Como você vem acompanhando nas últimas semanas, nesta série estamos comparando os custos de uma emissão para a mesma rota e companhia aérea, considerando o resgate em diversos programas de fidelidade. No post de hoje, faremos uma comparação de resgate para um voo entre Los Angeles e Honolulu, no Havaí, voando American Airlines, mostrando opções na Smiles, AAdvantage, e Executive Club.
Embora tenhamos privilegiado mostrar comparações de voos em cabines premium de padrão internacional, hoje vamos mostrar um resgate entre Estados Unidos (Continental) e o Havaí em Classe Econômica.
O objetivo principal do nosso comparativo é mostrar opções baratas de se voar ao Havaí, em voos cujo horário permita viajar em Classe Econômica sem muito desgaste, já que tem sido difícil (ou caro), encontrar vagas award em cabine premium para o destino.
Para esse comparativo, vamos utilizar como referência os programas Smiles, da GOL, AAdvantage, da American Airlines e Executive Club, da British Airways. Para evitar redundância, considere, para o Iberia Plus, os mesmos custos do Executive Club.
Los Angeles para Honolulu na Classe Econômica da American Airlines
Dando sequência à nossa série, hoje vamos comparar um resgate para voar entre Los Angeles e Honolulu, com a American Airlines. Como dito no começo, utilizaremos três programas de fidelidade a que temos acesso no mercado brasileiro.
Programas de fidelidade
- Smiles (GOL): além de ter o melhor custo de geração de milhas, o programa da Smiles apresenta valor absoluto bastantante compatível com os demais, o que o torna a melhor opção (ao menos na data pesquisada), dado o seu excepcional custo de geração;
- AAdvantage (American Airlines): o programa de fidelidade da American Airlines é, para muitos, o melhor programa a que temos acesso no Brasil e um dos melhores do mercado mundial. Particularmente, compartilho dessa avaliação, apesar de reconhecer que a chegada de KrisFlyer e Flying Blue ao Amex Santander, trouxe concorrentes à altura para o nosso ambiente doméstico de milhas e pontos. Apesar disso, para a rota e data pesquisadas, não apresenta custo x benefício que concorra com a Smiles, da GOL. Isso mostra o quão é relativo esse microssistema de milhas e pontos e que sempre vale a pena comparar bem, antes de utilizar suas milhas;
- Executive Club: o programa da British Airways é parceiro oneworld da American Airlines e tem precificação fixa baseada em distância. Infelizmente, como temos um deságio na conversão de pontos Livelo e/ou Esfera – este com a triangulação com o Iberia Plus – os custos acabam ficando elevados, embora tenha a mais baixa tarifa em Avios (milhas).
Custos de geração das milhas e pontos
O custo relativo das “moedas” envolvidas em cada um destes resgates é de extrema relevância para avaliar os valores finais de cada emissão. Para apurar o CPM [custo para cada mil milhas] em cada um dos programas, vamos levar em consideração as melhores aquisições destes pontos de acordo com as promoções dos últimos meses e com as perspectivas de curto prazo.
Smiles
Para Smiles, vamos considerar o valor oferecido recentemente na compra de milhas bonificada, em que foi possível adquirir até 400 mil milhas (100 mil + 300 mil de bônus), ao CPM de R$17,50.
AAdvantage
No caso do AAdvantage, o acesso no mercado brasileiro se dá através do cartão de crédito co-branded Santander AAdvantage Mastercard Black, Platinum ou Gold, sendo possível alavancar o acúmulo de pontos graças à atual campanha Bateu, Ganhou. Na melhor versão, Black, as compras permitem acumular até 4 pontos por dólar gasto ante os habituais 2×1.
Assim, levando em conta essa pontuação excepcional do Santander AAdvantage Black durante a campanha e a utilização em carteiras digitais com a taxa média de 2,80% para pagamento de boletos, encontramos um CPM aproximado de R$ 39. Para o cálculo, foi considerado o dólar oficial do fechamento de 13 de outubro + 6% de spread.
Executive Club e Iberia Plus
Para o Executive Club e Iberia Plus, temos custos exatamente iguais dadas as maneiras de geração de Avios no mercado nacional, especialmente em função da possibilidade de compartilhamento de Avios. Para os que não se recordam do paranauê, vale ler esta excelente matéria do PP sobre como transferir Avios entre os programas da British Airways e Iberia.
British Executive Club e Iberia Plus têm parceria direta com Livelo, com a taxa 2:1, o que daria um CPM mínimo de R$ 70 se considerarmos compras de pontos no programa de recompensas com 50% de desconto (R$ 35). Na outra alternativa, com o compartilhamento de Avios entre Iberia Plus e Executive Club, tem-se um custo levemente melhor considerando o câmbio do momento e a atual promoção Bateu, Ganhou! do Santander, que está dando até 4,5 pontos Esfera por real gasto nos cartões Unlimited Visa Infinite e Mastarcard Black.
Considerando os cartões acima mencionados e a utilização em carteiras digitais com a taxa média de 2,80% para pagamento de boletos, teríamos um CPM aproximado de R$ 34,7 para os pontos Esfera*. Por consequência, devido ao do deságio (2:1) na transferência dos pontos Esfera, os Avios chegam no Iberia Plus/Executive Club com o salgado CPM de R$ 69,40.
*Para o cálculo, foi considerado o dólar oficial do fechamento de 13 de outubro + 6% de spread.
Comparação geral
Como este resgate não apresenta variação em função do sentido da rota, vamos nos limitar a mostrar o resgate one-way, isto é, apenas no sentido de ida.
Smiles (GOL)
Milhas: 30.500
Taxas: R$ 104,12
Além de apresentar um dos menores resgates em milhas, o menor custo médio de geração permite que a Smiles assuma a liderança do comparativo. Apesar da taxa equivalente ao Iberia Plus, o valor final é de longe o melhor para a rota.
AAdvantage (American Airlines)
Milhas: 20.000
Taxas: R$ 29,15
Apesar de também apresentar um valor razoável, não é o melhor uso para os valiosos pontos AAdvantage. Mesmo com o bom valor das taxas, o custo final ainda fica mais elevado que na Smiles.
Executive Club (British Airways)
Milhas: 13.000
Taxas: $ 5,60 (aproxidamente R$ 29)
Apesar de ostentar o melhor valor absoluto em milhas (Avios), o deságio na transferência acaba elevando o custo de geração dos Avios, reduzindo a competitividade do programa.
Comparação efetiva
Como pontuamos no tópico anterior, este resgate não varia em função do sentido da rota, por isso vamos mostrar uma única tabela comparativa para um trecho avulso (one-way). Para calcular uma viagem de ida e volta (round-trip), basta duplicar os valores:
Resgate one-way (só ida)
No comparativo de hoje, reforçarmos o que temos falado nas últimas semanas: avaliar não apenas o valor absoluto de um resgate, mas também os custos e oportunidades de geração das milhas e pontos envolvidos. No caso avaliado, apesar da Smiles não ser o programa que retornou o menor valor em milhas, foi o que apresentou, de longe, o melhor custo final para o resgate.
Vale ressaltar, ainda, que se você tiver status na GOL, terá os benefícios observados ao voar com a American Airlines e vice-versa. Além disso, acaso esteja na mesma situação deste editor – tenha conseguido atingir a categoria Executive Platinum no AAdvantage, em função da utilização do Cartão Santander / AAdvantage® Black, especialmente nas campanhas Bateu, Ganhou – há chance de upgrade no voo. Embora a regra seja expressa que somente se aplica a bilhetes comercializados na própria AA, há relatos de clientes com bilhetes emitidos através da Smiles, que conseguiram referido upgrade.
Fatores a considerar
Custos referenciais variáveis: tenha em mente que os custos de milhas e pontos que adotamos nos nossos cálculos podem variar de usuário para usuário, inclusive em decorrência da utilização eventual de alguns cartões de crédito. Não levamos em conta os diversos leitores que detêm cartões emitidos no mercado internacional, cujos custos teriam outra avaliação;
Falta de uniformidade sobre a definição do custo de milhas e pontos: para a matéria, levamos em conta os custos de geração de milhas e pontos em campanhas promocionais de venda-transferência de pontos. Esteja atento a essas campanhas aqui no PP, de modo a tirar proveito dos menores custos de geração dessas milhas e/ou pontos. Não esqueça, contudo, que há outras formas de considerar esses custos. Muitos consideram “zero” o custo dos pontos gerados no cartão em gastos orgânicos, o que reduz muito o valor médio, a depender do volume de gastos. Particularmente, prefiro ter como referência o custo de geração por meios pagos para o caso de precisar de grande quantidade. Não podemos dizer, entretanto, que uma forma seja mais correta que a outra;
Fique atento ao custo relativo das milhas e a incidência de taxas: Como mostra o comparativo de hoje, fique atento ao custo efetivo das milhas, o que em muitos casos posiciona o programa que exige o maior número de milhas, na primeira colocação. Portanto, sempre leve em conta o valor relativo dessas milhas, além de outros custos incidentes, como taxas de emissão e/ou de combustível;
Outros fatores: além desses fatores, também é prudente levar em consideração se há milhas próximas ao vencimento em algum dos programas em que o resgate é permitido. Adicionalmente, não deixe de avaliar os mecanismos de que você dispõe para repor essas milhas num futuro próximo ou médio. Opte por não utilizar aqueles pontos que já sabe que serão usados em outro resgate.
Comentário
Ter uma visão geral do custo relativo das milhas e pontos é fundamental para avaliar os melhores resgates em cada um dos programas. Quando o resgate é possível em mais de um desses programas, essa comparação se mostra ainda mais relevante para que tenhamos sempre os maiores benefícios no uso eficiente desse ativo de valor, que é nosso acervo de milhas e pontos.
E você, costuma comparar os custos do resgate em cada programa que utiliza? Quais os principais fatores que costuma priorizar?
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