Vale a pena comprar milhas durante a crise do Coronavírus? Vale a pena gastar dinheiro com pontos? Aproveitar as agressivas ofertas de compra de milhas e pontos pode ser muito vantajoso, mas em tempos de coronavírus essa decisão deve ser feita ainda com mais cuidado para não se arrepender depois.
Pensando nisso, preparamos este guia com 10 perguntas que você deve fazer antes de comprar milhas. Vamos lá!
1 – Como está a sua condição financeira?
Como já mostramos neste post, as promoções agressivas já começaram. A American Airlines ofereceu o maior bônus de sua historia na compra de milhas. Algumas empresas brasileiras aumentaram o limite na compra de pontos para 1 milhão de uma só vez. Diversas cias estão vendendo passagens domésticas e internacionais por preços super baratos, inclusive por pontos. A disponibilidades de bilhetes prêmio em Classe Executiva e Primeira Classe por milhas está ficando cada vez melhor (deve aumentar).
O cenário é muito tentador para comprar milhas e aproveitar as promoções, exceto por um detalhe. Estamos mergulhando numa crise econômica e dependendo da sua condição financeira, viagens devem ficar para um segundo plano.
A avaliação da compra nunca deve ser feita por impulso. Avalie se seu perfil financeiro permite gastar dinheiro com milhas no atual cenário.
2 – A empresa de quem estou comprando milhas é solida?
Ainda que sua situação financeira seja boa e te permita comprar milhas neste momento, a da empresa vendedora pode não ser. O setor de viagens está entre os mais afetados e ainda é cedo para saber quem conseguirá atravessar essa crise.
Os governos de alguns países já indicaram que vão oferecer ajuda para o setor e isso é positivo. No Brasil, o governo adotou algumas medidas, dentre elas:
- Extensão do prazo que as companhias possuem para efetuar o reembolso do valor das passagens aos consumidores – 12 meses;
- Postergação das tarifas aeroportuárias (por meio de um decreto);
- Postergação das outorgas dos aeroportos concedidos (uma vez que a receita dos aeroportos também caiu muito).
O governo ressaltou que está à disposição com linhas de crédito de bancos públicos (em negociação), para apoiar com liquidez neste momento de crise. Todas essas medidas ajudam no caixa da empresas e dão mais conforto para enfrentar a crise. Mas nada é garantido.
Programas de fidelidade de instituições financeiras tendem a ser mais seguros por permitirem a transferência de sua “moeda” para outros programas. Além disso, entendo que os principais bancos brasileiros estão bem equipados para enfrentar a crise.
3 – O que vou fazer com as milhas?
Uma vez feitas as duas análises acima, certifique-se de que você tem a resposta da pergunta a seguir na ponta da língua: para que exatamente estou comprando essas milhas? Por mais atrativa que a oferta possa ser, uma compra sem propósito de uso pode ser um erro. Não faça por impulso!
Assim, ainda que não queira utilizar de imediato as milhas que irá receber, tente pelo menos definir qual o propósito da compra: “Emitir uma passagem para a Europa ou para os Estados Unidos fora da alta temporada” seria um exemplo. Isso ajudará a definir tanto a quantidade quanto em que programa vale acumular. Quanto mais alternativas, melhor! Flexibilidade é chave no mundo dos pontos e milhas.
Considere que muitas rotas podem ser afetadas após a situação do coronavírus melhorar.
4 – Qual a disponibilidade para o resgate que desejo?
Antes de efetuar a compra ou transferência de milhas, verifique no programa de fidelidade que vai utilizar se o resgate desejado oferece boa disponibilidade (caso já tenha uma emissão específica como objetivo).
Em caso de passagens aéreas, lembre-se: a disponibilidade por milhas e pontos é diferente da oferta de passagens pagantes. Já no caso de hotéis, pode haver diárias bloqueadas em algumas datas. Tenha também em mente que alguns programas permitem o resgate até o último assento ou quarto disponível.
Entender o que é a precificação dinâmica ou flexível nos programas de fidelidade é imprescindível. O modelo tem crescido e é uma tendência entre os programas de fidelidade.
Por último, considere que entre o momento em que você solicita a compra ou transferência de pontos e o crédito dos mesmos na sua conta, a disponibilidade para seu resgate pode acabar – motivo pelo qual insistimos que ter algumas opções e flexibilidade no uso das milhas é importante na decisão.
Viaje Fácil
Deixo um ponto positivo para Smiles neste quesito. Este programa oferece a possibilidade de emitir a passagem mesmo sem ter as milhas em conta (estratégia “Burn and Earn“). Isso é possível graças ao Viaje Fácil: a melhor funcionalidade do programa na minha opinião. Para entender melhor como funciona e por que ele é útil durante a crise do coronavírus, leia as postagens abaixo:
- Como funciona o Viaje Fácil da Smiles
- Campanha da Smiles “Dê tempo ao tempo” oferece 50% de desconto no Viaje Fácil
5 – Quantas milhas devo comprar ou transferir?
Definindo os pontos dos tópicos de nº 3 e 4, você conseguirá estimar sua necessidade de milhas para o uso desejado. Faça as contas considerando justamente o benefício da promoção para tentar minimizar os “restos” de milhas na sua conta (mas, se acabar sobrando, leia nosso post do que fazer com até 1.000 milhas).
Em geral, os melhores resgates não duram muito. Por isso, tente sempre que possível adotar a estratégia “Earn and Burn”: acumule e gaste (ps: “Earn and Burn” é diferente do “Burn and Earn“, citado no tópico de nº 3). Isso evitará que você termine com pontos insuficientes para o uso desejado em sua conta.
Claro que você também deve levar em conta seu saldo atual de pontos e milhas. De que adianta ter um saldo grande de pontos sem uso? milhas não rendem, pelo contrario – costumam ser desvalorizas com o tempo.
6 – Qual a facilidade para usar essas milhas?
Dê a preferência para comprar e transferir milhas em programas que sejam fáceis de usar. A praticidade na hora do resgate é muito importante: alguns só estão disponíveis para emissões por meio de uma central de atendimento e podem exigir tempo e paciência para serem feitos – especialmente nesta fase em que os call centers estão congestionados!
Outro fator vital a considerar são os usos alternativos desses pontos, caso acabe não conseguindo utilizar para o que havia planejado inicialmente. Ainda que termine não maximizando as milhas, poder ter opções para adquirir produtos, serviços ou até emitir outro tipo de passagem é de grande valor!
7 – Qual o prazo de expiração dessas milhas?
Na grande maioria dos programas, milhas e pontos têm prazo de validade que pode variar dependendo da oferta que os originou.
Verifique as condições do seu programa e da promoção vigente antes de comprar ou transferir – assim você garante que terá tempo hábil de utilizar essas milhas (principalmente caso não tenha um uso de imediato em mente). Vários programas já afrouxaram as regras da validade das milhas durante, ou até mesmo antes, do coronavírus. Veja alguns exemplos abaixo:
- Milhas da United não vão mais expirar
- TudoAzul estende o prazo de validade dos pontos
- American Airlines não terá milhas expiradas em seu programa até julho
Agora, caso você já esteja numa situação em que suas milhas estejam vencendo, confira 5 idéias de uso das milhas a expirar durante o coronavírus.
8 – O Programa de Fidelidade é estável?
Mesmo considerando todos os pontos acima e estando seguro da sua decisão, saiba que os programas de fidelidade podem alterar a qualquer momento as condições de uso dos pontos e milhas.
Procure saber se o programa de fidelidade escolhido costuma fazer alterações em suas regras com aviso prévio satisfatório para que você tenha tempo de agir sem ser prejudicado. Ações do passado podem não ser as mesmas, mas são um bom indicativo.
9 – Estou fazendo o melhor uso das minhas milhas?
Ainda que tudo se encaixe, procure sempre maximizar a utilização dos seus pontos e milhas. Compare os programas de fidelidade e veja aquele que oferece a melhor condição para o uso que deseja – sobretudo no momento da compra das milhas.
Lembre-se de que milhas e pontos são como moedas e cada uma tem seu valor dependendo do uso que você dê a ela. Nossa matéria “Quanto vale uma Milha“ pode ajudar este entendimento.
10 – Compare o custo da passagem pagante com o custo em milhas
Por último, compare o valor que possivelmente gastará em milhas na sua passagem, produto ou serviço com o valor que pagaria em espécie. Como já falamos no tópico de nº 2, as promoções agressivas já começaram para resgate com pontos e para passagens pagantes também! Passagens que sempre foram mais vantajosas com milhas podem não ser as melhores neste momento.
Comentário
São muitas as variáveis envolvidas no momento da decisão e nem sempre será possível acertar todas! Mas sem dúvida sua decisão será muito mais assertiva se você tiver uma resposta clara para cada um dos 10 questionamentos que fizemos acima.
Lembramos que o melhor programa de fidelidade é aquele que atende a sua necessidade atual e tenderá a variar de situação para situação e de pessoa para pessoa.
Na crise podem surgir oportunidades únicas de viajar barato, mas não neste momento. Tudo que falamos é para viagens no futuro, quando a situação estiver melhor. Agora é hora de ficar em casa!
Eu, Ale, pessoalmente estou com um saldo considerável de milhas e estou focado no acumulo de pontos naquilo que não me gera custo direto, mas se tivesse com saldo baixo, certamente avaliaria. Cada um deve considerar a sua situação.
Qualquer dúvida estaremos aqui para ajudá-lo!
Um abraço em nome da nossa equipe.
Ale
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