na Classe Executiva da Qatar Airways
- Comparando emissões! São Paulo para Nova York na Classe Executiva da Delta Air Lines
- Comparando emissões! São Paulo para Toronto na Classe Executiva da Air Canada
- Comparando emissões! Los Angeles para Tóquio na Classe Executiva da JAL – Japan Airlines
- Comparando emissões! São Paulo para Santiago na Classe Executiva da LATAM Airlines
- Comparando emissões! Joanesburgo para Cidade do Cabo voando Comair/British Airways
- Comparando emissões! São Paulo para Doha na Classe Executiva da Qatar Airways
- Comparando emissões! São Paulo para Buenos Aires na Classe Executiva da SWISS
- Comparando emissões! São Paulo para Nova York na Classe Executiva da LATAM Airlines
- Comparando emissões! Istambul para Bogotá na nova Classe Executiva da Turkish Airlines