Como você vem acompanhando nas últimas semanas, nesta série estamos comparando os custos de uma emissão para a mesma rota e companhia aérea, considerando o resgate em diversos programas de fidelidade. No post de hoje, faremos uma comparação de resgate para voar na Classe Executiva da Turkish Airlines entre Munique e Zanzibar, com conexão em Istambul, em alguns programas a que temos acesso no Brasil e que mostram opções award para a data pesquisada.
Nas datas pesquisadas, a aeronave escalada para ambos os voos, é o A330, não equipada com a nova cabine de Classe Executiva. Apesar disso, é um bom hard-product, fora a excelência do serviço prestado pela companhia turca, que tem, reconhecidamente, um soft-product acima da média. Aliás, vale ressaltar que, ao longo deste texto, vamos nos referir à empresa como Turkish Airlines, mas recentemente foi anunciado que ela passará a operar com novo nome, Türkiye Hava Yollari, como mostramos aqui no PP.
Muitas vezes, além das milhas em si, há outros fatores que incidem sobre uma emissão, como taxas cobradas pelos próprios programas e companhias aéreas, interferindo diretamente no custo final do resgate. Pensando nisso, criamos esta série, com o objetivo de ajudar você a tomar a melhor decisão na hora de escolher o programa de fidelidade ideal para a sua emissão.
Para esse comparativo, vamos utilizar como referência os programas Smiles, TAP Miles&Go, KrisFlyer, da Singapore Airlines, e MileagePlus, da United Airlines. Embora o TudoAzul tenha parceria com a companhia turca, o site do programa apresentou erro, ao pesquisar o voo, em diversas tentativas, em dias alternados. Por essa razão, ficou fora do comparativo.
Munique para Zanzibar na Classe Executiva da Turkish
Dando sequência à nossa série, hoje vamos comparar resgates para voar em Classe Executiva com a Turkish Airlines entre Munique e Zanzibar. Como dito no começo, utilizaremos quatro programas de fidelidade a que temos acesso no mercado brasileiro.
Programas de fidelidade
- Miles&Go (TAP): o programa da aérea portuguesa é parceiro Star Alliance e utiliza tabela fixa para os resgates com parceiros. Aliás, a rota entre as regiões Europa – África Ocidental, Central e Oriental, é um dos bons sweetspots do programa. Nesse voo, inclusive, está permitindo o resgate online, o que evita a indesejada perda de tempo na central telefônica;
- Smiles (GOL): depois de um período de indisponibilidade, a Smiles voltou a mostrar emissões award com a Turkish Airlines. O programa é parceiro bilateral da Turkish Airlines e não utiliza tabela fixa. Apesar disso, trabalha dentro de “limites informais”, mais ou menos tabelado, por origem e destino, desde que tenha vaga award para a data pesquisada;
- MileagePlus (United Airlines): programa de fidelidade da United Airlines é parceiro direto da Livelo, porém carrega o inconveniente deságio na conversão, já que a paridade de transferência é de 2:1, isto é, a cada 2 pontos Livelo transferidos tem-se apenas 1 milha MileagePlus. Destaque para o fato do programa não repassar as taxas de combustível cobradas por algumas empresas aéreas, dentre as quais a própria Turkish;
- KrisFlyer (Singapore Airlines): o programa de fidelidade da Singapore Airlines foi o último parceiro incluído no Membership Rewards do American Express do Santander e tem bons valores para resgates nos parceiros Star Alliance. Apesar da conversão 1:1 no MR do Amex-Santander, o que é excelente, ainda não há maneiras baratas de gerar milhas KrisFlyer nessa modalidade, uma vez que os cartões não foram incluídos nas últimas companhas Bateu, Ganhou, do banco. Ainda assim, a chegada do KrisFlyer abre espaço para os bons resgates que o programa oferece, tanto para voos próprios quanto para resgates para voar nos parceiros.
Custos de geração das milhas e pontos
O custo relativo das “moedas” envolvidas em cada um destes resgates é de extrema relevância para avaliar os valores finais de cada emissão. Para apurar o CPM [custo para cada mil milhas] em cada um dos programas, vamos levar em consideração as melhores aquisições destes pontos de acordo com as promoções dos últimos meses e com as perspectivas de curto prazo.
TAP Miles&Go
Recentemente, o TAP Miles&Go deixou de fazer as suas usuais promoções agressivas de transferências bonificadas com parceiros financeiros do Brasil. Por exemplo, o bônus máximo da última campanha, não vinculado à compra de pontos, foi de 60% e a oferta não incluía a Livelo, único parceiro em que há como precificar a compra de pontos.
Por tal razão, vamos focar o padrão comparativo no valor das milhas do Club TAP Miles&Go Platinum, que fica em torno de R$ 33,22. Para chegar a esse CPM, consideramos as 108 mil milhas geradas num ciclo de assinatura (12 x 8.000 milhas mensais + 12.000 milhas de bônus de assinatura, fora de campanhas promocionais), face ao custo de R$ 3.588 (10 x R$ 358,80) do Club.
Smiles
Para Smiles, vamos considerar as campanhas de venda de milhas com até 70% de bônus que o programa oferece com certa frequência, que permite reforçar seu saldo com um CPM na casa de R$ 21. Leve em conta, também, que o programa tem feito nos últimos anos, algumas campanhas de transferência bonificada de Livelo e Esfera, com até 100% de bônus, o que permite acessar custos ainda menores de geração.
MileagePlus
Para o MileagePlus, da United Airlines, vamos levar em consideração a custo da geração de pontos Livelo, que transfere para o programa com a taxa 2:1, gerando um CPM mínimo de R$70. Apesar do alto custo ocasionado pelo deságio na transferência, o programa tem resgates muito bons, podendo, em alguns casos, ser vantajoso, inclusive pelo fato de não repasssar as taxas YQ cobradas por algumas empresas.
KrisFlyer
Sobre o KrisFlyer, vale lembrar que desde que o Membership Rewards dos AMEX-Bradesco foi transferido para a Livelo, ficamos sem opções para gerar milhas considerando o mercado doméstico. Todavia, com a recente inclusão do programa de fidelidade no novo MR dos AMEX-Santander, este cenário mudou!
Ainda que a paridade de transferência seja de 1:1, não é possível gerar milhas no programa KrisFlyer de maneira barata, já que, infelizmente, os cartões do Amex-Santander não entraram na última campanha Bateu, Ganhou!. Além disso, cabe ressaltar que não é possível comprar pontos MR, como acontece hoje com o Esfera.
Diante deste cenário, para calcular o custo, iremos considerar como referência a taxa média de 2,80% cobrada pelas carteiras digitais nas transações financeiras utilizando cartão de crédito, além da pontuação do The Platinum Card de 2,2 pontos por dólar. Por consequência, teremos um CPM de, aproximadamente, R$ 68, considerado o dólar oficial do fechamento de 24 de agosto + 6% de spread.
Comparação geral
Como esse resgate não apresenta variação em função do sentido da rota, vamos nos limitar a mostrar o resgate one-way, apenas no sentido de ida.
TAP Miles&Go – Classe Executiva
Milhas: 50.000
Taxas: R$ 1.759,66
Apesar de repassar a taxa de combustível, o TAP Miles&Go tem uma ótima tarifa para a rota, além de ser um programa com um dos mais baixos CPM de geração de milhas. Por isso, para esta emissão, o custo médio do resgate é imbatível.
Smiles (GOL) – Classe Executiva
Milhas: 143.400
Taxas: R$ 1.601,41
Não fosse pelo valor elevado da tarifa em milhas, a Smiles seria inigualável, em vista das facilidade e baixo custo de geração das milhas do programa. Perceba que as taxas YQ estão sendo repassadas integralmente, assim como no M&G (cuja diferença a maior é decorrente da cobrança da taxa de emissão online, de 25 euros).
MileagePlus (United Airlines) – Classe Executiva
Milhas: 60.500
Taxas: US$ 95,90 (R$ 490)
Apesar do deságio, o custo do MileagePlus não é o pior da rota, tendo em vista não repassar o YQ cobrado pela Turkish.
KrisFlyer (Singapore Airlines) – Classe Executiva
Milhas: 60.000
Taxas: €220,04 (R$ 1.118)
Apesar de cobrar apenas parcialmente a taxa YQ, o alto custo de geração, associado ao valor praticamente equivalente ao cobrado pelo MileagePlus em milhas, acaba por deixar o KrisFlyer na lanterna do comparativo para a rota.
Comparação efetiva
Como pontuamos no tópico anterior, esse resgate não varia em função do sentido da rota, por isso vamos mostrar uma única tabela comparativa para um trecho avulso (one-way). Para calcular uma viagem de ida e volta (round-trip), basta duplicar os valores:
Resgate one-way (só ida) Munique – Istambul – Zanzibar (Classe Executiva)
Nesse caso, temos um resultado lógico, em que o programa com o menor custo em milhas, apresenta o melhor custo final para o resgate, o que nem sempre ocorre, com temos mostrado aqui.
*Vale ressaltar que o presente quadro tem finalidade meramente comparativa, não tendo pretensão de mostrar os melhores resgates para a rota. Com esse propósito, apresentamos às sextas-feiras o quadro Resgates de Primeira.
Ressalto, contudo, que essa viagem poderia ser emitida pelo próprio M&G, para voar Ethipoian Airlines, sem a cobrança da pesada taxa YQ, o que significaria um custo final na cada dos 2 mil reais, bem abaixo do voo com a Turkish Ailines.
Fatores a considerar
Custos referenciais variáveis: tenha em mente que os custos de milhas e pontos que adotamos nos nossos cálculos podem variar de usuário para usuário, inclusive em decorrência da utilização eventual de alguns cartões de crédito. Não levamos em conta os diversos leitores que detêm cartões emitidos no mercado internacional, cujos custos teriam outra avaliação;
Falta de uniformidade sobre a definição do custo de milhas e pontos: para a matéria, levamos em conta os custos de geração de milhas e pontos em campanhas promocionais de venda-transferência de pontos. Esteja atento a essas campanhas aqui no PP, de modo a tirar proveito dos menores custos de geração dessas milhas e/ou pontos. Para as milhas KrysFlyer, cujo único meio de acesso no mercado brasileiro é através do Membership Rewards dos cartões Amex Santander, usamos como base as taxas em pagamentos de carteiras digitais. Não esqueça, contudo, que há outras formas de considerar esses custos. Muitos consideram “zero” o custo dos pontos gerados no cartão em gastos orgânicos, o que reduz muito o valor médio, a depender do volume de gastos. Particularmente, prefiro ter como referência o custo de geração por meios pagos para o caso de precisar de grande quantidade. Não podemos dizer, entretanto, que uma forma seja mais correta que a outra;
Fique atento ao custo relativo das milhas e a incidência de taxas: como temos mostrado nesse quadro comparativo, nem sempre o menor número de milhas, representa o menor custo. Portanto, leve em conta, sempre, o valor relativo dessas milhas, além de outros custos incidentes, como taxas de emissão e/ou de combustível;
Outros fatores: além desses fatores, também é prudente levar em consideração se há milhas próximas ao vencimento em algum dos programas em que o resgate é permitido. Adicionalmente, não deixe de avaliar os mecanismos de que você dispõe para repor essas milhas num futuro próximo ou médio. Opte por não utilizar aqueles pontos que já sabe que serão usados em outro resgate.
Comentário
Ter uma visão geral do custo relativo das milhas e pontos é fundamental para avaliar os melhores resgates em cada um dos programas. Quando o resgate é possível em mais de um desses programas, essa comparação se mostra ainda mais relevante para que tenhamos sempre os maiores benefícios no uso eficiente desse ativo de valor, que é nosso acervo de milhas e pontos.
E você, costuma comparar os custos do resgate em cada programa que utiliza? Quais os principais fatores que costuma priorizar?
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