Hoje no quadro #LeitorDePrimeira, vamos compartilhar um relato de nosso leitor Paulo, que economizou R$ 70 mil reais para voar nas cabines premium de cinco companhias aéreas. Confira!
Relato de Primeira
Olá a todos! Eu me chamo Paulo e, depois de muito ler os relatos de outros viajantes emitindo viagens mundo afora usando as dicas obtidas aqui no PP, venho apresentar a minha “Emissão de Primeira”, cheia de indecisões, persistência, algum planejamento e uma pitada de sorte.
Acredito que tenha chegado aqui no PP pela primeira vez entre 2017 e 2018 e, óbvio, eu me encantei com a possibilidade de viajar pelo mundo de Business ou de First por um valor “possível” para os padrões brasileiros.
Depois de ler muitos artigos e relatos e observar as promoções generosas que a parceria Livelo e TAP Miles&Go ofereciam, optei por assinar o Livelo na modalidade mais básica possível, somente para poder usufruir dos benefícios das bonificações. Fui acumulando milhas em ambos os programas e, eventualmente, comprando milhas na Livelo e transferindo com bônus para o Miles&Go com o intuito de emitir, ao menos, duas idas e voltas de business para a Ásia ou Oceania – quiçá uma Volta ao Mundo (RTW)!
Emissão
Pois bem, chegamos em 2020, minhas milhas no Miles&Go venceriam no final de março e eu seria “obrigado” a emitir as passagens pra não perdâ-las. Porém, todavia, entretanto, na mesma época chegou a pandemia e a TAP abriu a possibilidade de prorrogar por um ano a validade dos pontos assinando qualquer clube deles.
Com o mundo “fechado” e a possibilidade de viagens próximas da nulidade, fui encontrando maneiras de ir “jogando pra frente” estas milhas e assim o fiz, assinando o plano Basic do M&G em 2020 e em 2021, fazendo um upgrade forçado para o plano Extra em 2022. Depois, com as fronteiras reabrindo mundo afora e a benesse da extensão de validade de milhas por um ano restrita ao plano Platinum do Miles&Go ($$$$), minha emissão obrigatoriamente teria que ocorrer até março de 2023.
Aproveitei as festas de final de ano e comecei a procurar no site da United as disponibilidades que se encaixavam em uma pequena “lista de exigências”:
- Queria voar no Upper deck do 747;
- Queria voar o maior tempo possível e na maior quantidade de cias aéreas possíveis;
- A viagem tinha que começar e terminar ainda em janeiro e não poderia durar mais do que 14/15 dias (pois meu filho precisaria ficar aos cuidados de parentes); e
- Por fim queria tentar encaixar um stopover nos EUA (afinal, quem não gosta de um outlet?).
Itinerário
Inicialmente, queria ir de novo para o Japão ou ir para o Vietnã, mas estava difícil casar trechos de ida e de volta dentro do prazo que eu precisava e com alguma antecedência pra poder preparar ao mínimo uma viagem. Como apareciam algumas disponibilidades da Lufthansa no trecho GRU/FRA, comecei a pesquisar no Google Flights para onde eu poderia ir pra Ásia a partir de FRA, sendo um dos destinos possíveis Seul (ICN).
Já tendo desistido do Japão (devido à necessidade de visto e do exíguo período de antecedência que aparecem as disponibilidades), voltei meus esforços para Vietnã e Coreia do Sul. Como o primeiro país era a opção número um, foquei nele até que encontrei uma ida chegando em Ho Chi Min (SGN) e a volta partindo de Hanoi (HAN). Contudo, os voos entre as duas cidades estavam bastante caros para a época, o que acabou de certa forma me desanimando.
Pesquisando mais sobre os destinos e o que havia para fazer no Vietnã, percebi que sairia mais barato comprar o trecho Ho Chi Min – Da Nang – Hanoi do que fazer Ho Chi Min – Hanoi direto. Bingo! Solução encontrada, hora de emitir os bilhetes.
Eis que resolvo dar uma última checada nas disponibilidades antes de começar a saga do 0800 do Miles&Go e para minha tristeza a disponibilidade GRU/SGN havia sumido, inclusive no EF (que eu já havia assinado àquela altura do campeonato). Desanimado com a “puxada de tapete”, tive que me conformar em concentrar os esforços na Coreia do Sul.
Explorando as opções disponíveis no site da United, vi que seria possível voltar de Seul via EUA (uhul!), porém todos os trechos que apareciam ou tinham mais de 3 segmentos ou tinham mudanças de aeroporto no Japão (o que demandava visto e estava fora de cogitação). Na ânsia de encontrar uma solução, me veio à mente que havia outro aeroporto em Seul além de Incheon (ICN), o aeroporto de Gimpo (GMP), e assim comecei as pesquisas de voos da Star Alliance partindo deste aeródromo.
Para minha surpresa e felicidade, conseguia, a partir de GMP, chegar no Japão (sem trocar de aeroporto) e pousar nos EUA em 2 trechos, havendo uma disponibilidade considerável (para a realidade de hoje) de voos da ANA em 777-300 para os EUA, o que significava o magnífico “The Room” da cia japonesa. Os olhos brilharam!
Faltava agora a última peça do quebra cabeça: fazer o stopover nos EUA e chegar no Brasil em somente mais um trecho.
As disponibilidades para os dias que eu tinha disponíveis eram somente para voos destinados a costa oeste (Los Angeles e San Francisco), então era impossível retornar ao Brasil em só mais um trecho. A solução? Fazer um open jaw (comprando uma passagem entre LAX e outro aeroporto que tivesse disponibilidade da América do Norte para o Brasil), o que se materializou com uma econômica (tarifa “X”) disponível de Toronto para GRU com a Air Canada. Sim, era triste pensar em dar quase uma volta ao mundo em executiva e terminar “voltando as origens”, mas era o que tinha!
Peguei o telefone e parti para a saga do 0800 do Miles&Go. Depois de ler dezenas, senão centenas, de relatos já estava com os telefones deles nos EUA e em Portugal, mas resolvei tentar pelo 0800 mesmo e depois de umas 3-4 tentativas tive sucesso na emissão abaixo, que me custou 260.000 milhas e R$ 1.113,80 por passageiro:
Com os bilhetes emitidos, eu tinha agora uma semana para programar tudo e curtir a tão sonhada “quase volta ao mundo” de business, certo? Não, nada nunca é tão simples.
Comprei os bilhetes nacionais para chegar até GRU e o trecho LAX / YYZ usando o portal de benefícios do Vai de Visa (guardem este detalhe) e depois comecei a fazer os procedimentos de providenciar vistos da Coreia (k-ETA) e do Canadá (ETA). A partir daí, uma surpresa: enquanto o ETA do Canadá da minha esposa havia sido aprovado em horas, o meu permanecia “under review” passados mais de um dia desde o envio. O tempo foi passando e duas coisas perturbavam meus pensamentos: a possibilidade de não conseguir embarcar para o Canadá e a vontade de ir para o Vietnã.
Considerando a “nova” realidade, preparei alguns alertas no EF para disponibilidades do Vietnã (a esperança é a última que morre) e comecei a procurar maneiras de voltar, passando pelos EUA, sem passar pelo Canadá. Eis que no dia 09/01, dois dias antes do meu embarque, recebo o e-mail do EF alertando a existência de duas tarifas “I” de GRU pra SGN.
De imediato, confirmo as informações no EF e no site da United. Contudo, ainda que eu tivesse como chegar no Vietnã, a volta permanecia uma incógnita, pois não encontrava voos com disponibilidade saindo dos EUA para o Brasil.
Mesmo assim liguei pro 0800 da TAP e fui atendido por um português abençoado de nome Moises Mateus (ou seria o contrário, não me lembro) que confirmou a disponibilidade dos trechos e me informou que seria possível cancelar o bilhete emitido, mediante “módicos” EUR 280,00.
Eu ainda não tinha decidido se faria isso ou não, porém o atendente disse que deixaria a informação anotada na minha reserva caso eu voltasse a ligar pra TAP para realizar o procedimento. Dado o atendimento excepcional, perguntei se eu não tinha como ligar para o 0800 e pedir para tratar com ele diretamente, o que, infelizmente, não era possível.
Chegamos ao dia 10/11 e, como já tinha virado costume, fui ver se o bendito ETA do Canadá já havia sido aprovado e, NADA. Voltei ao site da United e ao EF e eis que havia surgido uma disponibilidade duas tarifas “I” na United no voo Chicago – São Paulo (ORD/GRU) um dia antes da data que eu pretendia voltar.
Voltei as pesquisas saindo do aeroporto de GMP e consegui encaixar esse voo ORD/GRU com um voo GMP/HND/ORD. Não teria um dia nos EUA, apenas algumas horas, mas era o que eu precisava. Não tive muito o que pensar: era reemitir o bilhete ou cancelar ele, o que inevitavelmente me custaria 280 euros.
Pego o telefone e me preparo para a saga do 0800 do Miles&Go. Para minha surpresa sou atendido logo (deve ter dado uns 10 minutos de espera) e, assim que começo a contar toda história triste para o atendente, ele me larga um “pois acho que eu falei com o senhor ontem, sobre a mudança do bilhete para o Vietnã”. Num golpe do destino, ou de sorte mesmo, a minha ligação caiu com o Moises Mateus e depois de uma hora e vinte minutos de ligação, duzentos e oitenta euros, e mais 260.000 milhas e R$ 875,41 por passageiro, tivemos esse resultado:
Considerando todo o tempo em que tive que assinar os clubes e as milhas compradas, estimo que esses dois bilhetes tenham custado algo entre 12 e 14 mil reais (incluindo as taxas da emissão) para duas pessoas, uma verdadeira fração dos bilhetes pagos. Valores da ida por passageiro:
E da volta:
Uma bela economia, não? No final das contas a reemissão de EUR 280,00, que terminou em R$ 1.768,46 no meu cartão, acabou custando somente R$ 1.291,68, uma vez que a nova emissão gerou uma diferença de R$ 476,78 a menor entre esta e a primeira.
Olhando por outro ponto de vista, por pouco menos de mil e trezentos reais, troquei dez horas de econômica da Air Canada por dez horas de United Polaris, para dois passageiros.
Missões completas
Além disso, consegui completar as seguintes “missões”:
- Voei no Upper deck da queen (pra quem é fã do avião, subir as escadas pro segundo andar e viajar lá não tem preço);
- Comecei e terminei a viagem cumprindo os prazos estipulados;
- Dei uma volta ao redor do nosso planetinha azul voando só de biz (foi mal ai Air Canada);
- Voei no The Room da ANA (absolutamente espetacular);
- Fiz minhas compras nos EUA;
- Experimentei quatro tipos de cabines diferentes, em 5 cias aéreas diferentes;
- Conheci o aeroporto de Istambul e o famoso lounge da Turkish.
Como assim cinco cias aéreas e parada no aeroporto de Istambul, se o bilhete só tinha Lufthansa, Asiana, ANA e United?
Pois é meus caros, se a vida te envia limões, faça uma limonada ou uma caipirinha. O voo LH106, de Frankfurt pra Munique atrasou quase três horas, o que resultou na perda da conexão pro voo Munique – Seul.
Para não perder um dia da já exígua viagem, embarcando no mesmo voo no dia seguinte, consegui que me colocassem nos voos da Turkish de Munique pra Istambul e de lá para Seul. Isso permitiu que eu voasse em uma cabine diferente (no A330 e no 777 a cabine da Turkish é a mesma), que, apesar de datada, teve um ótimo serviço de bordo e de catering.
Me aproximando do final do relato ainda sobraram duas coisas em aberto: a passagem LAX/YYZ que eu havia comprado (lembram?) e o bendito ETA do Canadá.
A passagem LAX/YYZ me custou pouco mais de 2 mil reais (para os dois passageiros) e tinha sido comprada na tarifa não reembolsável. Já havia me conformado em “morrer” com essa grana, mas, quando entrei no Vai de Visa, procurei o bilhete e pedi o cancelamento (vai que cola, né?). Para minha surpresa, apesar de já fazerem muito mais de 24 horas que eu tinha comprado a passagem, o valor foi estornado integralmente no cartão. Se foi devido ao fato de ter comprado no VdV ou não eu não sei, mas fica a dica!
O ETA do Canadá, bem, no dia em que escrevo já se passaram mais de 20 dias desde o envio e eu continuo “under review”.
Peço desculpas se o relato ficou muito longo – e olha que eu cortei bastante coisa! Agradeço profundamente o pessoal do PP e toda comunidade que interage com os posts (aprendi muito lendo matérias e comentários) e me despeço com os seguintes insights:
- Não desista de procurar os trechos que você deseja, seja via site da United ou usando o EF, eu tentei até o dia do embarque da volta encontrar disponibilidade da United pro dia seguinte ao que estava marcado, mesmo eu não tendo conseguido, você pode conseguir;
- Se tiver assinado o EF, crie alertas pros voos que você deseja;
- Seja flexível, eu mudei muita coisa somente pra conseguir voar no The Room e valeu muito a pena;
- Tenha um Everest de paciência com o call center do M&G e pratique o mencionado HUCA (Hang Up Call Again) relatado pelo pessoal do PP. Pra vocês terem uma ideia, teve um atendente (brasileiro) que disse que eu não podia emitir o trecho GRU/FRA/MUC/ICN pois eu não poderia ir pra Asia via Europa, somente via África (mas hein???). Além disso, teve um dia que em quatro ou cinco ligações, depois de esperar mais de 20-30 min, o sistema no meio da ligação ou da espera me mandava pra avaliação de atendimento e encerrava a ligação.
- Seja justo e reconheça aqueles que te ajudam na jornada. Eu fiz questão de mandar um elogio pro Moises Mateus no site da TAP.
- Aproveite a sua viagem, pois no final todo esforço e desgaste se pagam quando você chega no finger e o(a) comissário(a) te dizem: “O seu assento é do lado esquerdo senhor(a)”, a menos, claro, que você esteja embarcando da primeira porta do avião.”
Comentário
Que belo relato, Paulo! Ficamos muito felizes que o conteúdo por nós publicado pode ajudar você a cumprir suas “missões” e curtido as cabines das 5 companhias aéreas que você voou.
Nós agradecemos por compartilhar sua experiência conosco e também agradecemos pelas palavras enviadas no final do relato. Realmente, se nos empenhamos com uma emissão ela vai dar certo.
Well done! 👏🏼
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